Confira o que aconteceu no 2º dia de programação nos Auditórios Técnicos do FIEC Summit 2024
A tarde desta terça-feira, 13/08, seguiu com a programação de palestras nos auditórios técnicos desta 3ª edição do FIEC Summit 2024. Confira:
Auditório Técnico A
Logo no início da tarde, dividiram o palco representantes de duas grandes instituições públicas de ensino superior no Ceará: Carla Andrade, pesquisadora e professora da Universidade Federal (UFC) e Mona Lisa Moura, pesquisadora e professora da Universidade Estadual (UECE). Os temas abordados foram: “Pesquisas com Energia Eólica no contexto do Hidrogênio Verde” e “Desenvolvimento tecnológico da cadeia produtiva do Hidrogênio Verde no Ceará: Produção de bioinsumos e combustíveis renováveis”.
Andrade mostrou que, na UFC, há uma estrutura de laboratórios que permite a criação de protótipos de pás eólicas que são usados em pesquisas. Também é estudado o uso de biomassa, como a casa de coco, para a produção de pás eólicas que podem ser usadas nas turbinas de geração de energia. Isso considera a informação dada por Mona Lisa, de que o Brasil é o 5º maior produtor de coco do mundo, e o Ceará é o maior da América Latina.
A simulação do funcionamento dos equipamentos, com o uso de um túnel de vento, é feita em laboratórios da UECE. A energia produzida é retida em um acumulador, onde acontece também a eletrólise, seguida da produção de hidrogênio verde. A água utilizada nos experimentos é de efluentes industriais. Ainda nos estudos está inclusa a manutenção das pás eólicas, além de outros projetos.
Moura reforçou o assunto da produção de biomassa para a fabricação de insumos e novos produtos que devem alimentar a cadeia de hidrogênio verde e outros setores - a exemplo de biocombustíveis, bioenergias, biopolímeros, produtos farmacêuticos, cosméticos e de higiene, além de biofertilizantes e biopesticidas.
Segundo ela, a produção de biomassa residual permite a redução da dependência de combustíveis fósseis e emissões de gases de efeito estufa, além da geração de novos negócios e empregos e a redução da poluição.
Moura também citou outro projeto importante, que está em desenvolvimento nas universidades, que usa reatores de reforma a vapor de glicerol e biometano. O Ceará é o primeiro estado brasileiro, segundo ela, a injetar na rede de gás natural o biometano oriundo de resíduos orgânicos (lixo).
Em seguida, foi apresentada a palestra “Garantindo a Sustentabilidade: Inspeção e Manutenção de Windfarms Offshore com ROVs (submarinos pilotados remotamente)”, apresentada pelo Coordenador de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) na Alpha Subsea, Mário Eduardo Camargo de Lima. O uso de submarinos para inspecionar parques eólicos instalados no mar, segundo Lima, reduz os custos operacionais e serve para averiguar: a integridade estrutural, as condições dos cabos submarinos, o monitoramento de bioincrustação (vida marinha, corais etc), a checagem de equipamentos e componentes submersos, a detecção de vazamentos e a inspeção de soldas. Todo esse trabalho reduz riscos humanos e a emissão de carbono, garante a sustentabilidade dos investimentos e a manutenção das certificações.
Na sequência, os presentes assistiram à palestra “H2Brasil - Desenvolvimentos relacionados à transição energética na Europa e no mundo”, gravada por Marc Bovenschulte - Membro da diretoria do Instituto de Inovação e Tecnologia do Institut Für Innovation und Technik (IIT, em Berlim, Alemanha).
Com o tema “Planejamento da infraestrutura do PoR, suas interligações para distribuição na EU”, a palestra seguinte foi proferida por Duna Uribe - Desenvolvedora de Negócios Sênior de amônia limpa no Porto de Rotterdam. O foco da apresentação recaiu sobre a logística da amônia verde para a Europa, via Porto de Rotterdam, para a importação de hidrogênio verde. Uribe enfatizou que aquele porto tem metas estabelecidas de descarbonização de seus processo: até 2030, pretende reduzir em 55% sua emissão de CO2 (o que equivale a algo em torno de 9 a 10 milhões de toneladas de gás carbônico), chegando à neutralidade em 2050.
O Brasil (e mais especificamente o Ceará) é o ponto principal de onde a Europa pretende importar o hidrogênio, via marítima, com o uso da amônia liquefeita. O Porto de Rotterdam, na Holanda, já possui infraestrutura para receber a amônia, estocá-la e transferi-la a outros pontos do continente europeu.
Outra tema relevante debatido no Auditório Técnico A do FIEC Summit foi “Políticas Públicas para Promover a Adoção do H2V, Impulsionar a Inovação Tecnológica e Reduzir as Emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE)”, trazido à programação pela Líder do projeto colaborativo entre a Secretaria Estadual do Meio Ambiente (SEMA) e a Secretaria Estadual da Fazenda (SEFAZ) para criação de um Selo Fiscal Verde para os contribuintes do Plano ABC+ CE, Erika Carleti, acompanhada pela Coordenadora do grupo de pesquisa nacional sobre ESG do COMSEFAZ (Comitê Nacional de Secretários de Fazenda, Finanças, Receita ou Tributação dos Estados e do Distrito Federal), Célia Maria SIlva Carvalho.
O Gerente Geral de Unidade, responsável pelo Prot & Loss de Power Consulting na América Latina da Hitachi Energy, Luis Meca, foi o palestrante seguinte, sob o tema “Estudos de Viabilidade Técnico-Econômica para Projetos de Hidrogênio Verde”.
Ainda no mesmo auditório, o Gerente do Observatório da Indústria do Sistema FIEC, Guilherme Muchale, falou ao público sobre “A Contribuição do Observatório da Indústria para a Consolidação do Ambiente de Negócios das energias renováveis e o Hidrogênio
Verde no Ceará”.
O encerramento da programação do Auditório A foi compartilhado entre Paulo Henrique Pereira da Silva – Professor da Universidade de Fortaleza (UNIFOR) e Edilson Mineiro – Professor no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE)
Auditório Técnico B
Simultaneamente, o Auditório Técnico B também recebeu uma programação diversificada, iniciada com a palestra “Competitividade e desafios para o financiamento de projetos de H2 renovável”, com o Sócio-diretor da Watt Capital e cofundador e coordenador da Força-Tarefa de Hidrogênio Verde da ABSOLAR, Eduardo Tobias.
Segundo Eduardo, o Brasil tem recursos renováveis competitivos e abundantes para que seja um dos países a produzir hidrogênio renovável mais barato, mas há desafios, como a própria competitividade em relação a outras economias locais, e também em financiamento de projetos.
Em seguida, o Gerente de Infraestrutura e Coprodutos na ArcelorMittal Pecém, Alex Nascimento, apresentou a palestra “A Importância do Negócio Coprodutos”, como é o caso de briquetes metálicos utilizando sucata; da construção de blocos “lego”, para uso em baias divisórias, muros e outras aplicações; o desenvolvimento de tetrápodes (blocos geométricos) para a proteção costeira, evitando a erosão causada pelo mar; entre outras soluções.
Na sequência, o Diretor Técnico & Operações na M Dias Branco, Sidney Leite, apresentou “A jornada da descarbonização da M. Dias Branco”, mostrando o plano diretor da empresa para reduzir os impactos ambientais de suas atividades, como o Programa “Descarbonize”, que trata desde a transição para uma matriz elétrica renovável ao desenvolvimento de operações sustentáveis na logística.
A palestra seguinte foi proferida por Ansgar Pinkowski, Fundador da Agência Neue Wege, sob o tema “Atualizações e desafios do mercado de off-taking na Europa”.
No mesmo palco, o Coordenador do Output 05 do H2Brasil e Assessor Técnico do H2Uppp, Marcos de Oliveira Costa, apresentou sua palestra “Solução Digital da GIZ/SAP para a Certificação do Hidrogênio no Brasil”. Oliveira falou sobre o Estudo “Aplicação de sistemas internacionais de certificação de hidrogênio em projetos brasileiros”, da H2Brasil, que analisou esses sistemas e suas adaptações necessárias para implementar os certificados em projetos no Brasil. Comentou também sobre o projeto H2Uppp, um programa que monitora e apoia esforços para impulsionar o Hidrogênio Verde e o mercado Power-to-X (PtX) em países emergentes e em desenvolvimento, em cooperação com o setor privado. Este programa é uma iniciativa do Ministério da Economia e Ação Climática da Alemanha, implementado pela GIZ (Agência Alemã de Cooperação Internacional), em parceria com as Câmaras de Comércio Alemãs (AHKs), associações comerciais, empresas locais e internacionais.
A digitalização de processos de certificação permite, segundo Marcos, superar fragilidades processuais, diminuir o nível de complexidade do fornecimento de dados e informações, garantir eficiência e segurança no processo e integrar diversos esquemas de certificação existentes.
Com o tema “Hubs de energia - a experiência da BP”, apresentou-se Adriano Burger, Diretor de Desenvolvimento de Negócios e Integração para a BP no Brasil.
E, encerrando a programação, o público assistiu a um bate-papo entre os representantes da Alpha Subsea, Mário Eduardo Camargo de Lima e Gabriel Rosa (CEO), sobre operações submarinas e sua importância para o Ceará.
Fotos: Chico Gadelha/FIEC
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