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Confira o que aconteceu no 1º dia de programação do Auditório Plenário do FIEC Summit 2024

12/08/2024 - 19h08

Na tarde desta segunda-feira, 12/08, o início da programação do auditório principal do FIEC Summit 2024 contou com a palestra magna do Diretor de Novos Negócios da Autoridade Portuária de Rotterdam, Nico van Dooren. Em pauta, o HUB do Hidrogênio Verde na Europa. Dooren apresentou a infraestrutura atual de produção de hidrogênio com baixa emissão de poluentes no continente europeu, baseada, segundo ele, em quatro importantes pilares: 1 - Desenvolvimento de infraestrutura no porto de Rotterdam, para elevar o nível de eficiência, e conectando-o a outras áreas, como jazidas offshore (usinas eólicas no mar) e outros países; 2 - Distanciamento do petróleo e do gás como fontes de energia; 3 - Distamento do petróleo e gás como matéria-prima da indústria petroquímica; 4 - E o transportar de forma ecologicamente limpa.

Uma das principais metas que têm sido alcançadas é a redução das emissões de CO2 no porto de Rotterdam, entre 2016 e 2030. Segundo Dooren, com um grande potencial de produção, o Brasil pode suprir cerca de 25% das demandas de hidrogênio verde da Europa.

Em seguida, o auditório Plenário recebeu o Painel “Descarbonização dos setores - Aço, fertilizantes e cimento”, com moderação da CEO da Associação Brasileira da Indústria do Hidrogênio Verde, Fernanda Delgado, e participação dos seguintes palestrantes: Rodrigo Santana, Diretor de Operações e Desenvolvimento de Negócios da Atlas Agro Fertilizantes; Christiano Brandão, Gerente Corporativo de Licenciamento, Meio Ambiente,Gestão Fundiária e Direitos Minerários da Galvani Fertilizantes; Guilherme Ricci, Diretor de Negócios e Energia Limpa da White Martins; Sérgio de Carvalho Maurício, CEO da Cimento Apodi; e Wellington Guidoni, CTO da ArcelorMittar Pecém.

Christiano Brandão (Galvani Fertilizantes) falou sobre o Projeto Santa Quitéria, no município de Santa Quitéria, interior do Ceará, complexo mineral que se encontra em processo de licenciamento prévio pelo IBAMA e licenciamento nuclear, pela Comissão Nacional de Energia Nuclear. O projeto envolve a lavra e o beneficiamento do minério colofanito (associação de fosfato e urânio), visando a produção de produtos fosfatados e concentrados de urânio.

A Galvani, segundo Brandão, é a empresa líder na produção de fertilizantes na região conhecida como “MATOPIBA”, que compreende os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. A indústria de fertilizantes está diretamente ligada à produção de carne e grãos, no país, e Christiano defende que o Brasil tem um enorme potencial de aumentar sua produtividade em alimentos. Mas, para isso, a indústria de fertilizantes precisa crescer, reduzindo sua dependência de importação.

Dados apresentados pelo palestrante indicam que mais de 20 países vão necessitar de geração de energia nuclear para neutralizar as emissões de gases de efeito estufa, até 2050, incluindo Canadá, Estados Unidos da América, Suécia e Reino Unido. Atualmente, o Brasil depende da importação de urânio para o abastecimento das usinas nucleares Angra 1 e Angra 2. O projeto Santa Quitéria conseguiria extrair urânio suficiente para abastecer as usinas existentes e muitas outras.

Christiano enfatizou o trabalho desenvolvido pelo Observatório da Indústria da FIEC, na avaliação de impactos da mineração de urânio no Ceará: “Eu destaco o trabalho extraordinário feito pelo Observatório da Indústria, da Federação das Indústrias do Ceará, que consegue revelar um pouco do impacto, do rebatimento positivo desse projeto [de Santa Quitéria], no que diz respeito à geração de emprego, renda e todo o PIB dessa região”, comentou.

O representante da White Martins, Guilherme Ricci, explicou como a empresa do Grupo Linde, especializada na produção de gases industriais e medicinais, pode ajudar indústrias a reduzirem as emissões de gases de efeito estufa. A White Martins trabalha com produção, processamento, envasamento, liquefação, manutenção e distribuição de hidrogênio há mais de 40 anos. O automóvel Mirai, da Toyota, que está em exposição no FIEC Summit 2024, é movido a hidrogênio produzido no Brasil, pela White Martins.

A amônia é uma das principais matérias-primas de fertilizantes. Ricci explicou as diferentes nomenclaturas que definem o quão ecológicos são os processos de amônia, desde o mais poluente (cinza) ao menos poluente (verde).

Além disso, o palestrante também citou casos mundiais de indústrias que estão investindo em uso de hidrogênio para a descarbonização de seus processos produtivos, como a siderurgia.

Rodrigo Santana, da Atlas Agro Fertilizantes, comentou sobre o potencial do Brasil em produzir fertilizantes nitrogenados “verdes”. A empresa tem sede em Zug, na Suíça, e pretende atuar na descarbonização da indústria de fertilizantes nitrogenados, responsável por 2% da emissão de CO2 no mundo.

Atualmente, o gás natural e o carvão mineral são as fontes de energia para a produção de fertilizantes, no mundo, gerando uma emissão de gás carbônico equiparada à produção à da aviação mundial. Este dado é relevante para o Brasil, que importa cerca de 95% dos fertilizantes nitrogenados (12 milhões de toneladas por ano). O processo de importação resulta numa frequente série de atrasos no fornecimento, principalmente devido à logística.

O projeto da Atlas Agro é produzir de Nitrato de Amônio “verde”, com o uso de energia renovável. A empresa pretende produzir, em sua planta montada em Uberaba (MG), 500 mil toneladas de fertilizantes nitrogenados para atender à demanda de estados como Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais e São Paulo - cerca de 4% da demanda brasileira. Com isso, segundo ele, a meta é reduzir à pegada de carbono de sua produção entre 50% e 60%.

Sérgio de Carvalho Maurício (Cimento Apodi) falou sobre o setor de cimento. Segundo ele, o concreto é 2º produto mais produzido e consumido no mundo, ficando apenas atrás da água. Segundo ele, no Brasil, a indústria é responsável por 10% da emissão de CO2 - dos quais 2,3% são originados da produção de cimento.

Por conta disso, a Apodi tem definido estratégias para descarbonizar sua produção, como usar centrais misturadoras de concreto, trocar a frota de caminhões betoneiras, reduzir as variações de resultados, diminuir o desperdício e otimizar a matriz energética, entre outras medidas.

Além disso, citou o Apodi Expert, um centro de referência de desenvolvimento de tecnologia para o concreto, visando menor consumo de cimento e concreto, otimização de traço e redução de desperdício, dando suporte à indústria da construção, para o uso de produtos de alta performance.

Wellington Guidoni, apresentou a estratégia de descarbonização da ArcelorMittal Pecém, empresa líder mundial em aço e mineração, presente em 60 países, principalmente na Europa. com clientes em 140 países. A ArcelorMittal produz, no Brasil, 15,5 milhões de toneladas de aço bruto e 5,1 milhões de toneladas de minério de ferro. Apenas na planta em atividade no Pecém, no Ceará, são produzidas anualmente 3 milhões de toneladas de placas de aço. Isso é responsável pela emissão de 4% dos gases de efeito estufa em nosso país, e 7% no mundo.

Em sua estratégia de descarbonização, que pretende reduzir 25% de suas emissões de CO2, até 2030 (e alcançar a neutralidade, até 2050), a empresa busca investir progressivamente em uso de energias renováveis; adaptações tecnológicas; captura, armazenamento e uso de carbono; e transformação tecnológica (100% de uso de hidrogênio e fornos elétricos).

A programação seguiu com a segunda palestra magna, proferida pelo Gerente de Negócios Industriais da ABB para Hidrogênio e PtX, Jorge Batarce, sobre os desafios da produção de hidrogênio verde, com o uso de energias renováveis.

Batarce demonstrou um mapa comparativo entre países que têm maior potencial de produção de hidrogênio verde e enfatizou que “o Brasil realmente tem um ótimo equilíbrio entre potencial e infraestrutura instalada, que permite o avanço dessa indústria do H2V, em relação a outros países. O Chile, por exemplo, tem uma ótima produção eólica, mas não possui uma rede de distribuição em escala giga”, comentou.

Em atuação global, a ABB presta diversos serviços a industriais e investidores, como assessoria para tomadas de decisões.

Na sequência, sob moderação do Gerente do Observatório da Indústria do Sistema FIEC, Guilherme Muchale, foi apresentado o painel “Financiamento de Projetos da Transição Energética”, com a participação de: Carlos Antonio Costa, Economista sênior de energia do Banco Mundial; Guilherme Oliveira Arantes, Gerente do Departamento de Energia Elétrica do BNDES; José Aldemir Freire, Diretor de Planejamento do Banco do Nordeste do Brasil S/A; e Ronny Peterson, Head Corporativo - Construção Civil, Agronegócio, Infraestrutura e Large Corporate da Caixa Econômica Federal;

E, por fim, finalizando a programação do Auditório Plenário, houve a apresentação do painel “Geração, Transmissão e Armazenamento de Energia”. Sob moderação do Presidente do Sindienergia-CE e CEO da B&Q Energia, Luis Carlos Queiroz, participaram: Elbia Gannoum, CEO da Associação Brasileira de Energia Eólica e Novas Tecnologias (ABEEólica); Ítalo Tadeu de Carvalho Freitas Filho, Vice-Presidente de Comercialização e Soluções em Energia da Eletrobras; e Marília Rabassa, Coordenadora do Grupo de Trabalho de Hidrogênio Verde da Absolar.

 

 

 

Fotos: Laura Guerreiro/FIEC

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