[Discurso] Jorge Parente Frota Júnior

DISCURSO PROFERIDO PELO PRESIDENTE DA FIEC, DR. JORGE PARENTE FROTA JÚNIOR, QUANDO AGRACIADO COM  A  MEDALHA BOTICÁRIO FERREIRA, NA CÂMARA MUNICIPAL DE FORTALEZA.
Fortaleza, 20/09/2001.

Ao tomar a iniciativa para indicar meu nome a fim de ser agraciado com a Medalha Boticário Ferreira, o Vereador Narcílio Andrade considerou, sem dúvida, que o Patrono da medalha, ele e eu estamos unidos pelo atributo comum de um GRANDE AMOR POR FORTALEZA.
Expresso, a todos os Senhores Vereadores, o mais profundo reconhecimento pela distinção que nesta solenidade me conferem. E destaco a especial gentileza dos pares desta Casa, ao me proporcionarem a felicidade de receber a medalha das mãos de minha mãe.
Retorno, uma vez mais, à pessoa do Vereador Narcílio Andrade. Estamos unidos por uma amizade, que vem desde os tempos da minha primeira juventude. O mesmo clima de bom relacionamento uniu nossos pais. O Sr. Galdino Andrade, pai do Narcílio, era comerciante em Juatama, Quixadá, enquanto que meu pai, o Agrônomo Jorge Parente Frota, dirigia a Fazenda Iracema, centro de fomento e pesquisas agropecuárias naquele Município. O exemplo deles continua em nós.
É bem verdade ser impossível obter a unanimidade ao se empreender um trabalho em prol da coletividade. A Câmara Municipal de Fortaleza está neste contexto. Aproveito, pois, o ensejo, para expressar o devido agradecimento às contribuições efetivas que esta Casa tem oferecido, visando ao desenvolvimento da nossa cidade. Em especial, louvo a iniciativa em abolir o voto secreto. Nossa Câmara de Vereadores ganha maior transparência ao adotar essa prática, que merece ser seguida pelos demais órgãos de representação da sociedade, em todas as instâncias do Poder Legislativo.
Não posso me omitir diante dos momentos difíceis que ora atravessamos. O mundo vive um clima de grande apreensão. Os lamentáveis atos de terrorismo ocorridos nos Estados Unidos repercutem como ameaça de terror, que pode eclodir em qualquer lugar. O cenário que se delineia revela que as relações interpessoais, entre as etnias, entre as nações e entre os grandes blocos econômicos serão bastante diferenciadas do que vinham sendo até bem poucos dias atrás. Esperemos e confiemos que novas condições de equilíbrio sejam encontradas no mais curto prazo possível.
Confesso que ao ser agraciado com a Medalha Boticário Ferreira tenho consciência de estar assumindo uma responsabilidade ainda maior em dar continuidade ao trabalho que o Patrono da comenda empreendeu em nosso meio.
Visualizo a personalidade do Boticário Antônio Rodrigues Ferreira no seu tempo e no futuro da cidade à qual ele tanto se dedicou. Se fosse um cidadão do final do século XX e início do século XXI, a abrangência do seu interesse não se resumiria apenas à capital do Ceará. Certamente se estenderia a toda a sua Região Metropolitana. Contudo, o conceito de Região Metropolitana era desconhecido no meio intelectual cearense da primeira metade do século XIX. E foi justamente então, entre 1825 e 1849, que aqui viveu esse grande fortalezense por adesão consciente, uma vez que nasceu na Vila Real da Praia Grande, hoje Niterói, no Estado do Rio de Janeiro.
Primeiramente líder da sociedade civil e logo depois líder político, o município permaneceu sempre como sua área de opção para atuar. Eleito Vereador, veio a presidir por repetidas vezes a Câmara Municipal. Nela o Boticário Ferreira revelou-se também um notável urbanista. Retificou ruas antigas, abriu outras, construiu praças, levantou a planta urbana da cidade. Em síntese, assentou as bases para o crescimento de Fortaleza. A grande metrópole dos tempos atuais ainda guarda marcos significativos do seu trabalho.
Fortaleza daquele tempo era uma pacata cidade, com população em torno de 30.000 habitantes. Pequena, estava isolada de Mecejana e Parangaba, que hoje integram o espaço territorial urbano da capital. Caucaia, Aquiraz, Maranguape e Pacatuba eram núcleos populacionais relativamente distantes. Os deslocamentos até lá demandavam horas, em caminhos estreitos, percorridos quase sempre sob um sol escaldante. Dos demais municípios que hoje integram a Região Metropolitana, a importância e o distanciamento configuravam-se bastante distintos do que atualmente se observa. Maracanaú, atualmente nosso principal distrito industrial, era um simples povoado.
O Boticário Ferreira foi um cidadão consciente das suas responsabilidades sociais no espaço concreto que teve em volta de si. Sob esta ótica é válido deduzir a afirmação feita no início, de que suas responsabilidades alcançariam limites mais amplos, se assim fosse a configuração urbana do tempo em que exercitou a liderança em benefício do meio que o acolheu.
O Plano Estratégico da Região Metropolitana de Fortaleza – PLANEFOR imprime novas dimensões aos ideais do Boticário. A nossa configuração urbana não mais se restringe às poucas quadras que abrigavam os 30.000 habitantes da Fortaleza de século e meio atrás. Agigantou-se para formar um conglomerado interativo de 13 municípios, com uma população de 3.000.000 de habitantes. Por abranger uma vasta área geográfica e uma grande população, o PLANEFOR utiliza uma metodologia inovadora em relação aos padrões clássicos de planejamento.
Fundamenta-se em trabalho realizado com sucesso em mais de cinqüenta regiões semelhantes, em diversos países, a partir da experiência pioneira posta em prática na cidade de Barcelona, na Espanha. A metodologia incorpora e concretiza três conceitos básicos, sendo importante relembra-los aqui: Participação, que legitima a construção da RMF através de seus cidadãos. “Fazer acontecer”, que projeta e impulsiona a implementação do que seja viável e prioritário na visão dos grupos sociais participantes. Comunicação, que promove a interação com a comunidade, a fim de obter o envolvimento e o comprometimento dos cidadãos e das organizações.
Animado por seus princípios básicos, o PLANEFOR mobiliza a comunidade para, em um exercício de cidadania, manifestar seus anseios e sonhos sobre a RMF que queremos construir. Visando a concretização das idéias debatidas e assumidas, contribui com o governo estadual e governos municipais, no planejamento do contexto metropolitano. Assim atuando, projeta a RMF para um crescimento intencional, conciliando o desenvolvimento econômico com a elevação da qualidade de vida de seus habitantes. Em síntese, busca a eficácia nos investimentos, definindo prioridades na implementação dos projetos e estimulando a convergência das ações empreendidas pelos distintos agentes urbanos.
Destaco entre os 146 projetos do PLANEFOR, os mais relevantes no momento: Fórum Metropolitano de Arte e Cultura, Fortaleza Capital da Melhor Idade, Política e Plano Habitacional para a RMF e o Conselho da RMF que o faz diferenciar dos demais planos estratégicos existentes no mundo.
Tendo iniciado em 1997, é expressivo registrar a mobilização de mais de 2.500 participantes, que já ofereceram ao Plano e à sociedade mais de 16.000 horas de trabalho voluntário. Seu sucesso é evidente.
Em harmonia com as concepções inovadoras do Plano, o Estatuto da Cidade, que regerá o crescimento ordenado de Fortaleza, surge como um marco que baliza as relações entre a sociedade e seus representantes no Legislativo e no Executivo do Município. Assinalando sua entrada em execução, em outubro próximo será realizado o Seminário da Cidade, promovido por esta nossa Câmara de Vereadores, com apoio do PLANEFOR.
Por sua vez, a FIEC, participante do grupo inicial de entidades fundadoras do PLANEFOR, alcança em suas ações o espaço da capital cearense e do seu entorno metropolitano. No Sistema por ela liderado, o SESI executa projetos nas áreas de ensino fundamental, de educação de adultos, de alimentação, de assistência médica, odontológica e social, de lazer e de cultura. Sua atuação alcança diretamente a qualidade de vida das pessoas que atende. No mesmo Sistema, o SENAI, ao qualificar pessoas em diversificadas áreas de trabalho especializado, contribui para a elevação da renda familiar e, por extensão, também para a elevação da qualidade de vida.
Não apenas isto. O Sistema FIEC ocupa espaços adicionais na promoção da sociedade na qual se acha inserida. Exemplo expressivo está registrado na memória de sua atuação no atendimento às vítimas das enchentes que atingiram Fortaleza no início deste ano. Recebeu expressivo apoio do Exército Brasileiro, através do Comando da 10ª Região Militar, e manteve articulações com outras entidades de classe e com a Defesa Civil do Município.
Acima de tudo, o SFIEC, assim como o PLANEFOR, valorizam a consciência de que a construção da sociedade não se expressa no somatório de ações isoladas. A construção do social é coletiva a partir do início e em todas as suas etapas. Na perspectiva deste enfoque, interage com todas as esferas de governo, com as demais entidades de classe, com as universidades e entidades culturais, de igual modo, com as diversas representações da sociedade civil.
Concluo registrando a idéia feliz de constituir a Praça do Ferreira como ícone da cidade. Ganham relevo perene o espaço público e o líder que lhe deu o nome. O esforço e a dedicação do Boticário Antônio Rodrigues Ferreira em prol da cidade fazem despertar a consciência de oferecermos também a nossa colaboração. E essa mesma consciência deverá alcançar as gerações futuras.
Renovo os agradecimentos pela concessão que me é feita, da Medalha Boticário Ferreira. Contudo, coerente com a visão social que anima o meu trabalho, compartilho a comenda com meus familiares, os amigos, os colegas empresários e os colaboradores aos quais tenho estado unido pelos mesmos ideais. A visão do bem comum que motivou as ações do Patrono da medalha permanecerá viva através do estímulo ao trabalho que ora é empreendido em benefício de Fortaleza, estendendo-se a toda a Região Metropolitana que a ela se integra.
Muito obrigado.

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