PALESTRA DE ABERTURA DO PRESIDENTE DA FIEC, DR. JORGE PARENTE FROTA JÚNIOR ,POR OCASIÃO DO SEMINÁRIO “AMAZÔNIA É VIDA. AMAZÔNIA É BRASIL”.
AUDITÓRIO WALDYR DIOGO DE SIQUEIRA - FIEC .
Fortaleza, 24.09.2001.
Bom dia a todos.
Queria saudar as autoridades aqui presentes: as autoridades civis; o Senador Lúcio Alcântara, que nos honra com sua presença; as autoridades militares na pessoa do General Guilherme de Figueiredo, Comandante Militar da Amazônia, que também nos honra com sua presença; as autoridades acadêmicas na pessoa do Reitor Roberto Cláudio Frota Bezerra, da Universidade Federal do Ceará; a todos os empresários na pessoa do empresário Yvens Dias Branco; e as demais autoridades, eu saudaria na pessoa do Coronel Adauto Bezerra, ex-governador do Estado do Ceará.
Minhas Senhoras e meus Senhores.
Devo dizer, inicialmente, que esta solenidade não tem qualquer conotação ideológica nem político-partidária. Trata-se de um evento que derivou de uma visita que fizemos ao Amazonas, convidados que fomos pelo nosso companheiro José Nasser, na pessoa de quem, nesta oportunidade, eu saúdo todos os demais presidentes de federações de nove estados do Brasil, que aqui estão conosco para este evento.
Ao tomar conhecimento de nossa ida a Manaus, num convite do Nasser, o meu grande e querido amigo, General Cândido Vargas Freire, Secretário de Segurança Pública e Defesa da Cidadania do Estado do Ceará, disse-me que tinha uma amizade muito grande ao General Guilherme de Figueiredo e, por isso, nos proporcionou uma visita nossa, juntamente com o Nasser, ao General. Lá tivemos oportunidade de ver o que o Exército está fazendo e o que poderia fazer mais ainda em defesa da Amazônia.
Diante disso, convidamos o General Guilherme para vir aqui. Eu queria também, neste momento, agradecer a gentileza e as atenções que temos recebido do General Ulisses Lanis, Comandante da 10ª Região Militar, sediada em Fortaleza, que não poupou esforços para que nós realizássemos este seminário.
Alguns questionamentos começaram a aparecer, a partir do nosso convite em junho, ao General Guilherme, tais como: Por que o Nordeste deve se preocupar também com a Amazônia, já que vivemos numa região tão sofrida e tão cheia de problemas e por ela estamos eternamente brigando? É que nós entendemos que, modernamente, o Brasil é um país uno, é um país que tem de crescer integrado e precisa, mais do que nunca, de uma sensibilização nacional, para que nós saiamos dessa dificuldade que estamos atravessando novamente, com a crise que assola o mundo todo, mas que tem uma repercussão maior no Brasil.
Por que a crise de Nova Iorque afeta o Brasil com uma disparidade cambial tão violenta, prejudicando-nos a todos com o aumento desenfreado do dólar? Por que só no Brasil o dólar está tendo esse aumento acentuado, se nos demais países não está havendo essa sobrevalorização? É porque o Brasil tem uma dependência financeira internacional que precisamos mudar. Precisamos de uma política de desenvolvimento nacional equilibrada, que contemple o nosso mercado interno. Precisamos buscar, através de políticas públicas, interagindo com a sociedade e com o meio produtivo, uma saída, através de soluções estratégicas para uma política de desenvolvimento nacional. Nós sabemos das nossas potencialidades.
A Amazônia tem diversas potencialidades que aqui serão expostas, tanto pelo General Guilherme de Figueiredo, como pelo nosso grande conferencista, Bautista Vidal, que nos dá enorme prazer com sua presença aqui. Fomos convidá-lo pessoalmente em Brasília, na sua famosa biblioteca. Autor de dez livros, o Professor Bautista Vidal nos mostrará as potencialidades do Brasil.
Num discurso aqui proferido, no Dia do Exército, cujo texto eu fiz distribuir hoje, em forma de brochura, o General Laranjeira, ex-comandante da 10ª Região Militar, alertava para a importância da soberania nacional da Amazônia. Estão lá escritos vários pronunciamentos de autoridades internacionais, desde o ex-vice-presidente dos Estados Unidos, Al Gore; a ex-primeira Ministra britânica,Margareth Tatcher; até o ex-presidente Gorbachov.Também de entidades não governamentais, como a Associação das Religiões Cristãs, que em Genebra se pronunciou dizendo que a Amazônia não poderia ser dirigida só pelo Brasil, já que ela é um banco de reservas da humanidade. Os ecologistas na Alemanha disseram que a Amazônia não deve ser dirigida só pelo Brasil.
Então, devemos procurar nos alertar e identificar todas essas potencialidades e informá-las à sociedade, como um todo, já que nós nordestinos e as outras regiões do Brasil não temos essa identificação forte com a Amazônia, como têm os companheiros daquela região.
Ao fazer esta abertura, queria registrar a importância estratégica da Amazônia, que possui a maior reserva de água doce do mundo, quase 20%; a maior biodiversidade vegetal. Não queremos nem falar nas reservas minerais, que ainda não estão devidamente medidas no solo amazônico. Como diz o nosso cientista Bautista Vidal, o casamento do sol com a água nos dá a vida, e a Amazônia é vida e a vida é Brasil.
Precisamos, realmente, de uma política de desenvolvimento no Brasil, calcada nas nossas potencialidades. Precisamos também ter uma adesão maciça da mídia, da imprensa, e, por que não dizer, da sociedade como um todo, nesse processo de aglutinar o apoio ao desenvolvimento nacional através da Amazônia.
Gostaria de agradecer, mais uma vez, ao General Guilherme de Figueiredo, ao Bautista Vidal, ao General Lanis, aos presidentes de federações que aqui vieram, aos meus colegas empresários, companheiros aqui da FIEC. Ressalto o trabalho extraordinário, para a realização desse evento, dos companheiros Manoel Cesário, Hermano Frank e Affonso Taboza, que não mediram esforços para a realização desse encontro. Agradeço aos companheiros da Federação do Comércio e da Agricultura, Torres de Melo e Luís Gastão e à imprensa, que nos deram apoio extraordinário.
Repito, para concluir, que nós precisamos de um novo paradigma de desenvolvimento nacional, com objetivo estratégico, para acabar com a descrença e a desesperança que existe em nosso país. Precisamos ver, com essa crise de energia que estamos vivendo, que o sol é a maior fonte de energia e nós temos uma fonte de energia riquíssima, pois somos a maior nação solar do planeta e temos na Amazônia uma potencialidade hidrelétrica, que é a hidrelétrica de Belo Monte, no rio Xingu, no Pará, que poderá gerar 11.000 MW de energia elétrica. Isso, meus senhores, representa o dobro do total da energia hidrelétrica gerada pelo complexo da CHESF, de Paulo Afonso, que gera 5.600 MW, e gerará 50% a mais do que Itaipu.
Por aí se vê a potencialidade que esse país tem. Daí estarmos aqui alertando para esse problema. Queremos que isso aqui seja uma semente, para que através de outros eventos dessa natureza ou, até mesmo de maior envergadura, e com a presença da sociedade com uma maior expressividade e em ambiente aberto, nós façamos por esse Brasil inteiro, nas cinco regiões geopolíticas do Brasil, no Norte, no Nordeste, no Centro-Oeste, no Sudeste e no Sul, eventos para sensibilizar a sociedade para que o Brasil saia dessa dependência internacional e passemos, realmente, a ter uma política de desenvolvimento nacional.
Muito obrigado.