Visão do setor de biotecnologia para os próximos 10 anos é definida em painel das Rotas Estratégicas
Os especialistas participantes da Rota Estratégica do setor de Biotecnologia continuam discutindo hoje (22/09), na Casa da Indústria, o futuro do setor. As discussões tiveram início ontem (21/09) e finalizam hoje. Por meio do Projeto Rotas Estratégicas, a Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC) tem a proposta de iniciar a construção coletiva das visões de futuro dos setores e áreas industriais promissoras para o estado até 2025. O projeto faz parte do Programa para Desenvolvimento da Indústria.
A visão de futuro do setor já foi construída pelos participantes, de acordo com o assessor técnico da diretoria da FIEC e economista, Guilherme Muchale. Segundo explica, ela ilustra muito bem questões que o setor está buscando e vendo como essenciais para se estruturar nesses próximos dez anos. “A visão aponta esse direcionamento das pesquisas e do que é feito pelo setor para o mercado, ou seja, essa maior integração entre academia e empresas. Eles veem como uma situação muito importante. Outro aspecto é o aproveitamento da biodiversidade local, aproveitamento dos próprios ativos, das potencialidades que o estado tem. Muitas vezes, esses ativos são pessoas, equipamentos, laboratórios, que colocam o estado em posição diferenciada e que, atualmente, devido à falta de coordenação de esforços, não são aproveitados em sua totalidade”, explica.
Os participantes também apresentaram pontos que serão necessários para o desenvolvimento da biotecnologia em quatro frentes de aplicações de processos biotecnológicos: saúde humana, agropecuária, processos industriais e meio ambiente. O resultado será compilado pelo Núcleo de Economia e Estratégia e divulgado em forma de roadmap.
Primeiro dia
Ontem, Guilherme Muchale, abriu o evento apresentando estudo socioeconômico do setor. Segundo o estudo, no Brasil há 903 empresas de biotecnologia. Nos Estados Unidos, são mais de 11 mil. Há forte participação das pequenas empresas. Cerca de 550 têm menos de 50 trabalhadores. Quanto a participação do setor nos investimentos em P&D, Suíça, Dinamarca e Israel lideram. A área da biotecnologia que mais tem investimentos na maioria dos eventos é de saúde, com destaque para Inglaterra.
No Brasil, quase 80% das empresas estão em São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. O Ceará participa com 2% das empresas. No Nordeste, são 426 cursos de graduação, pós-graduação e grupos de pesquisa, o que corresponde a 21% do total no país. No Sudeste, são 934, equivalente a 45%. No Ceará, foram identificados 44 cursos de graduação, entre 23 de licenciatura e 21 de bacharelado, espalhados em vários municípios cearenses, sendo 15 em Fortaleza, 5 em Quixadá e 5 em Sobral.
Quanto às patentes, 3% são depositadas no Brasil, 15% na China e 14% nos Estados Unidos. Em termos de patentes concedidas, apenas 0,2% são geradas no país, o que demonstra que outros países e organizações depositam no Brasil seus pedidos de patente. Em 1995, foram 37 patentes concedidas no setor e em 2015, 5393. No Brasil, esse comparativo não é constantemente crescente. Em 1995, foram 16 e, em 2015, 140, com pico de quase 500 em 2009 e 2010. As áreas mais comuns são biotecnologia, produtos farmacêuticos, química de alimentos e química fina orgânica.