Análise Econômica - O Primeiro Pacote de Concessões
O governo Temer apresentou na última terça-feira seu primeiro pacote de concessões – serão 34 empreendimentos e relicitação de três hidrelétricas da CEMIG.
Apoio Financeiro
Para amparar os primeiros leilões, o governo vai oferecer R$ 30 bilhões em financiamento de longo prazo, com a seguinte distribuição: BNDES, R$ 18 bilhões e FI-FGTS, R$ 12 bilhões. Essas fontes irão bancar até 80% dos investimentos que, por sua vez, poderão ser realizados por meio de empréstimos diretos ou compra de debêntures de infraestrutura (isentas de Imposto de Renda).
Principal Mudança para Atrair Capital Privado
As fianças irão substituir os chamados empréstimos-ponte - modalidade que se caracteriza por vigorar até que seja liberado o “empréstimo definitivo”, geralmente de maior valor e prazo mais longo.
Fatores de Risco
- Fianças bancárias: nessa conjuntura de recessão, elas estão ainda mais difíceis de serem obtidas.
- Tempo de aprovação dos financiamentos: esse tempo terá que ser bem menor do que aquele que tem sido historicamente observado. A agilidade administrativa será indispensável.
- O FI-FGTS tem apresentado dificuldades para ter garantias honradas. Espera-se que isso mude nesse novo modelo.
Fatores de Sucesso
- O BNDES está prometendo agilizar a análise dos pedidos de financiamento
- O uso de fianças bancárias deverá garantir os financiamentos até que a concessão gere receitas – estima-se de 5 (cinco) a 7 (sete) anos para que isso ocorra.
- O governo tem se reunido com instituições financeiras, nacionais e internacionais, interessadas nos financiamentos dos projetos. O secretário Moreira Franco, por exemplo, tem irá a Nova York na próxima semana para uma série de reuniões com bancos e fundos de investimento americanos.
Reflexão
O avanço de investimentos privados em Infraestrutura no Brasil tem sido prejudicado por diversos fatores, entre os quais:
- Risco de litígio com o governo
- Nessa área, as receitas são obtidas somente após longo tempo de investimento
- Os serviços de infraestrutura despertam interesse de muitos consumidores, tornando-os sensíveis politicamente.
- Governos brasileiros tem comumente feito diversas promessas para atração do capital privado em infraestrutura; e renegado depois, boa parte desses compromissos.
Para reduzir esses obstáculos, será necessário melhorar a gestão e fortalecer o aparato regulatório, pois, é pouco provável realizar grandes investimentos em infraestrutura no Brasil sem a devida proteção à rentabilidade dos projetos.
Confira as edições anteriores da Análise Econômica Semanal:
09/09 - O IDEB e os impactos na economia
19/08 - Dívida dos Estados e a necessidade de superar as ineficiências institucionais
05/08 - A queda da inflação e a revisão dos juros
29/07 - Déficit nas contas públicas: solução passa por investimentos e exportações
22/07 - Mudança na SELIC terá que vir acompanhada de medidas fiscais
15/07 - Precisamos aproveitar o cenário favorável
08/07 - Respeito às restrições do orçamento é imprescindível para alcançar meta fiscal
01/07 - O elemento central para a retomada da econonomia
24/06 - O "Brexit" como mais um desafio para a agenda internacional brasileira
17/06 - Sinais de confiança na retomada da economia
10/06 - Foco no cumprimento da meta de inflação
03/06 - No Caminho da austeridade
27/05 - Primeiras medidas evitam agravamento do quadro fiscal
20/05 - Controle das contas públicas e a eficiente gestão do gasto
13/05 - Competitividade, chave para retomada do crescimento
06/05 - A premissa da eficiência do gasto público
29/04 - O equilíbrio que se faz necessário nesse momento
22/04 - Os desafios do pós-Dilma
15/04 - Próximos dias darão o tom sobre as incertezas
08/04 - Um governo novo ou um "novo governo?
01/04 - FUTURO: Uma construção coletiva
24/03 - Não há saída sem a recuperação da confiança
18/03 - Destaques econômicos em segundo plano
11/03 - Os humores da política
04/03 - Efeitos da Lava Jato na economia
26/02 - Até que enfim, um sopro de positividade
19/02 - Programação Orçamentária e Financeira para 2016: cortes de gastos de R$ 24 bilhões