Dívida dos Estados e a necessidade de superar as ineficiências institucionais
Estados que gastaram mais, e que foram menos cuidadosos com suas contas, acabaram se beneficiando, estendendo suas dívidas por até 20 anos, pagando menores juros. Nessa direção, São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul lideram a lista dos maiores endividados. Por outro lado, aqueles que cumpriram seus compromissos, alinhando seus gastos às suas receitas, e que, por isso, certamente deixaram de realizar investimentos importantes, se tornando menos competitivos para a atração de novos empreendimentos, não tiveram qualquer benefício nessa renegociação. É o caso do Ceará, por exemplo.
Um outro ponto é que ficou evidente a dificuldade do governo de aprovar um Projeto de Lei Complementar, que precisa de apenas 257 votos. Isso preocupa na medida em que a aprovação da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que limita os gastos públicos, considerada imprescindível para o ajuste fiscal, dependerá do apoio de 308 deputados. Da mesma forma, a Reforma da Previdência, outro item fundamental para controle das contas públicas, dependerá da aprovação de 3/5 do Congresso.
Em momentos críticos como o que estamos passando, é fundamental que superemos as ineficiências institucionais, organizando a política e promovendo reformas estruturantes. O Plano Real (1994) e a Lei de Responsabilidade Fiscal (2000) são exemplos de que podemos construir esse caminho.
A renegociação da dívida dos Estados
O projeto de renegociação da dívida dos Estados com a União (Projeto de Lei Complementar 257) foi aprovado, de forma parcial, na Câmara dos Deputados, na última terça-feira.
O que os Estados conseguiram
Um prazo de 20 (vinte) anos para pagarem suas dívidas com a União e, ainda, com juros menores do que os contratados. Em resumo, terão um alívio em seus caixas.
As obrigações dos Estados (contrapartidas)
Terão que desistir de ações judiciais contra a União e limitar, pelos próximos 2 (dois) anos, o crescimento de seus gastos à inflação do ano anterior.
Efeitos sobre a União
Terá, agora, uma renúncia fiscal estimada em R$ 50 bilhões. Naturalmente, esses recursos entrarão nos cofres da União, mas, de forma parcelada, e no prazo de 20 (vinte) anos.
Sobre a votação
- O texto encaminhado pelo governo previa que fossem proibidos novos reajustes para os servidores estaduais por dois anos. Os deputados não aceitaram essa contrapartida.
- Não havendo quórum suficiente, a votação dos destaques (emendas ao texto-base) restantes foi adiada, devendo acontecer daqui a duas semanas.
Confira as edições anteriores da Análise Econômica Semanal:
05/08 - A queda da inflação e a revisão dos juros
29/07 - Déficit nas contas públicas: solução passa por investimentos e exportações
22/07 - Mudança na SELIC terá que vir acompanhada de medidas fiscais
15/07 - Precisamos aproveitar o cenário favorável
08/07 - Respeito às restrições do orçamento é imprescindível para alcançar meta fiscal
01/07 - O elemento central para a retomada da econonomia
24/06 - O "Brexit" como mais um desafio para a agenda internacional brasileira
17/06 - Sinais de confiança na retomada da economia
10/06 - Foco no cumprimento da meta de inflação
03/06 - No Caminho da austeridade
27/05 - Primeiras medidas evitam agravamento do quadro fiscal
20/05 - Controle das contas públicas e a eficiente gestão do gasto
13/05 - Competitividade, chave para retomada do crescimento
06/05 - A premissa da eficiência do gasto público
29/04 - O equilíbrio que se faz necessário nesse momento
22/04 - Os desafios do pós-Dilma
15/04 - Próximos dias darão o tom sobre as incertezas
08/04 - Um governo novo ou um "novo governo?
01/04 - FUTURO: Uma construção coletiva
24/03 - Não há saída sem a recuperação da confiança
18/03 - Destaques econômicos em segundo plano
11/03 - Os humores da política
04/03 - Efeitos da Lava Jato na economia
26/02 - Até que enfim, um sopro de positividade
19/02 - Programação Orçamentária e Financeira para 2016: cortes de gastos de R$ 24 bilhões