Observatório da Indústria Ceará apresenta estudos inéditos sobre energias renováveis e patentometria em workshop da Rede VERDES
Nesta terça-feira (02/12), a Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC) sediou o workshop "Estudos Setoriais e Patentometria", promovido pela Rede de Pesquisa e Inovação em Energias Renováveis do Ceará (Rede VERDES) em parceria com o Observatório da Indústria Ceará — centro de inteligência de dados do Sistema FIEC — e o Instituto Euvaldo Lodi (IEL Ceará). O encontro reuniu representantes da indústria, pesquisadores e especialistas para o lançamento de dois estudos inéditos produzidos pelo Observatório em colaboração com a Rede: "Panorama Patentométrico de Tecnologias Renováveis" e "Estudo Setorial: Eólica, Solar e Hidrogênio Verde".
Voltadas a fortalecer a aproximação entre academia e setor produtivo, as análises foram desenvolvidas para oferecer subsídios estratégicos, identificar gargalos tecnológicos e ampliar oportunidades de parceria, contribuindo diretamente para o avanço da transição energética no Ceará.
Os dois relatórios lançados no workshop integram o esforço das instituições para ampliar a base de conhecimento sobre o cenário energético e a capacidade tecnológica do Ceará. O conjunto de pesquisas cobre marcos estruturais — como geração de empregos e infraestrutura —, distribuição de competências industriais e acadêmicas e o posicionamento do Estado no contexto global de inovação em energias renováveis.
A apresentação do estudo de patentometria foi conduzida por Gabriel Gaspar, especialista em Prospectiva Estratégica do Observatório da Indústria Ceará. Ele apresentou uma análise detalhada baseada na plataforma Derwent Innovation, com foco nos eixos de energia eólica, energia solar e hidrogênio verde. Em seguida, Ohanna Fraga e David Guimarães, especialistas em Inteligência Competitiva do Observatório, ampliaram o panorama com análises de inteligência competitiva a partir dos dados levantados. Também participou do evento a gerente de Estratégia e Negócios do IEL Ceará, Jamille Alencar.
Segundo Gabriel Gaspar, o objetivo central dos dois estudos entregues é oferecer insumos estratégicos aos pesquisadores e orientar o desenvolvimento de novas tecnologias. "O papel do Observatório foi justamente integrar os conhecimentos produzidos na academia com as demandas industriais. Reunimos informações de bases distintas e construímos dois estudos robustos para que os pesquisadores consigam se inserir nos mapeamentos patentométricos e tecnológicos dessas áreas. Agora vamos incentivar cada vez mais o uso dessas publicações, entender o que desperta o interesse dos centros de tecnologia e desenvolver produtos ainda mais assertivos para 2026 e 2027", explicou.
Ele destacou ainda que um dos principais achados está no eixo do hidrogênio verde, onde todas as patentes identificadas estavam ativas, demonstrando forte aquecimento da proteção intelectual e sinalizando elevado interesse global em oportunidades de mercado na área. "Essa visão funciona como um raio-X e é fundamental para que universidades e centros de pesquisa possam se posicionar estrategicamente na cadeia produtiva e identificar caminhos de transferência de tecnologia", completou.
O professor da Universidade Federal do Ceará (UFC), Robson Rocha, destacou o papel estratégico dessas publicações e o impacto do apoio institucional da FIEC na aproximação entre academia e mercado.
"A Rede VERDES foi iniciada em 2023 com forte apoio da Funcap (Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e reúne 12 projetos de desenvolvimento científico e tecnológico relacionados às energias renováveis, da pesquisa básica à aplicada. A FIEC é um ator fundamental, porque não buscamos apenas desenvolver tecnologia, mas levá-la ao mercado. Por isso, esse apoio tem sido decisivo para construir pontes e alinhar a Rede às demandas reais da indústria", afirmou Robson, que também é coordenador do projeto "Gestão da Inovação: transferência de tecnologia e fortalecimento da cadeia produtiva das energias renováveis, com ênfase no H2V, no estado do Ceará" na Rede VERDES.
Rocha reforçou que os estudos apresentados ampliam a capacidade da Rede de compreender barreiras, estruturar ações estratégicas e subsidiar políticas públicas. "O estudo de patentes ajuda a identificar quem produz tecnologia no mundo, quais são os principais atores e para onde o mercado está avançando. Já o estudo setorial revela como a cadeia de eólica, solar e hidrogênio está estruturada, onde estão os gargalos e o que pode ser feito para acelerar o desenvolvimento. Isso é essencial para que o Ceará não apenas produza energia, mas consiga aplicá-la internamente, fortalecendo indústrias locais e gerando impactos socioeconômicos reais", pontuou.
Para o secretário executivo da Rede VERDES, Murilo Luna, as análises apresentadas pelo Observatório reforçam a necessidade de ampliar o diálogo entre pesquisadores e setor produtivo — missão central da Rede.
"Os levantamentos patentométricos e setoriais são fundamentais para que os pesquisadores entendam tendências, players e tecnologias emergentes. Isso orienta decisões e mostra como nossas pesquisas podem chegar ao mercado. Quando conseguimos levar resultados da universidade para empresas interessadas em se instalar no Ceará, avançamos significativamente", afirmou.
Luna ressalta que o Ceará vive um momento decisivo na transição energética. "Essas análises são desafios e, ao mesmo tempo, oportunidades. Elas nos mostram onde precisamos atuar estrategicamente para que as energias renováveis, especialmente o hidrogênio verde, se tornem vetores de transformação econômica para o Estado", concluiu.
Sobre a Rede VERDES
Criada a partir de edital de fomento da Funcap no fim de 2023, a Rede VERDES reúne mais de 100 pesquisadores, distribuídos em 26 laboratórios de 14 instituições de ensino e pesquisa, incluindo UFC, UECE, Unifor, IFCE, Embrapa, UNILAB, UVA, URCA, SENAI Ceará, IEL Ceará, Instituto Atlântico e Instituto Rever.
A iniciativa nasceu para estimular pesquisa científica, formar recursos humanos qualificados e desenvolver soluções tecnológicas em energias limpas — com ênfase em solar, eólica e hidrogênio verde. Parte de seus projetos já apresenta resultados preliminares, fortalecendo a transferência de tecnologia e a aproximação entre ciência, indústria e governo.







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