Segundo dia de FIEC Summit aborda temáticas como capacitação, PD&I, hub cearense e soluções para a cadeia produtiva de hidrogênio verde
A programação do FIEC Summit 2024 no auditório plenário prosseguiu nesta terça-feira (13/08), no Centro de Eventos do Ceará, com diversas discussões e informações relevantes envolvendo a temática do hidrogênio verde.
No turno da manhã, o primeiro painel versou sobre capacitação e PD&I (Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação), contando com a participação do Superintendente Regional do SESI Ceará e Diretor Regional do SENAI Ceará, Paulo André Holanda, como moderador. O Reitor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE), Wally Menezes, iniciou o debate apresentando a atuação da instituição na formação de profissionais em diversos níveis, desde técnicos a pós-doutores. Entre essas iniciativas, estão um curso de pós-graduação lato sensu em Hidrogênio Verde, lançado recentemente, com início das inscrições no dia 19/08. Outra ação mencionada pelo Reitor foi a criação de um Centro de Referência em Energias Renováveis, em Maracanaú. Ele destacou a importância da parceria entre academia, setor produtivo e governo para tornar o Ceará referência na transição energética. “Não existe voo solo”, afirmou.
O Chefe de Operações Conjuntas do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas do Ministério da Defesa, Tenente-Brigadeiro Walcyr Josué de Castilho Araújo, deu continuidade ao painel explicando como será o campus do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) em Fortaleza e o cronograma das atividades. Ele também ressaltou que a união da tríplice hélice favorece a realização de grandes projetos em benefício da sociedade, a exemplo do ITA Ceará. “Esse projeto teve início em 2023 e agora no segundo semestre já vamos iniciar as obras, com as inscrições do primeiro vestibular já abertas. Isso é o exemplo do que nós conseguimos quando temos a união de várias instituições públicas e da indústria”, salientou.
Seguindo essa linha de pensamento, o Gerente da área de Comunidades e Performance Social para América Latina da Fortescue, Hugo Diogo, acredita que a parceria entre poder público, iniciativa privada e sociedade civil é fundamental para atingir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. O propósito da Fortescue no Ceará e no Brasil, segundo ele, vai além de viabilizar uma planta de hidrogênio verde. Ele se orienta por um compromisso com um futuro ambientalmente equilibrado, economicamente viável e socialmente justo, com a inclusão da comunidade local em prol de uma transição energética justa.
O painel seguinte foi sobre o Hub do Hidrogênio Verde no Ceará, com a moderação do Secretário do Desenvolvimento Econômico do Estado do Ceará, Salmito Filho, que parabenizou a FIEC e o presidente Ricardo Cavalcante pela realização do FIEC Summit. “Um evento extraordinário. Não é só o maior, mas o melhor desse segmento. Quero enaltecer também a liderança do governador Elmano de Freitas na articulação dos principais protagonistas da república para a viabilização do marco regulatório do hidrogênio verde”, comentou, acrescentando grandes números da economia cearense que posicionam o Ceará num lugar de destaque e protagonismo em âmbito nacional.
Em seguida, o Consultor de Energia da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC), Jurandir Picanço, pontuou os avanços conquistados pelo Ceará no último ano para tornar o Estado um polo de produção de hidrogênio de baixa emissão de carbono em larga escala, lembrando como tudo começou. O especialista observou que a sanção do marco legal do hidrogênio verde foi fundamental para que os projetos possam agora evoluir.
A Vice-reitora e pró-reitora de relações interinstitucionais da Universidade Federal do Ceará (UFC), Diana Azevedo, enalteceu o trabalho da Rede de Pesquisa e Inovação em Energias Renováveis do Ceará (Rede VERDES), uma iniciativa pioneira no Estado que tem como objetivo a realização de pesquisas básicas e aplicadas de forma colaborativa e multidisciplinar para transferência de tecnologia para o setor. Ao todo, cerca de 100 pesquisadores ligados a 26 unidades de pesquisa (laboratórios) de 14 diferentes instituições compõem a Rede, distribuídos inicialmente entre 12 projetos de pesquisa multidisciplinares, em quatro áreas temáticas: energias renováveis, transporte e combustíveis sintéticos, aplicações industriais e hidrogênio verde.
A Vice-Reitora também falou sobre a relevância do fomento às pesquisas por instituições públicas e privadas. “O Governo do Estado, através da Funcap, esteve sempre muito atento ao fomento da pesquisa e desenvolvimento em energias renováveis. Em 2021, quando foi lançado um edital, 20 projetos foram contemplados, dos quais seis já eram em hidrogênio verde. O CNPQ também lançou, em 2022, dois grandes editais e a gente teve uma aprovação recorde do Estado do Ceará com 15% dos projetos. Isso não é pouca coisa. E não é só financiamento público. A Fortescue, por exemplo, está sempre em franco diálogo com a UFC. A empresa celebrou, em 2022, com o Departamento de Geografia, um projeto que visava fazer uma cartografia social do entorno onde a empresa vai ser instalada, com um estudo sócio ambiental. E eu não tenho dúvidas que esse estudo foi fundamental para a empresa obter suas licenças prévias”.
Por fim, a Vice-Presidente do Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP), Rebeca Oliveira, apresentou como o complexo vem impulsionando a economia cearense. Ela falou sobre os investimentos do Banco Mundial
O último painel da manhã desta terça-feira (13/08) apresentou um panorama sobre a cadeia produtiva do hidrogênio verde e foi conduzido pelo Coordenador do Núcleo de Energia da FIEC, Constantino Frate. O painel foi aberto por David Burns, Vice-presidente de Energia Limpa da Linde. Maior empresa global na produção de gases industriais e engenharia, a Linde é representada na América do Sul pela White Martins. A empresa está investindo fortemente em tecnologias na área de Hidrogênio Verde e enxerga o Ceará com grande potencial para a produção de energia limpa, devido às condições favoráveis de vento e sol, além da localização privilegiada do Estado.
Em seguida, o Fundador e Diretor Comercial da Hytron, Daniel Gabriel Lopes, fez uma apresentação sobre a empresa, responsável pelo eletrolisador de onde saiu a primeira molécula de hidrogênio verde do Complexo de Pecém, e ao falar sobre as iniciativas da Hytron em andamento no Brasil anunciou um projeto que será desenvolvido em breve com uma siderúrgica nacional. “Não estamos mais falando de futuro. O hidrogênio verde já é uma realidade”, pontuou.
O Diretor da Unidade de Negócios de Electrification & Automation da Siemens, Fabio Koga, deu continuidade ao painel falando sobre o negócio da empresa e os serviços oferecidos pela companhia global de tecnologia. Ele frisou a importância do FIEC Summit e comentou que o evento tem gerado encontros que resultam em projetos e negócios. “O avanço do Hidrogênio Verde no Brasil abre portas para transformar setores industriais que enfrentam desafios significativos na redução de emissões. Com nossas soluções integradas, que vão desde infraestrutura e distribuição elétrica até simulações avançadas com gêmeos digitais, estamos preparados para liderar essa revolução energética. Nosso compromisso é impulsionar a reindustrialização verde do país e destacar o Brasil como um líder global na transição para uma economia sustentável, oferecendo tecnologias e soluções que atendem às demandas do futuro", declarou Koga.
Edinei Mendes da Silva, Superintendente de Obras do Grupo Marquise e Membro do Conselho de Administração da Utilitas, finalizou o painel falando sobre o programa de produção de água de reuso para o Pecém.