Inclusão de autistas no mercado de trabalho é tema de palestra promovida pelo programa Indústria de Talentos do IEL Ceará
Reunindo estudantes, gestores e profissionais da área de Recursos Humanos, além de pessoas autistas, o Instituto Euvaldo Lodi (IEL Ceará) promoveu nesta quinta-feira (27/6) mais uma edição do programa Indústria de Talentos sobre “Autismo e Inclusão no Mercado de Trabalho”. O evento, realizado na Casa da Indústria, foi transmitido pela internet para outros Estados, contando com a participação de coordenadores, gerentes e superintendentes de outras regionais do IEL.
O analista da área de Trilhas de Carreiras do IEL Ceará, Marcelo Sobreira, explicou que o evento tinha como objetivo discutir estratégias práticas para criar ambientes de trabalho mais inclusivos e acolhedores, onde todos os talentos possam prosperar. “Ambientes neurodiversos não são apenas desejáveis, mas fundamentais para o crescimento e a inovação nas empresas. Pensamos neste tema não somente para aumentar a conscientização, mas também para inspirar a ação”, justificou.
A palestra foi ministrada pela psicóloga Vivianne Mota, especialista em Transtorno do Espectro Autista (TEA). Inicialmente, ela fez um panorama geral sobre o autismo, trazendo definições, características, diagnóstico, evolução histórica e os principais debates relacionados ao assunto, especialmente no âmbito da saúde. Segundo ela, o principal desafio para a inclusão de autistas no mercado de trabalho, e na sociedade de uma maneira geral, é a falta de informação.
“As pessoas não sabem o que é o autismo. Muitas pensam que é uma doença, outras confundem com outros transtornos. Quando a gente fala de autismo, geralmente o que vem na cabeça das pessoas é aquela pessoa que não fala, que não olha nos olhos, que tem super habilidades. O conceito do que é autismo hoje é muito recente, é de 2013 para cá. Mas, a medicina evoluiu muito nos últimos anos e, como consequência, os diagnósticos vêm aumentando cada vez mais. Estamos vivendo um momento novo, por isso precisamos nos informar e abrir espaços como este para o debate”, destacou.
De acordo com a especialista, uma em cada 36 crianças são diagnosticadas com autismo nos Estados Unidos. No Brasil, não há dados específicos e a produção científica ainda é escassa. No último censo, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apurou que 85% da população autista está desempregada, embora exista uma lei que inclua pessoas no espectro do transtorno autista nas cotas de pessoas com deficiência nas empresas.
“Leis que garantem a acessibilidade nós temos. Mas, acessibilidade é diferente de inclusão. A gente precisa ter primeiro uma cultura organizacional de inclusão e para isso a gente tem que ter uma cultura de segurança psicológica, onde as pessoas dentro daquele local de trabalho, possam ser quem elas são. É você olhar para aquele indivíduo dentro das suas particularidades. É não enxergar apenas os desafios, mas também as habilidades dessas pessoas”, resumiu.
O Programa Indústria de Talentos tem como objetivo levar para os estudantes, estagiários, bolsistas e aprendizes uma visão atualizada do mercado de trabalho, com foco no seu desenvolvimento, capacitação e empregabilidade. É uma das ações que compõem o Programa IEL de Estágios e promove palestras gratuitas, com profissionais especialistas e experts em temáticas relevantes, que trarão contribuições práticas para o desenvolvimento profissional e de carreira dos participantes.