Assessor Econômico da FIEC comenta impactos dos conflitos geopolíticos na inflação global
O Assessor Econômico da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC), Lauro Chaves Neto, comentou os impactos dos conflitos geopolíticos na inflação global em artigo de opinião publicado nesta segunda-feira (27/05), no jornal O Povo.
Leia o texto na íntegra:
Riscos geopolíticos para a inflação global
Quando as diferenças geopolíticas extrapolam o campo diplomático, dificultam ou danificam o uso das infraestruturas, desestruturam as cadeias de logística e suprimentos impactando em toda a cadeia de abastecimento de insumos, bens e serviços.
Os conflitos geopolíticos são uma das marcas da evolução histórica da sociedade, uma tragédia em termos humanos e sociais. As Guerras da Ucrânia e do Oriente Médio possuem potencial de produzir impactos profundos e difusos.
A elevação da inflação global, em termos econômicos, é um dos mais danosos dos impactos previstos. A chance de uma estabilidade inflacionária de volta aos níveis pré-pandemia é reduzida no cenário atual.
Quando as diferenças geopolíticas extrapolam o campo diplomático, dificultam ou danificam o uso das infraestruturas, desestruturam as cadeias de logística e suprimentos impactando em toda a cadeia de abastecimento de insumos, bens e serviços.
Rússia e Ucrânia são dois dos principais produtores de commodities do mundo e, desde o início da guerra entre eles, houve uma escalada no preço das mesmas, o que impactou tanto os exportadores como os importadores.
Se na pandemia foi aceso o sinal de alerta para os países não dependerem da importação de insumos e tecnologia para a saúde, os conflitos geopolíticos trouxeram reflexões no mesmo sentido para a segurança energética e alimentar.
As estratégias organizacionais passaram a focar muito mais na segurança e na resiliência das cadeias de suprimentos e logística do que a visão tradicional de eficiência e redução de custos, algo na mesma direção da abordagem sobre as cadeias de valor da economia da saúde pós pandemia.
Diante do exposto, existe uma crescente incerteza sobre o cenário geopolítico global e o acesso às cadeias globais de valor e logística, aos mercados financeiros internacionais e os seus impactos na política monetária.
Após recente política monetária, principalmente devido as restrições de oferta e as suas consequências inflacionárias, os bancos centrais vão encarar o desafio de retomar a estabilidade monetária, condição necessária, porém não suficiente, para o desenvolvimento econômico.
Em um contexto de políticas fiscais expansionistas, com déficit e endividamento públicos crescentes, existirá maios pressão sobre o patamar das taxas de juros e, provavelmente, um debate sobre a elevação das metas de inflação.
Foto: Rayane Mainara