Presidente da FIEC participa de debate sobre transição energética e mudanças climáticas em evento do Pacto Global pela ONU no Brasil e Somos Um
O Presidente da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC), Ricardo Cavalcante, participou, nesta quinta-feira (19/10), do Conexão ODS, um dos maiores eventos de sustentabilidade do país, promovido pelo Pacto Global da ONU no Brasil e pela organização cearense Somos Um. Durante o painel “Agenda Climática em Energia para uma Transição Justa”, Ricardo Cavalcante falou sobre o potencial competitivo do Ceará no cenário mundial de transição energética e a contribuição que o Estado tem a oferecer no combate às mudanças climáticas.
O evento contou com a presença da Fundadora e Presidente Somos Um, Ticiana Rolim; do CEO do Pacto Global da ONU no Brasil, Carlo Pereira; da Coordenadora da Coalizão pelo Impacto em Fortaleza, Beatriz Fiuza; do Diretor de Operações da Qair Brasil, Gustavo Silva; do Gerente de Meio Ambiente do Pacto Global da ONU no Brasil, Alexander Rose; e da CEO do BlendbGroup, Liane Freire.
“O Conexão ODS impacta o Nordeste de forma diferenciada. Esse tipo de discussão normalmente acontece no eixo Rio-São Paulo e é a primeira vez que estamos trazendo para o Nordeste. Temos gente criativa, corajosa e arretada, e, juntos, podemos unir poder público e privado, universidades, sociedade civil organizada e organizações sociais para resolver os problemas complexos da humanidade, principalmente a crise climática e a pobreza”, explicou Ticiana Rolim.
Carlo Pereira destacou a parceria entre o Pacto Global pela ONU e a FIEC, escolhida em 2022 para ancorar o HUB ODS do Ceará. “Já tínhamos uma presença junto com a FIEC fazendo algumas iniciativas, mas agora vamos, cada vez mais, apoiar tudo o que acontece no Ceará. Não podemos hoje querer separar questões ambientais das sociais. Quando estamos em crise climática, o povo sofre com falta de água, com falta de alimento. Temos que unir temas e setores da sociedade, porque ninguém vai resolver isso sozinho”.
Na visão do Presidente da FIEC, o Nordeste, em especial o Ceará, tem capacidade para liderar a mudança da matriz energética no Brasil, destacando a importância de regulamentar a produção de energia eólica, solar e do hidrogênio verde, além de ampliar a rede de transmissão.
“Temos certeza de que o Ceará está preparado para a transformação energética que o planeta está cobrando. Há três anos estamos discutindo isso. Esse momento que estamos passando pode transformar a vida dos nordestinos como nunca tivemos condições de fazer nos últimos 70 anos, dando qualidade de vida e salários melhores”, ressaltou.
Segundo Ricardo Cavalcante, somente no segmento de energia solar, a cada 1 GW produzido, serão gerados cerca de 7.800 empregos, número que evidencia o impacto social que a produção de energias renováveis pode gerar no Brasil, principalmente entre as camadas mais pobres da população.
“A transição não é só boa para o empresário grande que está vindo de fora, mas sim para a nossa população”, pontuou. “Temos pessoas que moram em regiões áridas, onde nada dá. Mas se a gente colocar um ‘pé de placa’ lá, elas vão ganhar dinheiro, porque vão produzir energia, que é um bem que o planeta está precisando”.
Gustavo Silva, da Qair Brasil, afirmou que a empresa aposta no protagonismo do Brasil na transição energética global. “Todo esse movimento do ponto de vista ambiental e também de realinhamento da geopolítica energética mundial cria condições para que países como o Brasil sejam protagonistas neste processo. Não é à toa que, dos projetos da Qair, os maiores estão sendo implantados aqui”, frisou.
Já Liane Freire ressaltou que a transição energética precisa ser justa, ou seja, ter como foco não só o desenvolvimento econômico, mas também a redução das desigualdades sociais.
“Não podemos simplesmente atrair capital, implantar indústria e continuar ampliando desigualdade. Esse modelo que a gente gerou não foi capaz de distribuir riqueza. Entendendo isso é indissociável hoje qualquer investimento em uma economia nova para reproduzir comportamentos antigos”.