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Segunda manhã de palestras no auditório José Flávio tem foco nas relações do Brasil com o mercado internacional de H2V

04/08/2022 - 14h08

O segundo dia de palestras do FIEC Summit, no auditório José Flávio, nesta quinta-feira 04/08, iniciou com a apresentação da Gerente do Programa Internacional de Hidrogênio do Porto de Roterdã, Monica Swanson. Tratando da logística da nova matriz energética e de como ela será importante para países da Europa, além de Estados Unidos e Ásia, Swanson afirmou que “toda a comunidade portuária está passando por uma transição e que está pronta para essa mudança”.

A palestrante previu que serão necessárias cerca de 60 milhões de toneladas de hidrogênio para suprir o mercado europeu, em 2050. “Em 2030, já estamos analisando importar quatro milhões de toneladas, podendo ser metanol, amônia, hidrogênio liquefeito ou seus equivalentes”, estima a Gerente, para entrada no Porto de Roterdã, com distribuição para indústrias como a química, de combustíveis e para suprir a demanda do norte da Europa.

Dessa demanda de quatro milhões de toneladas de hidrogênio verde, 0,6 milhão pode ser produzida internamente; o restante será importado de países como o Brasil e a Austrália. “Eu sei que tem muita gente preocupada, sei que é uma coisa nova, mas ela vai acontecer. Tudo isso já está acontecendo, especialmente na infraestrutura rodoviária, ferroviária e hidroviária”, disse Monica.


Oportunidades comerciais

O CEO da empresa Lakes Environmental do Canadá, Jesse VanGrensven Thé, apresentou, em seguida, as oportunidades comerciais abertas a partir do mercado de hidrogênio verde, que começa a se expandir mundialmente. Segundo ele, o investimento nesse tipo de matriz energética dará dois retornos: o financeiro, pelo próprio esforço empresarial, e humanitário, já que estará ajudando a descarbonizar o planeta.

“Estamos todos falando que existiam, muitas vezes, grandes sonhos que estão acontecendo. Para o hidrogênio verde, temos o comprador e eles estão vindo aqui procurar; isso é porque o Ceará tem a melhor combinação para vender. O comprador já está lá, é cativo, e a chance dessa oportunidade acontecer é de 100%. O mundo está comprometido a cortar todas as emissões de combustíveis em 50%, até 2030, pois é algo urgente que precisa ser feito rapidamente”, acrescentou Thé.

Conforme o CEO da empresa canadense, para que essas metas sejam atingidas, com 100% da indústria atuando sem combustíveis fósseis, precisarão ser investidos US$ 275 trilhões. Ele lembrou que só o Estado do Ceará tem cerca de R$ 4 bilhões de investimentos em memorandos de entendimento com diversas empresas para produção de hidrogênio verde no Porto do Pecém, mas ressaltou que nem tudo deve ser exportado.

“Temos que cuidar para não exportar tudo. O mercado de trabalho na Europa está caindo. Vamos mais cedo captar os recursos, atrair os investimentos porque o dinheiro não vai estar na torneira por muito tempo. O mercado de trabalho vai ser menor e é muito importante que a gente entenda que agora é um benefício para os europeus”, explicou.

O futuro da relação Brasil - Europa, na indústria do H2V

A palestra seguinte trouxe o tema “Hidrogênio - Brasil encontra a Holanda”. A apresentação remota foi feita por Claire Hooft Graafland e David Koole, que representam a empresa Netherlands Enterprise Agency. Eles falaram sobre o panorama geral dos negócios existentes na Holanda que trabalham com hidrogênio, o que inclui pequenas e médias empresas inseridas na cadeia produtiva e que têm interesse na transição energética para o hidrogênio verde.

Segundo Koole, a Holanda está aberta a fazer novos negócios com o Brasil, especialmente com o Ceará, e com o restante da América Latina. Os palestrantes apresentaram, ainda, um guia com mais de 150 empresas, de dentro e de fora da Holanda, que podem gerar negócios conosco. “Vamos construir um corredor de exportação e importação entre Holanda, Brasil, Ceará e América Latina”, convidou Koole, dirigindo-se a empresários que participam do FIEC Summit.

Seguindo a programação, a palestra “Centro de Competência Brasil Alemanha em Hidrogênio Verde” trouxe a fala do Gerente de Inovação e Sustentabilidade da AHK Rio, Ansgar Pinkowski, que apresentou como a Alemanha tem se posicionado, dentro do mercado europeu de energias renováveis, e como o país tem voltado sua atenção ao Brasil.

“Com o objetivo de fortalecer o ecossistema brasileiro de Hidrogênio Verde, o governo alemão lançou o Programa de Inovação em Hidrogênio Verde - iH2Brasil -, para fomentar a pesquisa, o desenvolvimento e a inovação, por meio do apoio a soluções para toda cadeia produtiva de Hidrogênio Verde”, explicou.

Dentro deste programa, em 2021, foi criado o portal do Hidrogênio Verde (Aliança Brasil - Alemanha), que traz informações sobre as atividades nacionais e internacionais em H2V e reúne as principais partes interessadas, como governos, indústrias, universidades e organizações não-governamentais, para facilitar o desenvolvimento de projetos de alto alcance em hidrogênio verde e tecnologias PtX, bem como promover a expansão do mercado no Brasil e na Alemanha.

Os alemães já vislumbram, hoje, a necessidade de importar grande quantidade de hidrogênio verde, principalmente com as dificuldades geradas com a guerra na Ucrânia, já que a Rússia é um grande fornecedor de gás natural para a Alemanha.

Pinkowski defende, baseado em estudos feitos pela McKinsey, que o Brasil precisa produzir e usar o H2V dentro do próprio território. “O Nordeste, em geral, consegue focar na questão da exportação, mesmo através da geração de outros produtos, como amônia verde. E pode atender a certificações internacionais. O mercado nacional consegue ser suprido pelas regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul”, afirma ele.


Leilões como viabilizadores de negócios

Em seguida, os participantes assistiram à palestra “Leilão de importação H2Global”, ministrada por Nuria Hartmann, Gerente e Consultora de Estratégia da HINICIO, que participou remotamente. A empresa existe há mais de 50 anos, com escritórios na Europa e no continente americano.

Hartmann reforçou que todos os países da União Europeia, para atingir a sua meta de descarbonização até 2050, precisam de muito hidrogênio verde, porque não conseguem produzir tudo em território europeu. E isto representa também uma oportunidade para o Brasil. Segundo ela, o governo alemão vai destinar € 900 milhões, por dez anos, para o desenvolvimento do mercado de hidrogênio verde. Para isso, o plano é realizar leilões internacionais para o fornecimento de H2V para países da UE.

Para participar de leilões, países e suas empresas devem obedecer a critérios que estão sendo definidos, como referências, recursos técnicos, uso da água, gestão de resíduos etc. Se o Brasil se tornar elegível, pode assinar acordos de longo prazo (10 anos) para exportar H2V em quantidades específicas para suprir as necessidades da indústria, dos transportes e da geração de energia na Europa.

Exemplos que podem inspirar o Brasil

Ainda com o olhar voltado para o mercado externo, a palestra seguinte trouxe como tema “Estratégias Internacionais para o Hidrogênio: aprendizados para o Brasil”, tendo como palestrantes: Markus Francke, Gerente do Projeto H2Brasil na GIZ, e Felipe Toro, Líder da Equipe H2Brasil Resultado 1: Condições Estruturais - NIRAS IP Consult/GIZ.

Eles falaram sobre a atuação da GIZ no Brasil, que já ultrapassa 30 anos no setor de energia. “O projeto de hidrogênio verde tem base em um acordo com o Ministério de Minas e Energia, em 2020, um projeto relativamente grande, de € 40 milhões, em 2 anos. Tentamos trabalhar em várias áreas: aprimorar as condições legais, institucionais e tecnológicas para o desenvolvimento de uma economia verde de hidrogênio no Brasil. Trabalhamos muito com o SENAI, pois precisaremos de novos técnicos e habilidades que não estão tão presentes no país”, falou Francke.

A empresa tem estudado o cenário do H2V no Brasil, incluindo estudos ambientais e sociais em nosso país, assuntos relacionados à certificação e à rentabilidade dos projetos, além das diretrizes para financiamentos. A GIZ considera nosso país como um produtor autossuficiente de H2V, ou seja, que atende à sua própria demanda e, a longo prazo, sem depender de importações.

Toro mostrou o exemplo da Austrália, que pode ser uma referência para o Brasil e está concentrada em criar empregos, atrair investimentos e abrir novos mercados de exportação, focada na Ásia e na Alemanha. Para seguir o referencial, o Brasil deve se focar em identificar as necessidades de infraestruturas e o custo para a criação de HUBs, pois já tem vários critérios favoráveis ao desenvolvimento do mercado, como distâncias de transporte favoráveis às relações com os Estados Unidos e a Europa, e capacidade de energia renovável do Brasil muito mais desenvolvida que a Austrália.

No setor da Tecnologia, temos a oportunidade de criação de emprego e transferência de conhecimento e a possibilidade de nos juntar a parceiros internacionais para o desenvolvimento de novas soluções.

Algumas recomendações ao Brasil foram citadas por Toro, como o país ter um detalhamento das ações do Plano Nacional de Hidrogênio Verde; uma regulamentação conjunta, envolvendo a ANP, a ANEEL e outros órgãos; estabelecer entidades certificadoras de H2V e baixo carbono; desenvolver políticas de criação de HUBs e vales de produção e uso.

Para encerrar a manhã de programação no auditório José Flávio, tivemos a participação do Secretário de Estado do Ambiente e da Energia de Portugal, João Galamba. Com um discurso voltado a apresentar todas as estratégias de Portugal para o desenvolvimento do mercado de H2V e o processo de descarbonização da União Europeia, Galamba citou a meta de se chegar ao uso de 47% de fontes renováveis de energia, até 2030, quando o país pretende produzir de 2 Gw a 2,5 Gw de energia renovável baseada em hidrogênio.

“Apesar de Portugal ser um país periférico do sul da Europa, podemos ajudar nos objetivos de descarbonização e na criação de um mercado europeu”, afirmou o Secretário. A meta de Portugal é, com isso, gerar oportunidades de emprego, promover reforço tecnológico e de conhecimento, na intenção de apostar numa oportunidade estratégica conjunta, com cientistas, empresários, consumidores, investidores, organizações ambientais etc.

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