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Primeira manhã de palestras debate o protagonismo do Ceará com o HUB de Hidrogênio Verde

03/08/2022 - 17h08

A manhã desta quarta-feira, 03/08, trouxe importantes momentos para a discussão sobre a implementação do HUB do Hidrogênio Verde no Ceará. Após a cerimônia de abertura do FIEC Summit 2022, o assunto foi introduzido por Natália Castilhos, Analista da BloombergNEF para a América Latina, numa palestra com o tema “Keynote Speaker Brasil no cenário internacional do Hidrogênio Verde”.

Natalia apresentou um panorama geral sobre a BloombergNEF, uma empresa de pesquisa estratégica em energias renováveis e outras áreas correlatas, com foco na descarbonização da indústria, ou seja, na redução ou extinção da emissão de gás carbônico em todos os processos produtivos. “A tecnologia do Hidrogênio Verde tem um grande potencial para descarbonizar setores que são difíceis de diminuir emissões e pode ser usada como combustível, na área de transportes ou projetos de eletricidade; ou para a indústria, como fonte de calor; ou também pode ser usada como propriedade química na indústria de fertilizantes, no refino de petróleo, na produção de plástico e na metalurgia e produção de aço”, elencou.

A BloombergNEF identificou que 31 países já anunciaram estratégias de Hidrogênio Verde - 17 deles já em curso de preparação para a produção. Na América Latina, o Chile é o país pioneiro no assunto, tendo lançado sua estratégia em 2020, com meta de gerar 25 gigawatts (GW) de energia, através da produção de H2V por eletrólise, até 2030.

O Brasil tem um projeto bastante sólido de se tornar competitivo no mercado mundial. Segundo Castilhos, por conta dos nossos parques eólicos e de energia solar, temos mais condições de produzir H2V a baixo custo. A projeção é de que, até 2038, o custo de produzir Hidrogênio Verde, no Brasil, seja menor que o da produção de Gás Natural.

Painel - Ceará, casa do Hidrogênio Verde e sua inserção global

Em seguida, os participantes acompanharam o primeiro painel do FIEC Summit, com o tema “Ceará, Casa do Hidrogênio Verde e sua inserção global”. Moderado pelo Secretário Executivo da Casa Civil e Coordenador da Transição Energética do Estado do Ceará, Célio Fernando, este painel contou com a participação de Jurandir Picanço, Consultor de Energia da FIEC; de Duna Uribe, Diretora Executiva Comercial do Complexo do Pecém; Jorge Boeira, Fundador e Sócio-Diretor da Cognitio Consultoria e Consultor independente da Agência Alemã de Cooperação Internacional (GIZ); Carlos Costa, Senior Energy Economist do Banco Mundial; e Wieland Gurlit, Senior Partner McKinsey & Company.

Jurandir Picanço apresentou aos participantes a palestra “Políticas públicas para transição energética e HUB de Hidrogênio Verde do Ceará”. Nela, o Consultor comentou que a maior parte das energias eólica e solar produzidas no Brasil (88%) está na região Nordeste; o Ceará tem localização privilegiada, próxima a grandes mercados consumidores; e o Complexo do Pecém tem estrutura pronta para receber a produção de H2V, possibilitando ao nosso estado a força necessária para avançar como HUB.

“Neste momento, Governo do Estado, FIEC, Universidade Federal do Ceará, Complexo do Pecém, Porto de Roterdã, Agência de Cooperação GIZ e HL Soluções Ambientais estão formulando estudos e políticas públicas de energias renováveis voltadas para o desenvolvimento sustentável e a configuração de um HUB de Hidrogênio Verde.

Hoje, já são quase vinte memorandos de entendimento que estão sendo assinados, mostrando que aquilo que nós vislumbramos foi confirmado pela percepção de empreendedores que identificaram esta mesma oportunidade”, explicou Jurandir Picanço que também lembrou que o SENAI Ceará promoveu um curso de Introdução ao Hidrogênio Verde que superou as expectativas de inscrições, chegando a milhares de participantes, inclusive estrangeiros.

“O grande desafio, para usufruir da oportunidade que a natureza nos deu, é desenvolver a cadeia produtiva, desde a pesquisa, a capacitação, a produção de equipamentos à engenharia”, completou.

A Diretora Executiva Comercial do Complexo do Pecém (CP), Duna Uribe, falou sobre as “Soluções do Complexo do Pecém para o HUB de Hidrogênio Verde”. Ao apresentar a estrutura do Complexo, Duna enfatizou a importância da Zona de Processamento de Exportação, que é a única ZPE em atividade, no Brasil, desde 2013, abrigando a Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP).

“Nossa ambição, feita conjuntamente com a consultoria do Porto de Roterdã, é de que o Complexo do Pecém será o agente que vai promover que o estado do Ceará seja um player global nessa nova economia do Hidrogênio Verde”, afirmou Uribe.

Entre as soluções que o CP oferece para a produção de H2V, estão: operações em  infraestruturas já existentes, com o transporte de Hidrogênio Verde, transformado em amônia, por um píer que já está em atividade; tancagem compartilhada, reduzindo custos; rede de gás natural em que o H2V pode ser injetado; e a rede elétrica com a Subestação Pecém 2, com conexões de 230 Kv e 500Kv.

Em seguida, o palestrante foi Jorge Boeira, Fundador e Sócio-Diretor da Cognitio Consultoria e Consultor independente da Agência Alemã de Cooperação Internacional (GIZ). O tema foi “Produção de Hidrogênio Verde: oportunidades para a indústria cearense”. Boeira ressaltou a capacidade de governança e articulação no que chamou de “tríplice hélice”, envolvendo Governo do Ceará, FIEC e UFC, no diálogo pelo interesse de todos para a realização da transformação energética representada pelo Hidrogênio Verde.

Boeira listou uma série de possibilidades que podem ser consideradas por pequenas, médias e grandes empresas cearenses, que vão além da produção de H2V, propriamente dita. Por exemplo, a produção de equipamentos (como tubulações, bombas e tanques de armazenamento) e criação de sistemas e subsistemas; outros itens citados englobam também bens e serviços. “Vai ser preciso investir em capacitação, competência técnica, produtiva, tecnológica e inovação. É isso que a gente espera”, concluiu.

Na palestra de Carlos Costa, Senior Energy Economist do Banco Mundial, ministrada remotamente sob o tema “O Ceará no contexto mundial do Hidrogênio Verde”, o foco esteve no papel das políticas públicas para desbloquear os processos de transição energética e na atuação do Banco Mundial, em várias regiões do mundo, para fomentar este desafio.

Ao falar sobre o Ceará, Costa disse: “O Complexo do Pecém tem tudo para ser bem-sucedido, no mesmo nível em que o Chile está, neste momento [no processo de produção de Hidrogênio Verde]. O Ceará está na hora certa e no lugar certo para ser um grande projeto do Brasil, sendo o ‘leme deste navio’”, afirmou ele.

Fechando o primeiro painel, os participantes acompanharam a fala de Wieland Gurlit, Senior Partner McKinsey & Company. O tema de sua palestra foi “Hidrogênio verde – uma grande oportunidade para o Brasil". Gurlit enfatizou que o nosso país tem muitos diferenciais, neste assunto. “Primeiro, o Brasil é muito competitivo, em termos de baixo custo de geração de energia renovável; altíssimo potencial de expansão da base renovável; rede elétrica integrada que evita sistema isolados; e mercado doméstico muito relevante para Hidrogênio Verde que outros países, que estão compreendidos para o mercado global, não têm”, comentou.

Gurlit indicou que estudos mostram que o Brasil precisa duplicar sua base energética, até 2040, para atingir o valor projetado de custo econômico de produção de Hidrogênio Verde, entre US$ 15 bi e US$20 bi. Sobre o Ceará, nossas vantagens incluem o custo ainda mais baixo de geração de energia renovável, o potencial de capacidade adicional de expansão e o fato de ser protagonista no posicionamento para se tornar um HUB.

Para finalizar o painel, Jurandir Picanço afirmou: “O Hidrogênio Verde vai ser de uso descentralizado nas diversas atividades. Temos que focar na transformação da nossa indústria em uma indústria verde - é o fertilizante verde, o cimento verde e o aço verde. Onde, hoje, se utiliza combustíveis fósseis, terá que haver transformação”.

Painel - Plantas de Hidrogênio no HUB de Hidrogênio Verde no Ceará

O segundo painel da manhã desta quarta-feira teve como tema “Plantas de Hidrogênio no HUB de Hidrogênio Verde no Ceará”. Mediado por Francisco Queiroz Maia Júnior, Secretário do Desenvolvimento Econômico e Trabalho do Ceará (SEDET), teve como participantes: Guilherme Ricci, Diretor de Negócios da White Martins/Linde; Gustavo Silva,  Diretor de Operações COO da Qair Brasil; Luis Viga, Country Manager Brasil Fortescue Future Industries; Mark McHugh, Representante Legal TransHydrogen Alliance; e Ítalo Freitas, Vice-Presidente de Inovação e Novos Negócios da AES.

Guilherme Ricci palestrou sobre o tema “Iniciativas Linde/White Martins em Hidrogênio Verde”, mostrando que o grupo empresarial que representa já atua, há mais de cem anos, com uso de hidrogênio, em todo o mundo - sendo 40 anos no Brasil. Ricci deu foco em iniciativas que a White Martins/Linde tem para colaborar no processo de produção de Hidrogênio Verde, como a produção de H2V através de eletrólise, a armazenagem, a infraestrutura, suas estações de reabastecimento; além da captura, utilização e fixação de CO2, para evitar a emissão de gás carbônico na atmosfera; e fornecendo matéria-prima para a indústria.

Em seguida, os participantes acompanharam a palestra “Estratégia Qair para o mercado de Hidrogênio Verde no Brasil”, ministrada por Gustavo Silva,  Diretor de Operações COO da Qair Brasil. Além de mostrar os vários negócios que a Qair mantém, em diversos países, Silva enfatizou que o Brasil pode oferecer soluções energéticas no curto, médio e longo prazo para o mundo, tornando-se um dos maiores players de Hidrogênio Verde, com foco no mercado dos Estados Unidos e União Europeia.

“O Brasil tem que fazer o dever de casa e montar uma estratégia para aproveitar essa oportunidade, em vários aspectos: políticos, regulatórios, de infraestrutura e financeiro, para alavancar essa indústria”, afirmou Gustavo.

Na sequência, Luis Viga, Country Manager Brasil Fortescue Future Industries, deu sequência à programação com a palestra “Fortescue no Mercado de Hidrogênio Verde”, apresentando quatro empresas que a Fortescue mantém, com atuação múltipla: a Minderro Foundation, a Fortescue Future Industries, a Tattarang e a FMG Fortescue. Viga explicou que a corporação tem uma meta de produzir 15 milhões de toneladas de Hidrogênio Verde até 2030 e, depois disso, chegar à marca de mais de 50 milhões de toneladas.

Viga falou sobre alguns dos benefícios da produção de H2V no nosso país: “O Brasil pode ser o protagonista na descarbonização do mundo, ajudando a Europa a descarbonizar toda a sua matriz energética, exportando nosso Hidrogênio Verde e, com isso, trazendo riqueza e tecnologia; gerando empregos no Nordeste; criando parcerias tecnológicas com universidades; e reduzindo a dependência de fertilizantes importados”, elencou.

A palestra seguinte trouxe a participação presencial de Mark McHugh, Representante Legal TransHydrogen Alliance (THA). Além de apresentar a atuação de sua empresa, com o tema “A TransHydrogen e seus planos para o Ceará”, com suas quatro empresas - Protton Ventures, GES, Trammo e VARO, McHugh enfatizou que o mundo está num momento importante para a transformação energética: “Estamos convertendo o conhecimento em ação. Todos nós temos essa obrigação de fazer algo para melhorar a situação do planeta”, afirmou.

No Ceará, a THA tem um projeto de investimento de US$ 2 bilhões para produzir Hidrogênio Verde. A meta é de que, até 2026, a produção chegue a 120 mil toneladas por ano. “Nosso modelo é otimizar a cadeia de valor”, disse ele.

Fechando o ciclo de palestra desta primeira manhã, Ítalo Freitas, Vice-Presidente de Inovação e Novos Negócios da AES, falou sobre os “Desafios para o mercado de Hidrogênio Verde Global (Oferta x Demanda)”. A AES é uma empresa do setor de geração de energia que, segundo Freitas, assumiu uma meta ousada para os próximos anos. “Nossa missão é, até 2025, fecharmos todas as usinas a carvão. Claro que isso é uma negociação com os governos [de vários países]. Estamos investindo em uma tecnologia que é converter as usinas a carvão em sal fundido”, disse. A tecnologia, ainda inexistente no Brasil, permite armazenar energia elétrica gerada, por exemplo, por luz solar, em tanques com sal fundido.


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