Nova tecnologia no processamento de laticínios, com economia e responsabilidade ambiental, é debatida com especialistas, no Sindilacticínios
Na última terça-feira, 31/05, aconteceu uma importante reunião no Sindilacticínios, na Casa da Indústria. O tema foi o surgimento de uma nova tecnologia que pode revolucionar o processamento de produtos lácteos, principalmente na fase de pasteurização.
Estiveram presentes o Presidente do Sindilacticínios, José Antunes Fonseca da Mota; Juliane Doering Gasparin Carvalho, farmacêutica e bioquímica, com doutorado em Tecnologia de Alimentos, representando a Universidade Federal do Ceará (UFC); Luciana de Siqueira Oliveira, também da UFC, engenheira de alimentos, com doutorado em Bioquímica; o Head do Hub de Inovação do IEL Ceará, Fábio Braga; e o professor Glendo de Freitas Guimarães, físico, com doutorado em Teleinformática.
Atualmente, o leite cru passa por um processo de pasteurização que é, basicamente, um tratamento térmico com a finalidade de destruir microorganismos patogênicos e reduzir a microbiota deteriorante - ou seja, são destruídas as bactérias “boas” e as “ruins”, neste método. Além disso, o aquecimento do leite, embora abaixo de 100°C, pode alterar as propriedades tecnológicas do leite e seu perfil nutricional.
A nova ideia, fruto de um estudo em andamento na UFC e no Instituto Federal do Ceará (IFCE), é utilizar a luz ultravioleta (UV) para descontaminar os alimentos, usando alta pressão hidrostática, pulsos elétricos e radiações ionizantes. O objetivo é garantir a segurança microbiológica de alimentos e a higienização correta dos equipamentos. O passo necessário para determinar o bom uso desta nova metodologia é descobrir a dosagem certa de luz UV, bem como o tempo de exposição e a profundidade de penetração no leite cru.
Segundo o Presidente do Sindilacticínios, José Antunes, se a nova tecnologia se tornar realidade, haverá um impacto significativamente positivo na produção de laticínios, em toda a indústria: “O uso dessa nova tecnologia está completamente dentro da mentalidade ESG, cuidando, principalmente, do meio ambiente e do social. Melhoraremos o ambiente de trabalho para funcionários que estão em um ambiente com muito calor, gerado pelo vapor do pasteurizador - que, hoje, é um equipamento que custa em torno de R$ 150 mil. Também tem a questão da economia de energia, já que poderemos ligar os novos equipamentos a placas solares - usando energia renovável. Através da FIEC, também vamos poder prestigiar o pequeno produtor, que poderá obter sua certificação e melhorar sua produção”, explica.
A própria qualidade dos produtos deve mudar para melhor, segundo Antunes: “Já que a nova tecnologia mantém as bactérias boas do leite, o queijo, por exemplo, vai ficar mais saboroso”, comenta ele.