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REVISTA DA FIEC - Há vagas com bons salários para técnicos, mas faltam trabalhadores qualificados

18/10/2017 - 13h10

 

Mesmo com a redução do número de empregos no Brasil nos últimos anos, ainda há uma grande demanda por profissionais qualificados. Segundo a pesquisa Escassez de Talentos 2015, feita pela empresa multinacional de seleção e recrutamento ManpowerGroup, o Brasil é o 4º país com maior dificuldade para preencher vagas de trabalho e os profissionais mais difíceis de encontrar são os de nível técnico.

Desde 2005, a ManpowerGroup realiza a pesquisa em 42 países com o intuito de mensurar a dificuldade de empresas em encontrar profissionais capacitados. Mesmo com o fechamento de vagas no mercado de trabalho por causa da crise econômica, 61% das empresas brasileiras relataram ter dificuldades para preencher as oportunidades abertas em 2015. O país só ficou atrás do Japão (83%), Peru (68%) e Hong Kong (65%). A média mundial foi de 38%.

Muitas das profissões técnicas têm média salarial maior do que ocupações de nível superior no país, segundo os dados mais recentes da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), de 2015. É o caso do técnico em mineração, que recebe, em média, R$ 7,3 mil. O supervisor de produção da Vallourec, Edson Maia, afirma que está no cargo graças ao curso feito no Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI). “O curso no SENAI me ajudou a conquistar uma posição melhor na empresa”, diz.

As profissões de supervisores de manutenção eletromecânica; técnicos de produção de indústria química, petroquímica, refino de petróleo, gás e afins; supervisores de extração mineral; e técnico de apoio de pesquisa e desenvolvimento também são outros exemplos de ocupações com altos salários. Trabalhadores nessas funções recebem, em média, mais de R$ 5,6 mil, enquanto a média do salário de enfermeiros, nutricionistas e jornalistas não passa de R$ 4,6 mil. No entanto, mesmo com bons salários, faltam profissionais qualificados para ocupar as vagas.

ACADEMICISMO
Segundo o diretor-geral do SENAI, Rafael Lucchesi, a falta de profissionais de nível técnico no mercado ocorre porque o sistema educacional brasileiro está orientado apenas para o ensino superior. “O aluno do ensino médio era orientado aos exames de ingresso na universidade sem informação suficiente sobre as opções de educação profissional e seus benefícios para a inserção no mercado de trabalho”, avalia.

No Brasil, 9,3% dos estudantes fazem cursos profissionais junto com o ensino médio. Esse número não chega nem perto de outros países como Áustria (75,3%), Finlândia (70,1%) e Alemanha (48,3%). A expectativa é que a recente reforma do ensino médio ajude a ampliar esse número.

Segundo a nova legislação (Lei 13.415, sancionada em fevereiro), a formação técnica e profissional será um dos cinco itinerários para aprofundamento dos estudos disponíveis aos alunos dessa fase escolar. Ao final, quem fizer essa escolha terá os diplomas do ensino médio e da formação técnico profissional.

A qualificação profissional ajuda os trabalhadores a ingressarem mais rápido no mercado de trabalho. De acordo com Pesquisa de Acompanhamento de Egressos do SENAI, seis em cada dez ex-alunos de cursos técnicos formados em 2015 já estavam empregados em 2016, mesmo em meio à crise econômica. “O curso técnico é o caminho mais rápido para a inserção qualificada do jovem no mercado de trabalho, pois o estudante aprende a teoria alinhada com a prática”, explica Lucchesi. “No ambiente escolar, ele participa de situações reais do trabalho em empresas e indústrias e já se depara com situações e resoluções de problemas do cotidiano da profissão”, complementa.

O curso técnico é uma das modalidades de educação profissional. É destinado a pessoas que já concluíram ou que estejam cursando o ensino médio. Têm carga horária média de 1.200h (1 ano e 6 meses) e, ao término, o aluno recebe um diploma e ganha uma profissão. Os mais procurados das profissões industriais são os de Segurança no Trabalho, Edificações, Mecânica e Eletrotécnica.

Segundo a pesquisa do SENAI, 94% das empresas dizem preferir contratar técnicos formados pelo SENAI. Para o gerente-executivo de Educação Profissional e Tecnológica do SENAI, Felipe Morgado, esse é o resultado da proximidade da instituição com o setor produtivo. “Nós estudamos qual o perfil profissional que a indústria vai necessitar nos próximos cinco anos e desenvolvemos nossos cursos. Por isso nosso aluno sai mais qualificado e bem preparado para desenvolver um bom trabalho dentro das empresas”, explica.

Essa matéria faz parte de uma série que está sendo publicada de 16/10 a 19/10.

Acesse as matérias anteriores:
"Brasil terá de qualificar 13 milhões de trabalhadores em profissões industriais até 2020"

Leia essa e outras matérias na Revista da FIEC.
 

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