Sindiredes e Cores visitam projeto em Unidade Prisional

Um movimento paciente e preciso fazem as mãos de Talysson dos Santos darem forma ao que antes era apenas barbante e lã. O resultado são tapetes que parecem simples ao primeiro olhar, mas que ganham complexidade se vistos em processo de feitura, cheio de cores e trançados miúdos.

Como na tapeçaria, a trama da vida também tem passo a passo vagaroso. Na história de Talysson, essa teia complexa o levou a um resultado difícil de tragar: a privação de liberdade. Ele é um dos 150 internos da Unidade Prisional Irmã Imelda Lima Pontes. Com 1 ano e 1 mês de existência, a instituição abriga pessoas que consideradas de baixa periculosidade e tem na oferta de oficinas diversas um diferencial. “Nós tentamos simular uma sociedade como a que existe fora daqui, então não oferecemos apenas educação, saúde e assistência jurídica, mas também arte, cultura e lazer”, conta a diretora da unidade, Lídia Amaral.

Há cinco semanas, as aulas de tapeçaria começaram a figurar entre as atividades disponibilizadas. “É um jogo de paciência e decisão. Se eles não pensarem no que estão fazendo, é fácil se perder”, explica o professor e restaurador Gilberto Brito. Aluisio da Silva Ramalho, presidente do Sindicato das Indústrias de Redes do Estado do Ceará (Sindiredes), entidade que apoia o projeto desde o início, esteve na Unidade na última sexta-feira (4), acompanhado das integrantes do Conselho de Responsabilidade Social da FIEC, Vânia Dummar, Ana Studart e Beatriz Gurgel, para ver de perto o trabalho desenvolvido.

Segundo Aluisio Ramalho, a produção de redes costuma gerar bastante resíduo, como sobras de teares, tecidos e algodão. Assim, foi o interesse em dar utilidade a essas sobras o que levou o Sindicato a apoiar o projeto na Unidade Irmã Imelda. “São pessoas muito esquecidas pela sociedade. Estou muito satisfeito em ver que aqui as potencialidades dos internos são aproveitadas, e que nós contribuímos para isso. Acho que se outros empresários viessem até aqui, eles teriam vontade de contribuir também”, afirma ele, que nunca havia estado anteriormente em um presídio.

Com aulas e exercícios diários, a evolução dos novos artesãos é perceptível, apesar do pouco tempo de prática. No dia da visita, o interno Ernesto Silva estava prestes a finalizar mais uma obra, desta vez com um desenho diferenciado que lhe tomou mais tempo que o comum. “Demorou três dias para fazer, os outros demoram só um. Os desenhos revelam um pouco da nossa personalidade”, conta. Logo ao lado, Talysson falava das semanas de aprendizado, revelando na fala animada a esperança de dias melhores. “Eu me encontrei nessa atividade. Sou de Aquiraz e pretendo trabalhar com isso quando sair daqui, vendendo meus tapetes em algum ponto onde passem muitos visitantes. Eu errei no passado, mas quero superar, e isso me dará uma nova oportunidade”.

Para saber como apoiar, entre em contato com Coordenadoria de Inclusão Social do Preso e do Egresso – Cispe, no telefone: (85) 3101.7725.

*Os nomes dos internos foram trocados para preservar sua identidade