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Projetos dos Institutos SENAI de Inovação ajudam a diminuir riscos e garantir a segurança de trabalhadores

23/06/2017 - 08h06

Com tecnologias de ponta, como realidade virtual e monitoramento por sensores, equipamentos e dispositivos desenvolvidos ajudam a fazer inspeções em áreas de abastecimento de aviões e minas subterrâneas de extração de minérios. 

Os Institutos SENAI de Inovação, rede nacional de 25 centros de pesquisa aplicada, desenvolvem soluções que diminuem riscos em ambientes perigosos e aumentam a segurança dos trabalhadores. É o caso do projeto que criou um robô para inspeção de dutos de QAV (combustível de aeronaves) em áreas chamadas classificadas, locais com atmosferas inflamáveis, como regiões para abastecimento de aviões em aeroportos. Com movimento pneumático (ar comprimido), sem componentes elétricos que produzam calor ou faísca, o robô torna viável operar nessas regiões.

O protótipo é a aposta do empresário Ivan Boesing para alavancar a UpSensor, empresa especializada em oferecer soluções tecnológicas. “Já temos conversas com algumas empresas. Uma das áreas mais promissoras é a inspeção de dutos que ficam embaixo dos aeroportos, que precisam ser inspecionados uma vez por ano para verificar sua integridade, se estão com alguma corrosão, por exemplo”, explica ele. Atualmente, esse tipo de inspeção é feita por meio de pressão hidrostática (com água) para detectar eventuais vazamentos.

O projeto, que começou a ser desenvolvido em 2013 com investimento de R$ 1,6 milhão, foi realizado por dois centros da rede nacional: os Institutos SENAI de Inovação em Polímeros, localizado em São Leopoldo, no Rio Grande do Sul, que produziu as partes não metálicas, e o de Sistemas Embarcados, em Joinville, em Santa Catarina, que desenvolveu a eletrônica que faz o robô ser controlado.

“Os institutos vieram para auxiliar a empresa a resolver problemas que demandariam muitos recursos, engenheiros e pessoal qualificado, que talvez não tivesse capacidade de contratar. Como os institutos têm know how, equipamentos, laboratórios, com um custo muito baixo, conseguimos desenvolver esse equipamento”, elogia Boesing, que participou ativamente do desenvolvimento do protótipo graças à sua formação acadêmica. Graduado em Física, ele tem mestrado em Engenharia Mecânica e doutorado em Ciência da Computação.

Já a pesquisa realizada no Instituto SENAI em Tecnologias Minerais, em Belém, solucionou o problema de segurança em outro ambiente perigoso: regiões de extração de minérios. Em parceria com a empresa Urizen, especializada em novas tecnologias, os pesquisadores do instituto desenvolveram um simulador que utiliza realidade virtual para preparar o trabalhador a se comportar em ambientes de risco, como minas de extração de minérios. O projeto, de R$ 230 mil, é um game que treina o profissional em procedimentos essenciais para sua segurança. O simulador já está sendo testado em uma grande mineradora do Pará e em breve chegará ao mercado.

O Instituto também desenvolve um dispositivo que será utilizado em vestimentas e capacetes para permitir a localização de pessoas e máquinas em minas subterrâneas. O equipamento faz um monitoramento inteligente da movimentação e, em caso de risco de acidentes, emite alertas para evitar choques. “Como o ambiente dessas minas é fechado, escuro, às vezes com pouco oxigênio, possui riscos. O objetivo é evitar acidentes ou, caso ocorram, enviar equipes de resgate de forma precisa”, explica o diretor do instituto, Dr. Joner Oliveira Alves. Essa linha de trabalho do centro de pesquisa é desenvolvida em parceria com unidades do Serviço Social da Indústria (SESI), especializadas em saúde e segurança no trabalho.

FERTILIZANTES – Outra linha de pesquisa em inovação de alto interesse das indústrias da área mineral é o desenvolvimento de novos produtos. O Instituto SENAI em Processamento Mineral, em Belo Horizonte, é responsável por projeto para extração de fosfato a partir de minérios marginais, considerados de baixo valor comercial.

Os processos e rotas desenvolvidos no projeto apresentaram como principais diferenciais inovadores a obtenção de um produto contendo potássio e fósforo de forma concentrada como fonte de nutrientes para preparação de soluções nutritivas de vegetais, correção de deficiências de solos, uso em alimentos, fármacos, entre outras aplicações”, explica a diretora do instituto, Dra. Débora Fernandes Almeida. “O projeto possibilitou ainda a produção de um fertilizante fosfatado mais puro e menor geração de resíduos do que a rota ácida, que ainda é a mais utilizada industrialmente. ”

A aplicação de fertilizantes na lavoura pode ter ainda uma ajuda crucial da tecnologia. Projeto do Instituto SENAI de Inovação em Soluções Integradas em Metalmecânica, de São Leopoldo (RS), levou ao desenvolvimento de um sistema de controle de adubação em tempo real para ser instalado em máquinas agrícolas de aplicação de fertilizantes. Com o equipamento, composto por sensores óticos e controlador eletrônico, é possível medir o estado nutritivo da lavoura por meio da reflectância, ou seja, da emissão de luz.

A partir dos dados, é possível calcular e aplicar taxas variáveis de adubo de acordo com a necessidade nutricional da planta, explica o proprietário da empresa Falker Automação Agrícola, Márcio Albuquerque. A meta é passar a comercializar o produto, que está na fase final de testes, ainda neste ano.

Segundo o empresário, esse será o primeiro equipamento do tipo produzido no Brasil. “Este é o único equipamento nacional do gênero, desenvolvido no mercado nacional, considerando as condições do país e com aperfeiçoamentos técnicos em relação aos importados”, explica. O projeto, desenvolvido há sete anos, em parceria com a Universidade Federal do Rio Grande Sul, teve financiamento do Edital SENAI SESI de Inovação, atualmente chamado Edital de Inovação para a Indústria, e da Finep, empresa pública de fomento à ciência, tecnologia e inovação.

A Falker, empresa de equipamentos para coleta de informações agronômicas, desenvolve outros quatro projetos em parceria com a rede de inovação do SENAI.  “Temos parcerias diversas com o SENAI há dez anos e, junto com as universidades, temos diferentes visões e competências sobre os projetos. Não há como ter na empresa pessoas com todas as competências necessárias para projetos desse porte”, justifica.

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