Monitorando os avanços
A superação da crise passa pelo chamado ajuste fiscal. Só assim poderemos trilhar o caminho da retomada do crescimento econômico: com controle do orçamento público tem-se espaço para redução dos juros (afinal, governo não terá que recorrer sistematicamente ao setor financeiro para financiar seu déficit) e, consequentemente, ampliação do crédito; com isso, estimulamos os investimentos (inclusive externos) e a produção e, consequentemente, o emprego e a renda. Esse cenário ainda favorece melhores condições para redução do endividamento de pessoas e empresas. Para melhor monitoramento dos avanços que temos tido nessa direção, seguem algumas importantes atualizações:
Inflação: com trajetória descendente há alguns meses, a inflação está claramente convergindo para o centro da meta anual definida pelo governo (4,5%). Além disso, o resultado de janeiro foi muito comemorado. A alta de apenas 0,38% foi o menor valor para este mês em toda a série histórica, iniciada em 1979. As causas apontadas foram a recessão, a valorização do Real e bons resultados de safras agrícolas. Sempre importante lembrar que uma queda mais acelerada dos juros depende, fundamentalmente, do controle da inflação.
Juros: com inflação em queda, a Selic, atualmente, em 13%, deverá terminar 2017 em torno de 9,75% (Itaú, por exemplo, revisou, nessa semana, sua estimativa para 9,25%).
Câmbio: quadro segue sendo de apreciação do Real. Os modelos de previsão do Banco Fibra revelam que o dólar pode ser negociado, ao final do ano, entre R$ 2,90 e R$ 3,20 (governo, entretanto, ainda trabalha com R$ 3,40). Essas projeções levam em conta a menor chance de aumento dos juros pelo Banco Central dos EUA (Federal Reserve), em reunião do próximo dia 15 de março, e a aprovação pelo Congresso da nossa reforma da previdência.
Arrecadação de Impostos: em janeiro, a receita proveniente dos tributos federais administrados pela Receita (exceção da contribuição previdenciária) cresceu 1%, em termos reais. Isso interrompe uma série de reduções – é o primeiro aumento real desde março de 2015 (desconsiderando a receita extra com a chamada “repatriação”).
Meta Fiscal: pode ser entendida como a economia que o governo promete fazer para impedir que sua dívida cresça. Para este ano, a promessa é de um déficit de R$ 142 bilhões. Para conseguir isso, é estimado um aumento nominal de 7,5% na receita, em comparação com a obtida em 2016. O crescimento da arrecadação, claro, é fundamental para que se confirme essa expectativa.
Atividade Econômica: iniciamos 2017 com uma herança de anos anteriores avaliada em -1,5%. Então, como projetamos crescer 0,5% neste ano, nossa atividade econômica deverá rodar a 2%. Trata-se, portanto, de uma recuperação lenta e que deverá ser gradual – ritmo maior de crescimento no 2º semestre. Os dados atuais, por sua vez, ainda estão aquém do desejado. A atividade econômica caiu 0,5% no trimestre encerrado em novembro. Por outro lado, a elevação da produção industrial em dezembro (comparada a novembro) de 2,3%, após difícil período, sinaliza algum avanço.
Confira as edições anteriores da Análise Econômica Semanal:
03/02 - Medidas microeconômicas do Banco Central melhoram ambiente de negócios
27/01 - Sinais positivos
20/01 - O potencial de crescimento e os seus riscos
13/01 - As boas notícias e os ajustes necessários
07/01 - A retomada virá em 2017
16/12 - Melhoria do ambiente de negócios
09/12 - Pressupostos da recuperação da economia
02/12 - A volta da instabilidade política
25/11 - Crise política: persistente pedra no caminho de nossa recuperação econômica
18/11 - Crise é mais profunda do que se imaginava
11/11 - Endividamento: freio à retomada do crescimento
04/11 - O risco Trump
28/10 - Conter gastos públicos é necessário para a retomada econômica
21/10 - Por que os juros não caíram mais?
14/10 - Repatriação e investimentos: reforços no caixa
07/10 - PEC dos gastos e as reformas necessárias
30/09 - O Brasil e o ranking de competitividade econômica
23/09 - Avanços e riscos de um novo modelo de ensino médio
16/09 - O primeiro pacote de concessões
09/09 - O IDEB e os impactos na economia
18/08 - Dívida dos Estados e a necessidade de superar as ineficiências institucionais
05/08 - A queda da inflação e a revisão dos juros
29/07 - Déficit nas contas públicas: solução passa por investimentos e exportações
22/07 - Mudança na SELIC terá que vir acompanhada de medidas fiscais
15/07 - Precisamos aproveitar o cenário favorável
08/07 - Respeito às restrições do orçamento é imprescindível para alcançar meta fiscal
01/07 - O elemento central para a retomada da econonomia
24/06 - O "Brexit" como mais um desafio para a agenda internacional brasileira
17/06 - Sinais de confiança na retomada da economia
10/06 - Foco no cumprimento da meta de inflação
03/06 - No Caminho da austeridade
27/05 - Primeiras medidas evitam agravamento do quadro fiscal
20/05 - Controle das contas públicas e a eficiente gestão do gasto
13/05 - Competitividade, chave para retomada do crescimento
06/05 - A premissa da eficiência do gasto público
29/04 - O equilíbrio que se faz necessário nesse momento
22/04 - Os desafios do pós-Dilma
15/04 - Próximos dias darão o tom sobre as incertezas
08/04 - Um governo novo ou um "novo governo?
01/04 - FUTURO: Uma construção coletiva
24/03 - Não há saída sem a recuperação da confiança
18/03 - Destaques econômicos em segundo plano
11/03 - Os humores da política
04/03 - Efeitos da Lava Jato na economia
26/02 - Até que enfim, um sopro de positividade
19/02 - Programação Orçamentária e Financeira para 2016: cortes de gastos de R$ 24 bilhões