Diretores da Companhia Docas propõem ampliação do debate sobre a problemática da tancagem no Ceará



A situação da tancagem no Ceará voltou ao debate durante reunião do Conselho Temático de Infraestrutura da FIEC (Coinfra) realizada na Casa da Indústria nesta terça-feira (23/8). Os diretores da Companhia Docas do Ceará, César Augusto Pinheiro e Mário Jorge Cavalcanti Moreira, participaram do encontro e reconheceram o problema da defasagem e da depreciação do parque do Mucuripe, mas trouxeram novos argumentos à discussão em relação à segurança.

Segundo eles, o risco maior está ligado ao transporte do combustível e não no armazenamento. “Nunca houve um acidente e sequer uma pessoa morreu na área dos tanques no Mucuripe. Só em 2016 já foram oito caminhoneiros mortos transportando combustível nas estradas. O risco também a gente convive todos os dias com os postos de gasolina vizinhos às nossas casas”, disse Mário Jorge. 

O aprofundamento do debate, segundo eles, é urgente e deve ser mais plural, incluindo todos os atores envolvidos na questão como os distribuidores e a própria Companhia Docas, sob pena de Fortaleza enfrentar um colapso no abastecimento de combustível. Eles propõem que haja uma adequação na estrutura atual até que uma solução definitiva seja construída a partir de um diálogo mais amplo com toda a sociedade. Os diretores criticaram a maneira “impositiva” como o assunto é conduzido pelo estado desde que a problemática começou a ser publicamente tratada. 

Em relação à saída dos tanques do Mucuripe para o Pecém, os diretores afirmaram que não são contra a medida, porém sugerem que seja feita de forma planejada. “Essa questão é antiga. Quanto tempo será necessário ainda para que o parque saia do Mucuripe? Como será feito isso? Eu, Companhia Docas, preciso me preparar. Outra coisa, se é para sair de lá sob o argumento da segurança, tem que sair tudo, integralmente, incluindo o GLP, que é mais perigoso. Precisamos considerar também a existência da Lubnor, que produz o asfalto que abastece Ceará, Amapá, Pará, Maranhão, Piauí, Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco”, ponderou César Pinheiro. 

Outro ponto discutido foi o preço da gasolina, que segundo os diretores é diretamente impactado pela tancagem insuficiente. O Ceará, depois do Acre, é o estado onde a gasolina é mais cara, já que 30% do nosso combustível vem do Maranhão ou de Pernambuco de caminhão, o que implica também na perda de receita para o estado. Eles citaram ainda o caso de um distribuidor que desmobilizou toda a sua estrutura de tancagem com a garantia da saída para o Pecém. Como isso não ocorreu, o distribuidor está pagando aluguel no tanque de outro distribuidor para armazenar o seu combustível, o que acaba aumentando o valor repassado aos clientes.   

Além disso, sem a tancagem suficiente, um navio que chega ao porto com 30 mil toneladas de combustível, por exemplo, só pode descarregar o limite de 20 mil toneladas. Esse navio fica esperando que 10 mil toneladas sejam transportadas do tanque via terrestre até que a embarcação possa atracar novamente e descarregar o combustível restante. O custo de manter esse navio parado fica com o distribuidor que, por sua vez, o repassa aos consumidores.   

“A questão é: não se pode manter como está hoje, mas não se define como será a saída. Enquanto isso, os consumidores vão pagando o preço. É preciso haver um planejamento estudado, chamando para o diálogo todos os envolvidos para encontrar a melhor saída”, destacou Mário Jorge.

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