Rede de Pesquisa e Inovação em Energias Renováveis do Ceará é lançada na Casa da Indústria

A Casa da Indústria foi palco, nesta quarta-feira (13/03), do lançamento da Rede de Pesquisa e Inovação em Energias Renováveis do Ceará (Rede VERDES), uma iniciativa pioneira no Estado que tem como objetivo a realização de pesquisas básicas e aplicadas de forma colaborativa e multidisciplinar para transferência de tecnologia para o setor. O evento, que reuniu na plateia acadêmicos do Ceará e de outros Estados, além de representantes de diversas instituições públicas e privadas, lotou o auditório da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC) para as apresentações dos 12 projetos contemplados pela Rede.

A abertura do evento contou com a participação da Superintendente do Instituto Euvaldo Lodi (IEL Ceará), Dana Nunes, do Diretor Regional do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI Ceará) e Superintendente do Serviço Social da Indústria (SESI Ceará), Paulo André Holanda, do Diretor de Inovação da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Ceará (Funcap), Jorge Barbosa Soares, da Vice-Reitora da Universidade Federal do Ceará (UFC), Diana Cristina Silva de Azevedo, do Reitor da Universidade Estadual do Ceará (UECE), Hildebrando dos Santos Soares, da Pró-Reitora de Pesquisa e Inovação do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE), Joélia Marques de Carvalho, do Diretor Presidente do Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP), Hugo Figueiredo, e do coordenador geral da Rede VERDES, Célio Loureiro Cavalcante Jr., que conduziu o evento.     

A Superintendente do IEL Ceará, Dana Nunes, representando o Presidente da FIEC, Ricardo Cavalcante, abriu o workshop falando da satisfação de ter o IEL Ceará, enquanto Instituto de Ciência e Tecnologia (ICT), participando da articulação dessa Rede que é tão estratégica para o Ceará. Ela destacou o estímulo dado pelo Presidente da FIEC, Ricardo Cavalcante, na participação de iniciativas que aproximem a academia do setor produtivo.  

“É um orgulho fazer parte da construção da Rede e ver todo esse desenvolvimento, que tem como elo a união de tantas competências de pesquisadores e instituições diversas, focando no avanço dos projetos que certamente irão impulsionar o desenvolvimento do Ceará. Desde que o IEL se tornou um ICT a gente vem trabalhando para se conectar cada vez mais com o ecossistema cearense e o nosso Presidente Ricardo sempre nos incentiva a atuarmos sempre em conjunto. Nós do Sistema FIEC - SESI, SENAI, IEL, CIN (Centro Internacional de Negócios) e Observatório da Indústria -, estamos à disposição para contribuir com essa jornada e fazer esses projetos voarem, favorecendo o desenvolvimento do nosso Estado. Parabéns pela iniciativa e contem conosco”, afirmou.

A Rede VERDES surgiu a partir de um edital de fomento da Funcap, lançado no ano passado visando a geração de conhecimento, a formação de recursos humanos qualificados e o desenvolvimento de soluções tecnológicas para uma transição energética sustentável. Para o Diretor de Inovação da Funcap, Jorge Barbosa Soares, o lançamento da Rede VERDES na FIEC, que é a Casa da Indústria, é muito simbólico. Segundo ele, é a primeira vez que a Funcap, em 33 anos de história, instituiu um instrumento de fomento para uma rede e ele foi elaborado com base em outras ações existentes no Brasil.

“Embora seja um grupo acadêmico, a Rede é uma ação grande, transversal, que envolve muitas instituições, pesquisadores, alunos, mas também as empresas, a indústria. O desafio é converter temas científicos importantes em aplicação para a indústria. Esse não é um desafio simples, mas essa convergência precisa ser uma busca permanente e a Rede é uma experiência que irá proporcionar essa convergência. É uma satisfação para a Funcap ser a agência fomentadora, juntamente com outros atores, como a FIEC, de tudo isso”, sublinhou.

O Reitor da UECE, representando as instituições que coordenam a Rede, observou que a iniciativa faz parte de um projeto de desenvolvimento do Ceará, que partiu de uma decisão política baseada no entendimento da economia verde como fonte de produção de riqueza, além da necessidade de descarbonização da economia mundial. “É necessário prepararmos uma mão de obra qualificada para a atividade vinculada às energias renováveis, mas mais que isso é preciso apostar no conhecimento numa nova perspectiva de transformação econômica e social do nosso Estado. A Rede Verdes representa a união da inteligência do Estado do Ceará para produzir o conhecimento para que tenhamos protagonismo nessa nova frente de transição energética”, ponderou.

 

Multidisciplinar

Após os pronunciamentos iniciais, o Professor Doutor da UFC, Célio Cavalcante Jr, deu continuidade ao evento fazendo uma apresentação da Rede. Ele destacou que o Sistema FIEC tem sido fundamental na construção da Rede e nas conexões com o setor empresarial. “Em agosto do ano passado começamos a nos reunir e uma reunião realizada aqui, na Casa da Indústria, com a articulação do IEL Ceará, foi crucial para a formatação final da proposta que submetemos ao edital. A gente não quer que essas pesquisas fiquem só no meio acadêmico, mas que tenham interação com as empresas e aplicação industrial. A interlocução com o meio externo é fundamental no nosso ambiente de rede, sem ele nós não teremos sucesso”, observou.

Ao todo, cerca de 100 pesquisadores ligados a 26 unidades de pesquisa (laboratórios) de 14 diferentes instituições compõem a Rede, distribuídos inicialmente entre 12 projetos de pesquisa multidisciplinares, em quatro áreas temáticas: energias renováveis, transporte e combustíveis sintéticos, aplicações industriais e hidrogênio verde.

Os projetos são fruto de ações integradas entre as unidades de pesquisa cearenses em várias áreas de atuação, indo desde a Pesquisa Fundamental, como base para desenvolvimentos posteriores em temáticas estratégicas do setor de energias renováveis, até a Gestão da Inovação, que atuará como vetor integrador entre as atividades de pesquisa e o setor industrial.

O apoio da Funcap prevê o subsídio de R$ 16 milhões para o projeto durante seus quatro anos de execução. No primeiro ano, o financiamento será de 4 milhões. O orçamento para os anos seguintes fica condicionado à prestação de contas técnica e financeira por parte da Rede.

Inovação 

A programação seguiu com uma palestra do Diretor Presidente do Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP), Hugo Figueiredo. Ele abordou a evolução do empreendimento nos últimos anos até tornar-se um grande hub de Hidrogênio Verde, abrigando os primeiros projetos da área no Brasil. Hoje, são mais de 35 memorandos de entendimentos assinados entre o Governo do Estado e empresas interessadas em atuar nas diversas etapas da cadeia produtiva do Hidrogênio Verde, dos quais cinco já têm pré-contratos assinados. De acordo com o executivo, a expectativa é de que esses memorandos se convertam em investimentos da ordem de US$ 8 bilhões até 2030.

“Aqui no CIPP, a estratégia é constituir um hub de Hidrogênio Verde destinado à produção, mas também ao estímulo ao consumo interno e ao avanço para produtos de maior valor agregado, mirando inicialmente ao mercado externo, que é onde está a maior demanda atualmente. Estamos fazendo investimentos, inclusive com recursos do Banco Mundial, para adequar a nossa estrutura portuária para movimentar o Hidrogênio Verde inicialmente na forma de amônia. Por outro lado, o Porto de Roterdã, que é nosso parceiro, também está está se preparando para receber esse Hidrogênio Verde e entregá-lo aos principais mercados consumidores no norte da Europa. É o que chamamos de corredor verde”, frisou.

Figueiredo pontuou que para aproveitar todas as oportunidades que o Hidrogênio Verde oferece é preciso estimular a inovação. Por isso, será implantado um Centro de Inovação em Combustíveis Sintéticos Renováveis, no Pecém, vislumbrando a possibilidade de produção de produtos com maior valor agregado para os mercados interno e externo. “Já temos recursos assegurados pelo Banco Mundial e Fundos de Investimentos Climáticos de US$ 6,5 milhões para a implantação desse centro. Além da nossa equipe, trabalhamos com o SENAI Ceará e com a Adece (Agência de Desenvolvimento do Estado do Ceará), que têm sido fundamentais para a formatação desse equipamento. O convite que eu faço aqui à Rede Verdes é que ela possa participar também dessa concepção”, disse.

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