O protagonismo da mulher na indústria gráfica

Na Semana em que se comemora o Dia Internacional da Mulher, o Sindicato da Indústria Gráfica do Estado do Ceará (Sindgrafica CE) faz um resgate de nomes de empresárias que marcam a história na indústria Gráfica cearense

A participação feminina no mercado de trabalho é, desde sempre, envolta de muitas barreiras a serem derrubadas. Estudos mostram que elas ocupam somente 19% dos cargos de liderança no Brasil e apenas 3% dos grupos empresariais brasileiros são presididos por mulheres. Na indústria gráfica cearense, no entanto, a presença feminina no comando de empresas vem de muitas décadas.

Na foto do início dos anos 50, é possível ver Yara Bezerra de Meneses Fontenelle, entre os primeiros gráficos do Ceará. Fundou a Grafam com o marido e, com a viuvez precoce, assumiu o comando dos negócios da família. Depois do sucesso de sua gestão, anos depois, passou a função para os filhos. Hoje, o neto, Raul Fontenelle, preside a gráfica.

Na também tradicional Pouchain Impressos, a liderança feminina vem desde sua fundação. Luiza Bastos Pouchain e Jeannette Pouchain, mãe e filha, estão na primeira sociedade da empresa. Na geração seguinte, Vienna assumiu o comando ao lado do marido e manteve a gráfica entre as maiores do Estado.  Nos anos 90, foi a vez de Rochelle Holanda, bisneta de Luiza, abraçar o desafio, junto com o irmão. Atualmente, em sociedade com o marido, atravessa com firmeza e responsabilidade, a maior pandemia da história recente.

Na família Esteves, as mulheres esperaram três gerações para, enfim, abraçar a condução de um parque gráfico. A estreia coube à Fernanda, bisneta de Raimundo Esteves, empresário que assinou a ata de criação do Sindicato das Gráficas em 1943. 

Psicóloga de formação, atendia em uma clínica e ajudava na gráfica nas horas vagas. Quando precisou ficar à frente da operação digital da Prints, não saiu mais. “O setor gráfico faz parte da minha história de vida familiar e hoje faz parte do meu futuro”, resume. Fernanda reconhece a necessidade de aumentar a participação feminina. “Na equipe de 25 pessoas, são apenas 4 mulheres. Estar em um mercado com representação masculina tão forte, é muito significativo pra mim”.

Na Claudino Embalagens, a proporção é contrária. São 20 mulheres e 10 homens na equipe. A empresa, criada há quase 30 anos, é conduzida pelas irmãs Sandra e Fátima Claudino. Especializada em sacolas e caixas de papel para loja de varejo, a Claudino Embalagens costuma contratar outras mulheres, principalmente para acabamento das peças.  Foi a primeira empresa do Ceará a conquistar o Prêmio Fernando Pini, na categoria embalagens. A premiação é a mais importante da indústria gráfica.

Em 1996, quando deixou o Banco do Brasil para dedicar-se à Sobral Gráfica, inaugurada dois anos antes, a empresária Norma Silvia Linhares Martins Brito enfrentou resistência de muitos. Mas foi com sua administração, ao lado do marido, que a empresa colocou a cidade de Sobral no raio de atuação da indústria gráfica e hoje conta com dois escritórios comerciais, em Fortaleza e Teresina.  “A gráfica cresceu muito. Éramos eu e o Hélio dentro do negócio, com os meninos brincando de trabalhar”, lembra.  Atualmente, Norma faz parte do conselho da empresa, de onde contribui com conselhos valorosos para os filhos.

Entre “os meninos que brincavam de trabalhar”, estava Geísa, atual diretora administrativa e financeira da Sobral Gráfica. A última dos irmãos a entrar para a empresa, a administradora tem muito do perfil da mãe, controlada, proativa e centrada, mas com o conhecimento técnico do pai.  “É incrível como Geísa sabe tudo. Ela não atua nas máquinas, mas sabe resolver. Tem o dom do pai dela”, elogia Norma Brito.

Antes de empreender no ramo gráfico, Francisca Eleal atuou como gerente de produção de uma empresa de cartonagem gaúcha e na gráfica do Colégio Batista. Há 15 anos, conduz com o marido, a gráfica que leva o sobrenome da família. A empresária tem acompanhado a mudança na indústria gráfica e segue muito otimista. “Gosto do mercado, me identifico com esse setor, acredito na indústria gráfica”, afirma. Tanta entrega já influenciou a segunda geração da família. Hoje, o financeiro da empresa já está sob responsabilidade da filha Fernanda Sandy.

A trajetória de Ana Paula Mota no setor gráfico coincide com a sua vida profissional. A jornalista iniciou sua caminhada ao lado do pai, na Arte Visual Gráfica, quando ainda era aluna do ensino fundamental. “Foi lá a minha base, minha escola na vida profissional”, lembra. Em 2012, assumiu o desafio de dividir o comando da empresa de comunicação visual do noivo. Seguem juntos, casados na vida e no trabalho, colhendo frutos da DPI Sign Comunicação Visual, onde atua como diretora financeira. “Trabalhar em um setor totalmente masculino é, no mínimo, desafiador. Mas também acho que toda empresa precisa da visão e organização de uma mulher”, afirma.

Tácilla Campelo, da GS Acabamentos gráficos, é formada em ciências contábeis e já atuou como auditora independente por cinco anos. Foi uma dessas consultorias que a trouxe para o mercado gráfico, onde atua desde 2017. Na época, a empresa estava passando por dificuldades e o dono já não tinha mais interesse, queria vender. Ao conhecer o negócio e o mercado, a empresária achou a proposta atrativa e resolveu empreender. “Acabei aceitando esse desafio e a GS virou minha missão. Uma característica minha que eu trago para minha equipe, parceiros e clientes é justamente é a busca de soluções, é poder ajudá-los a enfrentar dificuldades de forma mais leve, terceirizando serviços e soluções”, explica.
 

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