[REVISTA DA FIEC] Estudos orientam a tomada de decisões mais estratégicas no mercado internacional

                                                                                                                                                                                             

Quando se trata de comércio internacional, as empresas costumam ter muitas dúvidas sobre quais mercados podem ter interesse em seus produtos ou quais países são mais vantajosos para a estratégia da empresa. Os Estados Unidos são o principal parceiro comercial do Ceará, mas há outras possibilidades que muitas vezes passam despercebidas.

A União Europeia, por exemplo, tem um grande potencial para além de Portugal. Alguns produtos típicos do Ceará, hoje, são vendidos pelos Estados Unidos para países europeus. É o caso da castanha de caju que é importada pela Holanda de empresas americanas. É uma fatia de mercado que pode ser melhor aproveitada pelas indústrias cearenses. Mas, como identificar essas oportunidades?

O Centro Internacional de Negócios da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC) desenvolve estudos que ajudam as empresas a se posicionarem melhor frente à globalização dos mercados. Um dos últimos trabalhos abordou a maior relação comercial do mundo, que envolve os Estados Unidos e a União Europeia. O estudo trata da política externa americana e do bloco europeu e compila dados das exportações e importações entre as duas potências econômicas e também com o Brasil, mostrando a evolução desse comércio ao longo dos anos.

De acordo com a gerente do Centro Internacional de Negócios, Karina Frota, a ideia do estudo, além de outros que são elaborados pela Federação, é identificar nichos de mercado para produtos cearenses de forma mais assertiva e conhecer quais são os concorrentes mundiais dos itens exportados pelo Ceará. “Elaboramos um radar e cruzamos as informações da pauta de exportação cearense com a pauta de importação da União Europeia, por exemplo. A ideia é identificar produtos que os integrantes do bloco econômico compram de outros países do mundo, mas que são produtos que existem no Ceará e com potencial para ganhar novos mercados”, explica.

Karina diz que, em geral, os empresários quando pensam em exportar para a Europa focam apenas em Portugal porque há um mito de que é mais fácil aportar os produtos cearenses em terras lusitanas, em especial pelo idioma em comum. Porém, ela argumenta que a legislação que vale para Portugal é a mesma que vale para todas as outras 27 nações participantes do bloco. “A gente quer sensibilizar o empresário para novas possibilidades”, argumenta.

Os estudos realizados pelo Centro Internacional de Negócios transformam dados brutos em informações estratégicas que geram conhecimento para o empresário, de modo a facilitar a sua tomada de decisão. Eles são baseados em sistemas estatísticos, de pesquisa e monitoramento do comércio internacional, pelos quais os dados são obtidos e analisados, transformando-se assim em informações importantes nas ações de promoção comercial e na estratégia das empresas.

Nesse sentido, o Centro Internacional de Negócios tem realizado cada vez mais estudos on demand. São estudos mais aprofundados, feitos sob demanda, para atender a uma necessidade específica da empresa ou de um setor. Os estudos podem analisar, por exemplo, um mercado alvo específico, levantando informações relevantes para que o empresário entenda a cultura e economia de um país de interesse.

                                                                                                                                                                                             

CEARÁ X ESTADOS UNIDOS

O Ceará em Comex é um dos estudos mais tradicionais, contudo ganhou uma roupagem nova na atual gestão, tornando-se referência no meio empresarial e na imprensa. O estudo traz uma análise na balança comercial do Ceará e mostra para onde o estado exporta, de onde o estado compra, qual o volume das exportações e das importações, a evolução das exportações e faz comparativos com outros estados do Brasil.

De acordo com o último Ceará em Comex, a parceria comercial entre o Ceará e os Estados Unidos tem-se mostrado cada vez mais importante para a economia local. As exportações cearenses para o país norte-americano mais do que dobraram (106%) nos primeiros quatro meses de 2019, em comparação com 2018. O volume exportado para o país neste ano (US$ 317,9 milhões, de janeiro a abril) representa o maior montante já enviado do Ceará para os Estados Unidos no primeiro quadrimestre.

A Itália, que se concretizou como importante destino das placas de aço produzidas no Ceará, ocupa a segunda posição com um aumento de 601% e um total de US$ 101,7 milhões. A República Tcheca foi quem exibiu maior crescimento (40 mil pontos percentuais), ocupando a sexta posição com US$ 26,8 milhões, também devido às fortes aquisições provenientes da Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP).

Países tradicionais na pauta exportadora do estado como Alemanha, Holanda, Argentina, Reino Unido e China exibiram quedas no período ante o mesmo período do ano passado, o que demonstra certa concentração em determinados mercados. Outro índice que evidencia essa concentração é a redução do número de destinos das exportações cearenses de 130, em 2018, para 126, em 2019.

“Essas informações são importantes, mas também é preciso conhecer os produtos que o Ceará produz e os seus diferenciais para a exportação. Isso porque podemos buscar similares no comércio internacional e, sabendo para onde eles são vendidos, lançar luz em uma oportunidade até agora inédita para o produto cearense. Por isso, a necessidade de estudos mais aprofundados como esse das relações entre os Estados Unidos e a União Europeia”, justifica Karina.

Ela destaca, no estudo das relações comerciais entre Estados Unidos e Europa, a análise da política externa americana que suscita a reflexão sobre os impactos e benefícios para o Brasil da possível entrada do país na Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). “ É fundamental estar preparado para o acesso, caso o Brasil entre”, frisa. “O Brasil, historicamente, é um país de economia fechada. Nossa política externa é muito protecionista. E a nossa indústria não se desenvolve na velocidade ideal por conta disso. Estamos atrasados em termos de máquinas, equipamentos, tecnologia”, comenta.

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