Sinais Positivos

Números animadores começam a confirmar as tendências de recuperação de nossa economia. Na passagem de novembro para dezembro, a produção de papelão ondulado, caixa, acessórios e chapas, um dos mais importantes indicadores antecedentes da atividade econômica, cresceu 1,3%. Outro tradicional indicador, o consumo de energia elétrica, registrou elevação de 0,6%. Além disso, notou-se acréscimo de quase 4% no volume de importações e de 5% na produção de veículos. Tudo isso, ressalte-se, já retirando os efeitos sazonais, tão relevantes no final de cada ano. São, indiscutivelmente, os sinais mais claros que tivemos até agora sobre a retomada do nosso crescimento econômico.

Já é possível sentir os efeitos desses avanços sobre indicadores de confiança. O índice da Fundação Getúlio Vargas (FGV) para a indústria nacional, em janeiro, cresceu 3,1% relativamente a dezembro. No Ceará, o índice de confiança (ICEI) calculado pelo SFIEC, teve elevação ainda maior - cerca de 10%. No nosso estado, até mesmo a avaliação sobre a situação atual - que, diga-se, continua adversa - cresceu quase 12%, enquanto que as expectativas, que se mantém otimistas desde junho, melhoraram quase 8% neste início de ano.

Com relação às projeções de crescimento do Brasil para 2017, entretanto, elas permanecem baixas, algo entre 0,5% e 1,0%. Isso é esperado, afinal, o carregamento estatístico de 2016 é de -1,5%. Assim, para que tenhamos uma elevação do PIB, por exemplo, de 1% ao final de 2017, a atividade econômica terá que crescer 2,5%. Ou seja, nosso crescimento terá que superar uma condição de partida de -1,5%, o que é bem desafiador.

Para tanto, o caminho é mesmo a execução de investimentos no setor produtivo. E, para isso, a redução esperada da taxa de juros é imprescindível. A SELIC, que caiu 1,25 p.p. em 2016 (hoje, está em 13% ao ano), deverá aumentar seu ritmo de queda – mercado já considera cortes de 0,75 p.p. nas próximas reuniões do COPOM. As projeções indicam uma SELIC de 9,5% para 2017, com base no comportamento descendente da inflação – passou de 10,67% em 2015, para 6,29% em 2016, e se espera algo em torno de 4,5% (centro da meta definida pelo governo) para 2017.

Dessa forma, temos um cenário de aumento da atividade como consequência da queda da inflação e dos juros, e estímulos ao crédito, aos investimentos e ao consumo, além de oportunidades melhores para a redução das dívidas de empresas e famílias. Com a melhoria do ambiente econômico, aumentam-se as possibilidades de correto andamento das reformas encaminhadas pelo governo ao Congresso Nacional, notadamente aquela que ajusta a Previdência. Há também boas expectativas relacionadas ao programa Crescer, do governo federal, que reúne 25 projetos de concessões e privatizações, os quais serão executados em 2017 e 2018. E, tem-se ainda a previsão de ótima safra agrícola em 2017 – crescimento esperado de 16,1% em relação a 2016.

Como contrapontos a esse quadro de boas expectativas, temos a instabilidade política, que inclui principalmente os impactos negativos sobre o andamento das reformas decorrentes das denúncias investigadas pela Operação Lava-Jato, e o cenário externo, em que preocupa a condução da economia americana pelo Presidente Donald Trump, cuja política protecionista pode impactar negativamente os mercados emergentes por meio da saída de capitais e da valorização excessiva do dólar. Da mesma forma, constituem-se em obstáculos à nossa recuperação, o desajuste fiscal de estados e municípios e o expressivo contingente de pessoas sem emprego (mais de 12 milhões).

Apesar desses riscos potenciais, temos motivos para confiar um pouco mais em nossa recuperação, já no primeiro semestre deste ano. Os sinais, para tanto, estão bem mais perceptíveis.

 

Confira as edições anteriores da Análise Econômica Semanal:

20/1 - O potencial de crescimento e os seus riscos

13/1 - As boas notícias e os ajustes necessários

7/1 - A retomada virá em 2017

16/12 - Melhoria do ambiente de negócios

9/12  - Pressupostos da recuperação da economia

2/12 - A volta da instabilidade política

25/11 - Crise política: persistente pedra no caminho de nossa recuperação econômica

18/11 - Crise é mais profunda do que se imaginava

11/11 - Endividamento: freio à retomada do crescimento

4/11 - O risco Trump

28/10 - Conter gastos públicos é necessário para a retomada econômica

21/10 - Por que os juros não caíram mais?

14/10 - Repatriação e investimentos: reforços no caixa

7/10 - PEC dos gastos e as reformas necessárias

30/09 - O Brasil e o ranking de competitividade econômica

23/09 - Avanços e riscos de um novo modelo de ensino médio

16/09 - O primeiro pacote de concessões

09/09 - O IDEB e os impactos na economia

19/08 - Dívida dos Estados e a necessidade de superar as ineficiências institucionais

05/08 - A queda da inflação e a revisão dos juros

29/07 - Déficit nas contas públicas: solução passa por investimentos e exportações

22/07 - Mudança na SELIC terá que vir acompanhada de medidas fiscais

15/07 - Precisamos aproveitar o cenário favorável

08/07 - Respeito às restrições do orçamento é imprescindível para alcançar meta fiscal

01/07 - O elemento central para a retomada da econonomia

24/06 - O "Brexit" como mais um desafio para a agenda internacional brasileira

17/06 - Sinais de confiança na retomada da economia

10/06 - Foco no cumprimento da meta de inflação

03/06 - No Caminho da austeridade

27/05 - Primeiras medidas evitam agravamento do quadro fiscal

20/05 - Controle das contas públicas e a eficiente gestão do gasto

13/05 - Competitividade, chave para retomada do crescimento

06/05 -  A premissa da eficiência do gasto público

29/04 - O equilíbrio que se faz necessário nesse momento

22/04 - Os desafios do pós-Dilma

15/04 - Próximos dias darão o tom sobre as incertezas

08/04 - Um governo novo ou um "novo governo?

01/04 - FUTURO: Uma construção coletiva

24/03 - Não há saída sem a recuperação da confiança

18/03 - Destaques econômicos em segundo plano

11/03 - Os humores da política

04/03 - Efeitos da Lava Jato na economia

26/02 - Até que enfim, um sopro de positividade

19/02 - Programação Orçamentária e Financeira para 2016: cortes de gastos de R$ 24 bilhões

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