IEL Ceará promove palestra sobre empreendedorismo feminino no Ceará

Com foco em discutir as oportunidades e os desafios para as mulheres na indústria e na ciência, o Instituto Euvaldo Lodi (IEL) Ceará realizou, nesta quinta-feira, 01/08, uma palestra sobre empreendedorismo feminino no Ceará. O momento reuniu mulheres que empreendem em setores distintos no estado, desde cosméticos sustentáveis a soluções em biotecnologia.

Participaram da iniciativa Lívia Barreto, sócia cotista da startup Colabora, que promove o compartilhamento de bolsas de hemocomponentes entre bancos de sangue por meio de um sistema inteligente; Raisa La Porta, cofundadora e COO da plataforma de educação Inovenow; Bella Giselly Alves, cofundadora e CEO da empresa de biotecnologia Biotech4Life; Silvana Santos e Lilian Uchoa, CEO e CTO da 4WBIOTECH, respectivamente, que desenvolve dermofitocosméticos sustentáveis; e Maria da Conceição de Oliveira, coordenadora da Coordenadoria de Empreendedorismo e Inovação da Pró-Reitoria de Relações Interinstitucionais (PROINTER) da Universidade Federal do Ceará, que mediou o momento.

Na ocasião, as participantes destacaram a dupla dificuldade enfrentada por mulheres no empreendedorismo: além dos desafios inerentes a desenvolver e tocar um novo negócio, há ainda o impacto do machismo, que impõem barreiras extras à atuação feminina nesse universo. “Eu sou mãe de dois e de uma anjinha, então a gente tem jornadas duplas, triplas, uma jornada que não tem fim, na verdade, porque são bebês, então de madrugada, a gente está ali no quarto, quinto turno, mas todo dia a gente levanta e a tem aquele peso da própria família, das pessoas que nos acompanham, enfim, como uma liderança, como alguém que está à frente de uma empresa, de que tem que acordar e estar ali firme e forte, independente se a noite foi bem dormida ou não, para tocar a operação nos negócios”, contou Raisa La Porta.

Segundo as empreendedoras, formar uma rede com demais mulheres é uma maneira de se fortalecer e encontrar apoio frente a essa realidade. Os negócios de algumas são compostos inteiramente por mulheres, mas para outras, é uma meta sempre integrar mais mulheres ao time, como ressaltou Lívia Barreto. “Eu sou a única mulher da empresa. É uma empresa de tecnologia, todo o restante é homem. Minhas próximas lutas são justamente para que todas as contratações agora sejam de mulheres, mas é muito difícil ter mulheres na área de tecnologia. [...] Nas outras áreas da empresa, quando precisamos contratar contador, ou alguém do marketing, eu já digo logo: vai ser mulher”.

Silvana Santos e Lilian Uchoa, sócias na 4WBIOTECH, reforçaram também a importância de buscar integrar mulheres de diferentes áreas nos negócios. Unindo a vivência acadêmica e científica de uma com a experiência na advocacia de outra, algumas lacunas importantes da empresa foram preenchidas, deixando-a menos suscetível à insegurança jurídica — algo que pode ser ainda mais incidente em empresas de liderança feminina.

“Acontece realmente com todos, mas eu acho que com a mulher, as pessoas já tem um olhar de ‘ah, é mulher, então é mais fácil de passar a perna’. É uma sensação que a gente tem. Eu trabalhei muitos anos na área de família e sempre vi que é muito difícil mesmo, as mulheres são muito fragilizadas na situação do machismo. E isso não é diferente nos negócios. É muito desafiador você entrar num mercado desse, porque você chega num lugar para se apresentar, e é uma plateia com muitos homens e poucas mulheres, então a nossa voz, a gente tem que falar um tom mais alto para ser escutada”, contou Silvana Santos.

Mulheres à frente da sustentabilidade

Um ponto comum entre os negócios desenvolvidos pelas empreendedoras é a busca por uma atuação sustentável, no sentido amplo da palavra, que traga impactos positivos e alguma mudança para a sociedade. Na opinião de Bella Giselly Alves, isso não é uma coincidência. Sua empresa, Biotec4Life, oferece soluções a partir da biotecnologia para realizar descontaminação ambiental, transformação de resíduos e fornecer produtos sustentáveis. Para ela, as mulheres possuem mais sensibilidade quanto às questões socioambientais, o que pode ser um grande diferencial no momento que o mundo vive hoje.

“Eu acho que tudo caminha junto. Nós estamos num momento em que as mulheres estão protagonistas no empreendedorismo, num momento em que a sustentabilidade não tem mais como não acontecer. Ela precisa acontecer. E as mulheres são sensíveis a isso, então eu acho que a gente pode pensar muito nesse sentido e se beneficiar disso”, explicou Bella Giselly Alves.

Para a professora Maria da Conceição de Oliveira, é preciso aproveitar o momento que vivemos hoje, em que o empreendedorismo feminino vem ganhando cada vez mais espaço nas pautas de discussão. “Está todo mundo querendo falar sobre isso, então a gente precisa aproveitar e abrir a boca para falar”, destacou.

Abrindo portas para mais mulheres

Apesar dos avanços, as empreendedoras ainda enxergam um longo caminho a ser percorrido para que o espaço das mulheres nos negócios seja igualitário. Mas é preciso reconhecer os avanços e buscar, cada vez mais, abrir portas para mais mulheres. “Uma coisa que me faz ainda ter muita energia é pensar que não vou ser só eu que vou conseguir. Somos nós, mulheres, que vamos conseguir. A gente vai conseguir chegar lá e realmente entregar o que a gente quer. Eu acho que o empreendedorismo feminino é uma coisa que tem que virar estudo, porque um empreendedor por si só, ele já é um ser extraordinário. Imagine uma mulher empreendedora, então”, ressaltou Lilian Uchoa.

Além do IEL Ceará, da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC) e do Hub de Inovação do IEL, a iniciativa contou também com o apoio da Universidade Federal do Ceará (UFC) e do Sebrae.

 

Fotos: Laura Guerreiro

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