Discurso no Almoço com Governador - 14 de dezembro de 2018
Meus amigos,
Realizamos nesta data mais uma edição do “Almoço do Governador”, uma confraternização entre o setor industrial cearense e o governador Camilo Santana.
Ressalto estarmos na quarta edição deste evento iniciado na atual gestão da FIEC como forma de estreitarmos e refletirmos juntos, a administração pública estadual e a indústria. Recordo ainda em 2015, primeiro ano deste encontro, a presteza e o cuidado dispensado pelo governador e sua equipe na análise das sugestões encaminhadas por meio da Agenda da Indústria. O documento foi entregue alguns meses antes de sua posse e diversas ações propostas foram acatadas.
Desde então, a relação mantida entre o Governo e o setor industrial têm se mantido em nível elevadíssimo, incluindo nesta parceria a academia, em um tripé que nos têm legado grandes avanços institucionais.
Hoje, ao findar o quarto ano de seu mandato, podemos dizer que muitas de nossas sugestões se tornaram realidade, como por exemplo, a transformação do Conselho de Desenvolvimento Econômico do Ceará, na bem-sucedida Secretaria do Desenvolvimento Econômico do Ceará- SDE, com a agregação de novas atribuições e órgãos.
Também cito a criação da Secretaria Estadual do Meio Ambiente – SEMA, fortalecendo as ações políticas ambientais no Ceará.
Outra ação encampada foi a ampliação da área alfandegada da ZPE, que vai permitir abrigar um maior número de empreendimentos, expandindo a vocação exportadora do setor produtivo cearense.
Destaco também a implementação de sugestões apresentadas à Lei do FIT, com o lançamento sistemático de editais para acesso aos recursos do fundo, via FUNCAP.
Na área de energia, o segmento recebeu estímulos ao desenvolvimento do setor de geração de energias renováveis com a isenção do ICMS na micro e mini geração distribuída.
No que diz respeito a este segmento, faço referência também ao apoio na elaboração atualizada do Atlas Eólico-Solarimétrico do Ceará, sob liderança da FIEC e apoio financeiro da ADECE e SEBRAE.
Destaco por oportuno a disponibilização de infraestrutura à implantação dos Polos Farmoquímico, em Guaiuba e de Saúde, no Eusébio.
Fruto dessa relação de proximidade na seara institucional, aponto com orgulho a ampliação da interlocução Governo/Setor Produtivo, por meio da institucionalização e consolidação das Câmaras Temáticas Setoriais, abrigadas na ADECE, proposta construída em conjunto com o Observatório da Indústria da FIEC, alinhando a atuação das câmaras com as rotas estratégicas e o Masterplan.
O novo modelo vai trabalhar com 21 câmaras. Desse total, a FIEC, que possui representação em quase todas, irá presidir três: Comércio Exterior, com a nossa amiga Roseane Medeiros, a de Logística, presidida por Heitor Studart, e de Energias Renováveis, tendo a frente Jurandir Picanço. Registro aqui, a competência e a capacidade do diretor da Adece, Eduardo Neves, na condução da articulação desse trabalho desenvolvido com a FIEC.
Governador,
O país vivencia uma das mais agudas crises econômicas de sua história penalizando toda a sociedade. A taxa de desemprego beira os 12% e a estimativa de crescimento do Produto Interno Bruto deste ano recuou para 1,30% na semana passada.
Quando somos impedidos de trabalhar por circunstâncias alheias à nossa vontade, as consequências diretas desses indicadores são sentidas na pele de todos nós, empresários, porque somos nós que geramos riqueza, criamos empregos.
O pior, Governador, é que muitos nos olham como o lobo a ser caçado, a vaca a ser ordenhada e poucos nos vêem como o cavalo que puxa a carroagem.
Para o próximo ano, temos perspectivas melhores conforme dados da Confederação Nacional da Indústria que indicam que a economia brasileira crescerá 2,7%, impulsionada pela expansão de 3% da indústria e de 6,5% do investimento. E o consumo das famílias deve aumentar 2,9%.
No entanto, para que isto verdadeiramente se confirme, será preciso fazer o ajuste nas contas públicas, avançar nas reformas previdenciária e tributária, e adotar medidas para melhorar o ambiente de negócios, como a desburocratização. O senhor, como Governador do Ceará, pelas iniciativas recentes adotadas, já se torna precursor desse novo Brasil.
Meus amigos,
Não há outro caminho a ser seguido para a retomada do crescimento. Todos nós devemos nos unir em prol dessas medidas, porque todos estamos no mesmo barco.
Existe espaço para o crescimento sustentável, desde que seja efetivada a agenda das reformas há tanto tempo ansiadas pelos agentes econômicos. A roda da economia brasileira só vai girar, de fato, quando formos capazes de potencializar esse crescimento, trazendo de volta a confiança dos consumidores e a disposição dos empresários para investir e contratar.
Diferente do restante do Brasil, vemos no Ceará um ambiente favorável às transformações, apesar de sermos também fortemente influenciados pelo travamento da economia.
De todo modo, é preciso que se registrem os avanços alcançados na sua gestão, governador Camilo. Tivemos, por exemplo, a entrada em regime de operação da CSP, acrescendo em cerca de 100 % as exportações cearenses e elevando significativamente o nosso PIB.
Graças a ousadia da equipe governamental, podemos relacionar outros ganhos expressivos, tais como a concessão federal do Aeroporto Internacional de Fortaleza, interligando 12 países em 48 frequências semanais. Tivemos também a finalização das negociações da parceria entre o Governo do Estado e um dos maiores serviços de logística portuária do mundo, na Holanda. Ressalto ainda a instalação da Angola Cables Brasil, com operação do cabo submarino de fibra ótica, ligando Fortaleza a Luanda, na África.
Outro aspecto a ser destacado é a melhoria no ambiente de negócios do setor de energias renováveis, com investimentos contratados em 2018, totalizando R$ 4,3 bilhões, em usinas solares e eólicas, e linhas de transmissão.
Mas amigo Camilo, até mesmo o Ceará, que se apresenta de maneira singular em relação ao resto do país, não pode ficar a dormir em berço esplêndido.
É nesse sentido que a indústria louva a sua corajosa iniciativa ao propor a alteração da estrutura administrativa do Estado, extinguindo cargos comissionados e 25% das secretarias, com vistas a gerar mais eficiência à máquina pública e em consequência um melhor atendimento à população.
Governador,
A maioria dos estados brasileiros enfrenta dificuldades administrativas, que estão a exigir atitudes responsáveis no que diz respeito ao ajuste das contas públicas.
O Ceará vive um cenário diferenciado, com estimativa de PIB de 1,46% para este ano, acima do Brasil, e saldo de empregos satisfatório, em torno de 26 mil postos de trabalho. Mesmo assim, o senhor se antecipa aos demais entes federados, já se preparando para a nova conjuntura que pode surgir.
A sua visão de gestão pública nos anima, por vermos uma confluência com o que acontece na iniciativa privada, onde um dos preceitos básicos é a gestão baseada na responsabilidade e nos resultados.
Quero então aproveitar para destacar um pouco da nossa contribuição como Sistema FIEC à sociedade cearense em 2018. No caso do SESI, nosso braço voltado à qualidade de vida do trabalhador da indústria, foram prestados 175 mil atendidos em saúde e 35 mil matrículas em educação.
Sobre o SENAI, somente na área de educação profissional em várias modalidades, foram mais de 50 mil matrículas.
Já o Centro Internacional de Negócios atendeu a mais de 300 empresas entre rodadas de negócios, missões e cursos.
O IEL, responsável na FIEC por cursos de alta gestão, capacitou cerca de 2.500 pessoas de 370 empresas.
Meus amigos,
Apresentei estes rápidos números como forma de mostrar dados objetivos, mas o mais importante a ser comemorado hoje na FIEC é a aculturação de um ambiente de transformação.
Esse conceito tem nos permitido sair do lugar comum e pensar à frente, ciente dos riscos a que estamos submetidos, mas com o olhar voltado às oportunidades que se apresentam.
Vejo a FIEC hoje como uma instituição preparada para os novos tempos, nos quais os desafios serão maiores e mais difíceis, e que exigirão de cada pessoa aptidões múltiplas, poucas certezas e muita estratégia.
Para que isso fosse alcançado enfrentamos caminhos sinuosos, não nego, mas superamos e posso dizer que estamos mais pertos do que nunca de alcançarmos ao que nos propomos.
Um dos grandes legados dessa trajetória é o Observatório da Indústria, instrumento que tenho certeza, irá oferecer um novo modelo ao Ceará de pensar estrategicamente.
Meu amigo Camilo Santana,
Caminhamos juntos nesta sua primeira gestão e dentro do que nos foi permitido, procuramos dar a nossa contribuição ao Ceará, porque nós industriais ligados à FIEC, sabemos que ninguém é forte sozinho. Quis o destino que o senhor e sua equipe entendessem isso e a história deixará como marca os frutos dessa relação.
Mas o tempo não pára. O senhor foi brilhantemente reeleito e os desafios são outros e talvez até mais intensos. Nós aqui, continuamos torcendo pelo seu sucesso, que por consequência será o do Ceará e de seu povo. Nesse sentido, tomamos mais uma vez a liberdade para dar a nossa contribuição com o documento “Agenda da Indústria 2019/2022”, com o qual esperamos estar novamente trilhando ao seu lado, os caminhos que possam levar o Ceará a continuar sendo uma referência nacional.
Boa tarde e um forte abraço para todos!
BETO STUDART
Fortaleza, 14 de dezembro de 2018