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Conexão Verde: corredores logísticos unem Brasil e Alemanha em debate sobre hidrogênio

10/10/2025 - 20h10

A tarde do segundo dia de programação do H2LATAM Summit Brazil, realizado nesta quinta-feira (09/10), na Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC), teve como destaque o painel “Corredores Verdes: Conectando Logística e Transporte Limpos por Terra e Mar”. Iniciativa do Programa Internacional de Incentivo do Hidrogênio (H2Uppp) do Ministério Federal da Economia e Energia da Alemanha (BMWE), o evento reúne especialistas, empresas, investidores e representantes governamentais para discutir a transição energética e fomentar a economia do hidrogênio verde.

“Esta é uma reunião de alto nível em andamento, com apresentadores de diversos locais, com o objetivo de discutir o projeto do Corredor Verde, conectando o Porto do Pecém ao Porto de Duisburg. Para isso, dividimos a discussão entre portos e empresas. A apresentação inicial será sobre o status dos projetos no Ceará, com foco nos projetos mais avançados e nos acordos com a Europa”, explicou Isabela Maciel, assessora do SENAI Ceará para Transição Energética e mediadora do painel.

O debate destacou a parceria internacional para capacitação de operadores portuários com expertise no manuseio de hidrogênio e amônia, além do grupo de trabalho com a Fortescue, empresa com projetos mais avançados para produção de hidrogênio no HUB do Porto do Pecém.

Johannes Eng, gerente sênior de Projetos Corporativos e Estratégia no Porto de Duisburg (duisport), ressaltou que o complexo logístico se concentra na distribuição regional local, em uma localização estratégica que facilita o transporte e reduz a burocracia. “Temos uma infraestrutura para receber grandes navios e trabalhamos com diversos países, como Suíça, França e Holanda, além de diferentes modais de transporte, entre ferrovias e vias marítimas. Nossa experiência tem construído uma conexão eficiente com o restante do mundo, funcionando como um corredor logístico, especialmente para o transporte de energia entre o Porto do Pecém e o de Rotterdam”, detalhou.

Na ocasião, foi apresentada a Parceria Público-Privada (PPP) da alemã TÜV Rheinland com o SENAI no Brasil, voltada à capacitação de profissionais para o manuseio seguro de equipamentos de hidrogênio verde. “Temos expertise em segurança, e este projeto treinou instrutores do SENAI, utilizando conhecimento e apoio de uma empresa holandesa, além de experiências em portos como Rotterdam e Hamburgo. O objetivo é replicar essa capacitação em outros portos, garantindo segurança na produção e no manuseio de hidrogênio e seus derivados”, afirmou Kurt Pichler, gerente de Desenvolvimento de Negócios Internacionais da empresa.

A Stolthaven Terminals, que conta atualmente com 15 terminais ao redor do mundo, nas Américas, Europa, Indonésia, Austrália e Nova Zelândia, possui posição global consolidada e o maior número de isotanques em operação em portos. No Brasil, desenvolve um projeto para construir um terminal compartilhado de amônia, produto químico utilizado em fertilizantes. “A amônia apresenta desafios de segurança devido à sua toxicidade e temperatura, mas não é inflamável. A iniciativa visa construir dutos para transportar hidrogênio verde da Zona de Processamento de Exportação para o terminal no Porto do Pecém, buscando competitividade no mercado global de hidrogênio verde”, explicou o gerente de Vendas e Marketing, André Ravara.

Também participaram do painel Alessandra Grangeiro, gerente de Negócios Industriais e de ZPE do Complexo Industrial e Portuário do Pecém; Jorge Taboada, diretor executivo da Soventix; Luis Diazgranados, head da HINICIO; e Wouter Demenint, gerente de Programa de Cadeias de Suprimentos de Hidrogênio no Porto de Roterdã.

Comércio e demanda de hidrogênio

No mesmo dia, também foi realizado o painel “Conheça o Comprador e o Usuário Final: Comércio e Demanda de Exportação de H₂”, que discutiu o mercado de hidrogênio verde, atualmente desafiado pela falta de clareza de preços, baixa liquidez, incerteza regulatória e barreiras de entrada.

Bernardo Dörr, gerente de projetos da HINT.CO/H2 GlobalExport, explicou que a empresa multinacional atua como intermediária para impulsionar o mercado. “Compramos hidrogênio verde de produtores por meio de leilões internacionais, com contratos de longo prazo, e vendemos para compradores, os chamados off-takers, através de contratos de curto prazo. A diferença de preço entre compra e venda é coberta por recursos governamentais. A estratégia visa se beneficiar de futuros aumentos de preço com a implementação de regulamentações, permitindo que o mercado se desenvolva e se torne mais sustentável”, pontuou.

A assessora sênior de Políticas no Ministério de Assuntos Econômicos e Clima da Holanda, Carla Robledo, apresentou as principais metas do International Hydrogen Trade Forum para 2025, com foco na criação de demanda por hidrogênio de baixa emissão e seus derivados, além do esclarecimento dos requisitos de conformidade da União Europeia para exportadores. Entre os resultados esperados até a COP30 estão a publicação de uma declaração de implementação público-privada, um panorama dos compromissos assumidos desde a COP28, a definição de escopos e critérios de exportação e a divulgação de notas técnicas e estudos de caso sobre experiências de beneficiamento local.

A CEO Brasil do Green Energy Park, Ludmila Nascimento, falou sobre o desafio de tornar a economia do hidrogênio uma realidade, com foco na produção competitiva para exportação. “Inicialmente, o projeto está no Piauí, com meta de produzir hidrogênio via amônia para a Europa, aproveitando um terminal próprio na Croácia. A empresa expandiu para Sergipe e Maranhão. O objetivo é alcançar preços competitivos para o hidrogênio, alinhados às regulamentações europeias, buscando a descarbonização da indústria. A principal lição aprendida é a importância de um enfoque ecossistêmico, construindo uma nova indústria que substitua os combustíveis fósseis, enfrentando desafios devido à complexidade da mudança climática e da estrutura da sociedade”, relatou.

Por outro lado, Sophie Pathe, da alemã Energy4climate NRW, demonstrou grande interesse em importar hidrogênio do Brasil, especialmente do Ceará, para a Alemanha, visando o desenvolvimento de uma forte economia no setor, embora reconheça as barreiras logísticas. “Reconhecemos o potencial de parceria em tecnologia e pesquisa entre as regiões. Enxergamos que o Porto do Pecém tem essa participação ativa no Corredor Verde com o Porto de Rotterdam e o Porto de Duisburg, sendo assim um caminho ideal. Embora a Alemanha não possa ser a única compradora, a cooperação é vista como fundamental”, afirmou.

Também participaram do painel Alma Violante, do setor comercial da UNIPER; Leandro Janke, líder de projeto na equipe de Hidrogênio da AGORA; e Sebastian Budischin, vice-presidente sênior de Desenvolvimento de Negócios, Hidrogênio e Energia Limpa da SEFE Securing Energy for Europe GmbH.

Cerimônia de encerramento

O consultor de Energia da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC) e membro da Academia Cearense de Engenharia (ACE), Jurandir Picanço Júnior, participou da cerimônia de encerramento do evento. Em sua fala, destacou o papel estratégico do hidrogênio verde para a indústria nacional. "Com tantas oportunidades promissoras, o Hidrogênio Verde estará no cerne da neoindustrialização brasileira. Nossas melhores chances, entretanto, dependem do domínio, por parte da indústria nacional, das novas rotas tecnológicas de descarbonização, o que nos demandará um grande esforço em pesquisa e desenvolvimento tecnológico", afirmou.

Descarbonização em pauta

Como parte da programação do dia, o Observatório da Indústria Ceará recebeu a palestra “Programa de Financiamento à Descarbonização da Indústria: consulta às partes interessadas”, ministrada por Bruno Gabai, gerente do Ambiente de Programas com Organismos Internacionais no Banco do Nordeste do Brasil (BNB).

Durante a apresentação, o especialista detalhou o Programa de Financiamento à Descarbonização da Indústria (PRODECARB). “Trata-se de uma parceria com o Banco Mundial e com os Fundos de Investimento Climático, que visa financiar a descarbonização da indústria, incluindo combustíveis de baixo carbono, adaptação de processos e infraestrutura de suporte, alinhado ao Programa Nova Indústria Brasil”, explicou.

Sobre o evento

Com o tema “Transformando a Economia com Hidrogênio Verde: Perspectivas para a América Latina e o Caribe”, o H2LATAM Summit é uma iniciativa do H2Uppp do Ministério Federal da Economia e Energia da Alemanha. Implementado pela agência de cooperação alemã Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH, com apoio das Câmaras de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha (AHKs) do Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul, o H2Uppp apoia o engajamento empresarial na expansão do hidrogênio no Sul Global. O programa também promove a criação de parcerias estratégicas entre empresas alemãs, europeias e brasileiras, abrangendo toda a cadeia de valor do hidrogênio verde.

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