Jurandir Picanço destaca oportunidades do setor em painel sobre energia renovável no Proenergia Summit 2025
No primeiro dia do Proenergia Summit 2025, realizado nesta quarta-feira (24/09), o consultor de Energia da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC), Jurandir Picanço, mediou o painel “Energia renovável & Negócios Sustentáveis”. A sessão reuniu autoridades e executivos do setor para discutir os caminhos da transição energética no Brasil, com foco em desafios regulatórios, oportunidades de negócios e soluções para o aproveitamento do potencial das fontes renováveis.
Picanço abriu o debate contextualizando o momento atual do setor, que, embora já consolidado, enfrenta novas pressões. “As energias renováveis não são novidade, mas este ano se apresentam em um cenário de maior preocupação, que exige atenção às oportunidades e soluções que os painelistas irão trazer”, afirmou.
Um dos pontos centrais levantados por Picanço foi o avanço da geração distribuída e as incertezas em torno das regras da geração centralizada, especialmente no que se refere ao curtailment. A prática, que consiste na redução proposital da produção de energia em usinas solares e eólicas, mesmo havendo condições de gerar mais, foi apontada como um dos principais entraves à expansão das energias renováveis. “Com o grande crescimento da geração eólica e solar, as baterias de armazenamento vêm como solução para o curtailment e para evitar o desperdício do excesso de energia gerado”, destacou o consultor da FIEC.
Protagonismo do Brasil e do Nordeste
Entre os painelistas, Karina Araújo Sousa, diretora do Departamento de Transição Energética do Ministério de Minas e Energia (MME), reforçou o papel estratégico do país no setor. “É crucial que as instituições, a sociedade civil e o poder público participem em conjunto desse processo, a fim de assegurar o equilíbrio entre segurança, equidade e sustentabilidade. A transição energética precisa disso”, afirmou, em referência ao chamado “trilema energético”.
Na sequência, a CEO da Elera Renováveis, Karin Luchesi, chamou atenção para o protagonismo do Nordeste, mas também para os desafios que ameaçam novos investimentos. Segundo ela, a expansão da geração de energia renovável depende de soluções para o curtailment e do avanço em tecnologias de armazenamento. “A inserção de baterias na matriz energética nacional pode ajudar a resolver o problema do curtailment”, defendeu.
Picanço reforçou o ponto, destacando que a ausência de regulação sobre o uso de baterias limita o desenvolvimento do segmento no Brasil, diferentemente do que ocorre em países como Alemanha e Estados Unidos.
Necessidade de regulação e planejamento
O diretor da Sunco e vice-presidente da ABSOLAR, Marcio Trannin, ressaltou a importância de maior previsibilidade regulatória para o setor. “Sofremos pela falta de urgência nas regulamentações, como a definição do marco legal das baterias de armazenamento, e precisamos também de visão de longo prazo para planejar o sistema elétrico nacional”, afirmou.
Encerrando o painel, Tony Ulysses Rodrigues, diretor de Operação e Manutenção da Eletrobras/Chesf, destacou o crescimento da mini e microgeração distribuída e o impacto disso para o planejamento energético do país. Ele lembrou que, desde 2022, o Nordeste deixou de ser importador para se tornar exportador de energia, mudança que exige novas estratégias operacionais.
Ao final, prevaleceu a percepção de que falta senso de urgência para o enfrentamento dos gargalos da transição energética no Brasil, especialmente em relação à regulação e ao planejamento de longo prazo. Para Picanço, a força do painel esteve justamente na convergência de diagnósticos e na clareza de que soluções precisam ser aceleradas. “Portanto, tivemos um painel de alto nível”, resumiu.
Demais painéis da programação
Além da mediação de Jurandir Picanço, a programação contou com dois outros debates. O painel “Potencial energético no Nordeste e os caminhos da transmissão” foi conduzido por Joaquim Rolim, gerente de Desenvolvimento Sustentável da FIEC. Já o painel de encerramento, “Armazenamento de energia: o próximo capítulo da transição energética”, foi moderado por Luis Eduardo Moraes, diretor do Sindienergia.
A realização do Proenergia Summit é do Sindicato das Indústrias de Energia e de Serviços do Setor Elétrico do Estado do Ceará (Sindienergia-CE), em parceria com a FIEC, o Sebrae e o Governo do Ceará, por meio da SDE e da Adece. O evento conta com o patrocínio de SESI, Casa dos Ventos, Light COM, TBEA, Qair, Eper Group, GoodWe, Nordex, B\&Q Energia, Ceneged, Grupo Cosampa, Sirtec, GPM Soluções, J. Macêdo e 3 Corações.