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Ceará amplia protagonismo na transição energética com minerais estratégicos em debate na FIEC

12/09/2025 - 20h09

O papel dos minerais estratégicos na transição energética marcou o encerramento do 5º Encontro Estadual de Mineração e do 1º Seminário de Minerais Estratégicos do Ceará, promovidos pela Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC), em parceria com a Universidade Federal do Ceará (UFC). Na tarde desta sexta-feira (12), a programação destacou uma mesa-redonda dedicada a discutir o papel do Ceará no fornecimento desses minerais em direção à economia verde.

O debate reuniu especialistas de diferentes áreas: Francisco Pessoa, engenheiro de Minas da Agência de Desenvolvimento do Estado do Ceará (Adece); Mark Augusto Lara Pereira, presidente do Sindiverde; André Carlos Silva, professor doutor da Universidade Federal de Catalão (UFCAT); Lucilene dos Santos, professora doutora da UFC e conselheira do CREA-Ceará; e José Alcântara, geólogo das Indústrias Nucleares do Brasil (INB). A mediação ficou a cargo de Thalia Ravena, professora da UFC.

Ao abrir a discussão, a mediadora destacou que “o Ceará já não é apenas um espectador nesse cenário nacional e global, mas sim um potencial protagonista”, reforçando a necessidade de articular oportunidades, desafios e estratégias.

Representando a indústria, Mark Pereira defendeu que os minerais estratégicos encontrados no Estado devem gerar valor agregado localmente. “Além da extração, o Ceará entraria no papel não só de fornecimento, mas de beneficiamento para a indústria energética”, afirmou, lembrando que lítio, manganês, vanádio, ouro e platina já estão presentes em diferentes regiões do território cearense.

Ele ressaltou que a expansão da atividade mineral exige planejamento abrangente, com impactos que vão além da produção: “O Ceará não pode esperar para ocupar seu espaço. Temos que acelerar projetos, lutar por licenciamento ambiental e pela formulação de leis que beneficiem o setor e a sociedade como um todo.” Ao mesmo tempo, reforçou que os empreendimentos devem respeitar o devido processo legal e a legislação ambiental, sem perder o ritmo da inovação: “Não se trata de poluir ou causar desastres, mas de fazer tudo dentro das normas, provando a cada passo a sustentabilidade das operações.”

O presidente do Sindiverde também defendeu a diversificação de oportunidades decorrentes da transição energética, como a reciclagem de resíduos e o reaproveitamento de materiais. “Temos oportunidades imensas com a reciclagem de placas solares, de resíduos eletroeletrônicos e com a inovação. É hora de pensar fora da caixa e empreender.”

Ele destacou ainda que projetos estratégicos, como o hidrogênio verde, terão impacto significativo: “O hidrogênio verde vai quintuplicar o PIB do Ceará. Precisamos impor a força cearense sobre esse movimento global.”

Protagonismo mineral e inovação tecnológica

Francisco Pessoa, da Adece, afirmou que a economia do Ceará poderá ser fortemente impulsionada pelos minerais estratégicos, gerando oportunidades de trabalho e reduzindo o número de pessoas sem ocupação. Nesse sentido, defendeu a criação de uma câmara setorial para integrar o planejamento do Estado e fortalecer a cadeia industrial.

A professora Lucilene dos Santos, por sua vez, destacou a importância tecnológica dos recursos: “Não basta ter os minerais; é preciso entender sua estrutura, pureza e propriedades. Um quartzo com muitas inclusões fluidas não serve para sistemas eletrônicos, mas, quando bem caracterizado, nossos minerais cearenses têm qualidade excepcional para aplicações de alta tecnologia.” Ela citou, por exemplo, magnésio, grafita, lítio e minerais raros, como a eucriptita, e seu impacto em tecnologias como biossensores para detecção rápida de câncer.

Já o professor André Carlos Silva reforçou a importância de agregar valor e conhecimento: “O verdadeiro recurso do novo milênio é o conhecimento. É possível transformar minérios em produtos de alto valor, como o aço verde produzido com hidrogênio, sem precisar ter a jazida em mãos.” Para isso, ressaltou, centros de pesquisa são fundamentais para antecipar soluções tecnológicas e transformar passivos em ativos.

Urânio e infraestrutura estratégica

José Alcântara, da INB, destacou o papel estratégico do Ceará na mineração de urânio. A jazida de Itataia, no município de Santa Quitéria, descoberta na década de 1970, é uma das principais do país, mas seu desenvolvimento exigiu décadas de estudos devido à complexa associação do urânio ao fosfato.

“Não dá para extrair um sem o outro. É como um café com leite: precisa processar junto”, explicou. O minério principal, chamado colofanito, é composto em mais de 80% por fosfato. Entre 1977 e 1984, a jazida passou por sondagens e descrições detalhadas para definir sua viabilidade econômica.

Apesar do potencial, Itataia só avançou de fato a partir de 2009, com contrato firmado com a Galvani, entrando na fase de licenciamento ambiental. Alcântara ressaltou que a infraestrutura do Ceará será determinante para a operação: “Se tivermos água, energia e eletricidade adequadas, a licença de operação pode sair até 2028.”

O evento contou com o apoio dos sindicatos vinculados à FIEC — Simagran, Sindiminerais, Sindibrita, Sindcerâmica, Sindibebidas, Sindsal e Sindiverde — e de parceiros institucionais como Datamine, CETEM, MCTI, Ceará Gold, Projeto Santa Quitéria, Lamppim, APGCE, Atlas Copco e Chaves S.A.

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