II Fórum ESG O POVO debate boas práticas sustentáveis e estratégias para a COP30 na Casa da Indústria
A Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC) sediou, nesta quarta-feira (25/06), o II Fórum ESG O POVO – COP30: Um chamado à ação, reunindo representantes de empresas, academia, governo e sociedade civil para debater os impactos sociais, econômicos e ambientais das mudanças climáticas. O evento foi promovido pelo Grupo de Comunicação O POVO em parceria com instituições públicas e privadas e funcionou como preparação estratégica para a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), que será realizada no mês de novembro, em Belém-PA.
O fórum promoveu reflexões relevantes sobre o protagonismo do Ceará diante dos desafios globais, destacando, por meio de painéis e apresentações de cases, iniciativas locais bem-sucedidas em sustentabilidade e reforçando a centralidade da agenda ESG como caminho fundamental para a transformação socioeconômica.
A programação teve início com as boas-vindas do Gerente de Desenvolvimento Sustentável da FIEC, Joaquim Rolim, que representou o Presidente da Federação, Ricardo Cavalcante. Em sua fala, ele destacou o engajamento contínuo do Sistema FIEC com a agenda sustentável e reafirmou o papel estratégico do Ceará no cenário nacional da transição energética.
"O nosso Presidente Ricardo Cavalcante tem sido um entusiasta e praticante da sustentabilidade nos vários fóruns dos quais participa. É sempre uma voz atuante em prol do desenvolvimento sustentável", afirmou. Rolim ressaltou que a atuação da FIEC tem sido transversal e integrada por meio de suas casas — SESI Ceará, SENAI Ceará e IEL Ceará — para apoiar o crescimento econômico do estado com responsabilidade socioambiental.
"A Federação das Indústrias entende que o verdadeiro desenvolvimento só acontece quando conseguimos conciliar negócios, planeta e sociedade. Nosso esforço é constante para que a indústria cearense seja cada vez mais protagonista na construção de um futuro que respeite o meio ambiente e gere oportunidades para todos", reforçou. Ao falar sobre os novos vetores de crescimento sustentável no estado, o anfitrião destacou os investimentos em energias renováveis, hidrogênio verde e a atração de data centers, enfatizando que o estado "tem um futuro brilhante conciliando tudo isso com a chamada indústria verde".
Representando o Grupo de Comunicação O POVO, o Jornalista e Gerente-Geral da Fundação Demócrito Rocha, Marcos Tardin, destacou o compromisso da instituição com a pauta da sustentabilidade e o fortalecimento da agenda ESG por meio de ações concretas, como a produção da Cartilha ESG O POVO e a realização de fóruns temáticos.
"Somos a única empresa de comunicação do Ceará a aderir ao Pacto Global da ONU, e estamos comprometidos com os dez princípios que ele propõe no nosso dia a dia", afirmou. Ele também enfatizou o papel do jornal O POVO e da Fundação Demócrito Rocha como articuladores do debate público sobre práticas sustentáveis. "Procuramos colaborar para que todos possam trilhar esse caminho, junto com a sociedade e com as iniciativas aqui presentes. Estamos determinados a avançar nessa pauta. É uma honra realizar esta segunda edição do fórum e agradecemos à FIEC pela parceria e hospitalidade", concluiu.
Antes do início dos debates, o evento trouxe ainda uma apresentação do Diretor de Operações da Casa Azul, Rafael Queiroz, sobre o Programa de Aceleração de Startups Delta-V. A Casa Azul Ventures é uma aceleradora que nasceu da união de Grupo de Comunicação O POVO e Elogroup, e que reforça a ideia de que negócios de todos os portes devem ter compromissos com a agenda ESG
ESG-FIEC: exemplo de boas práticas no fórum
O Sistema FIEC foi destaque no evento como case de sucesso na propulsão de boas práticas ambientais, sociais e de governança para as indústrias cearenses dos mais diversos segmentos. Na ocasião, a Gestora do Núcleo ESG-FIEC, Alciléia Farias, apresentou a experiência da Federação como referência nacional na pauta, destacando o Programa de Certificação ESG-FIEC.
A Certificação ESG-FIEC se destaca por sua metodologia rigorosa e auditoria independente realizada pelo Bureau Veritas, organismo internacional presente em 140 países e credenciado pelo Inmetro. Em seus três primeiros anos, o programa envolveu 68 empresas, das quais 26 já conquistaram a certificação, demonstrando o comprometimento crescente da indústria cearense com a agenda ESG. Entre os benefícios obtidos pelas empresas estão a redução de até 30% no consumo de energia e água, aprimoramento dos processos internos, maior visibilidade no mercado e acesso facilitado a investidores que valorizam práticas sustentáveis e transparentes.
Alciléia destacou que a jornada rumo à sustentabilidade nas empresas exige propósito, estratégia e comprometimento. Ela explicou que o Núcleo atua de forma personalizada, avaliando o grau de maturidade de cada organização e desenvolvendo práticas alinhadas ao seu modelo de negócio. "É sobre entender qual bandeira sua empresa vai levantar, como ela quer ser reconhecida no mercado. Sustentabilidade também é posicionamento", afirmou. A Gestora ressaltou o papel da FIEC como exemplo de boas práticas internas e reforçou que a mudança de cultura empresarial para a economia circular depende do engajamento de todos: líderes, profissionais e sociedade. “Não basta fazer da porta para fora. Sustentabilidade precisa ser vivida dentro de casa. Só muda o jogo quem se apaixona pelo que faz”, concluiu.
Na ministração, Farias também reforçou que a agenda ESG vai muito além do cumprimento da legislação. "Estar sustentável é ir além do que a lei exige. Cumprir a lei é obrigação, não benesse. Ter compromisso socioambiental é pensar no futuro dos seus negócios e na viabilidade da própria economia”, afirmou. Para ela, considerar a escassez dos recursos naturais e o crescimento da população é fundamental para garantir a continuidade das empresas e da sociedade. “Temos muitas áreas para atuar e muito a dizer. Sustentabilidade é uma agenda urgente e estratégica", completou.
Os participantes também acompanharam a apresentação de outros cases especiais que ilustraram boas práticas já implementadas no estado. Amanda Bandeira, Assistente Social da Cagece, apresentou o programa Reciclocidades, que promove inclusão social e gestão eficiente de resíduos sólidos. Após breve intervalo, foram compartilhadas ainda as experiências de Rebeca Wermont, do Instituto Lixo Zero, e Carla Esmeraldo, da Coalizão Pelo Impacto Fortaleza, com foco em mobilização comunitária e inovação social sustentável.
Debates e experiências compartilhadas
A programação contou com dois painéis, mediados pela Jornalista Carol Kossling, colunista de ESG do jornal O POVO e curadora do Fórum ESG O POVO. O primeiro, intitulado “COP30 – Desafios e oportunidades para indústrias, empresas e organizações no Ceará e no Brasil”, contou com a participação de Artur Bruno, Presidente do Instituto de Pesquisa e Planejamento de Fortaleza (Iplanfor); Tarin Frota Mont’Alverne, Professora da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Ceará (UFC); Camila Freitas, Coordenadora Ambiental da Cerbras; e Magda Maya, Estrategista em Sustentabilidade 4.0.
O segundo painel abordou o tema “Justiça climática e os impactos sociais das mudanças climáticas”, reunindo vozes diversas e representativas: Juliana Alves (Cacika Irê), Secretária dos Povos Indígenas do Governo do Ceará; Izabel Accioly, Antropóloga e Consultora de Diversidade; Luciana Rabelo, Gestora do Instituto Aço Cearense; e Rui Aguiar, Chefe do Escritório do Unicef em Fortaleza.
Carol Kossling enfatizou que a pauta da sustentabilidade já está incorporada à vida em sociedade e não pode mais ser tratada como uma tendência passageira. "Não tem mais como voltar atrás. A sustentabilidade já faz parte do nosso dia a dia". A mediadora também chamou atenção para o impacto real das mudanças climáticas na vida das pessoas e na atuação de instituições públicas e privadas. “A COP debate mudanças climáticas, mas esse assunto não está distante de nós. Está no Nordeste, nas tragédias do Rio Grande do Sul, está nas empresas, na pesquisa, nos órgãos públicos. Todos nós estamos conectados a essa agenda”, concluiu.