Projeto Rotas Estratégicas discute setor de produtos de consumo


Especialistas do setor de produtos de consumo (confecção, calçados e couro e móveis) estão reunidos hoje e amanhã (26 e 27/9), na Casa da Indústria, para discutir os próximos 10 anos da área no Ceará. A iniciativa faz parte do projeto Rotas Estratégicas, integrante do Programa para Desenvolvimento da Indústria. Em termos de produção, o Brasil tem participação mundial de 2,3% no setor de confecções; 3,7% em calçados e couro; e 1,1% em móveis.

Quanto ao tamanho dos setores no país, confecções concentra 45% dos vínculos do setor no país e 42% no estado, distribuindo-se, portanto, de forma semelhante nos dois. O mesmo não ocorre nos outros subsetores. Calçados e couro, que reúne pouco mais da metade dos empregos do setor no Ceará, possui cerca de 24% dos vínculos no setor nacional; e em móveis, enquanto o estado possui apenas 1% dos empregos no setor, no Brasil essa participação é de 12%.

O Ceará, em produtividade no trabalho, ocupa a 9ª posição no ranking nacional em confecções, 16º em calçados e couro, e 18º em móveis. O estado lidera o ranking da contribuição em bens de consumo para a geração de empregos na indústria local (44,2%). Em termos da participação do setor nos empregos em toda a economia, o Ceará fica em segundo lugar, com 8,2% de todos os vínculos. De acordo com o economista e assessor técnico da diretoria da FIEC, Guilherme Muchale, os três subsetores têm características muito parecidas. “Uma delas é a relevância no segmento como um todo, que responde por praticamente metade dos empregos industriais do estado. Têm importância social muito grande pro Ceará”, explica.

Os empregos da confecção no Ceará estão mais localizados na Região Metropolitana de Fortaleza; os de calçados e couro, no interior do estado, com destaque para Sobral e Juazeiro; e os relacionados aos móveis, estão mais focados em Fortaleza, Marco e Iguatu. Em relação aos ativos de P&D, são 21 cursos de graduação ligados aos setores no Ceará, a maioria localizada em Fortaleza. Caracterizada como uma indústria intensiva em mão-de-obra, o setor de Produtos de Consumo demonstrou nacionalmente, um aumento aproximado de 5% na geração de empregos, de 2008 a 2014.

No Ceará, o aumento da quantidade de vínculos no setor foi cerca de 20%, entre 2008 e 2014, ou seja, quatro vezes o crescimento observado para o Brasil. Em termos dos segmentos, móveis foi aquele que apresentou maior incremento no número de empregos gerados, com ampliação de cerca de 30%. Quanto ao comércio exterior, o Brasil está em 57º lugar nas exportações de confecções, com apenas 0,05%; dentro do país, o Ceará está em 7º, com 2,6% de participação. Em calçados e couro, o país está em 34º, o equivalente a 1,72%; já o Ceará, localiza-se em 3º, com 13,1%.

Em relação a móveis, está em 31º, com 0,4% de todo o valor exportado; o Ceará encontra-se em 12º, com 0,1% de participação. Dentro do setor, entre os produtos mais exportados pelo estado, estão calçados, peles e couros, vestuário e acessórios, artigos de couro e móveis. Entre os importados pelo setor, estão melhor colocados vestuário e acessórios, calçados, obras de couro e móveis. Os principais destinos das exportações cearenses do setor são EUA, Hungria, Argentina, Itália e China. Já os importados, são China, Espanha, Bangladesh, Vietnã e Índia.

Para Muchale, há grandes possibilidades em relação ao mercado externo, que hoje já é aproveitada pelo setor de calçados, no entanto, tanto confecções quanto móveis ainda ensaiam seus primeiros espaços, ainda necessitam de ações para melhorar nesse quesito. “O caminho é muito parecido para os três porque temos produtos de baixo valor agregado. Mas temos elementos como design, compreensão do mercado consumidor, de tendências e o uso do regionalismo podem agregar valor a esse produto e conseguir produtos diferenciados que não vão competir com a China em relação a preço mas que vão atingir seu mercado, expandir”, analisa.

Além disso, é importante aproveitar a posição estratégica do Ceará em relação aos grandes mercados consumidores, de acordo com Muchale, que são praticamente os mesmos para esses três setores: América do Norte e Europa. “Temos um canal livre em termos de comércio exterior porque temos navios chegando no Porto do Pecém, praticamente todos os dias, desses mercados. Temos que, realmente, aproveitar essa oportunidade, esses anos de crise que geram anos ruins em termos de mercado interno para fortalecer a nossa exportação”, destaca. 

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