SENAI inicia cursos para egressos do Sistema Penitenciário

Aconteceu hoje (12/9) a aula inaugural dos cursos do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) destinados a cem egressos do sistema prisional cearense. Se a entrada no mercado de trabalho é o grande objetivo de quem passa pelas salas de aula do SENAI, para essa turma, a conquista de um emprego representa a chance real de virar uma página dolorosa de recordar.

Os olhos de Dona Suely, de 53 anos, enchem d’água ao falar dos quatro meses em que esteve no Instituto Penal Feminino Auri Moura Costa. “Nunca imaginei que iria passar por uma coisa dessas. Mas cresci e amadureci muito. Costumo dizer que aquele lugar é um inferno cheio de anjos, pois conheci muita gente de coração bom e tive muitas oportunidades que não tive aqui fora. Aproveitei todas elas, e agora vou aproveitar mais esta, tendo fé que esse curso me levará para mais longe desse deserto que eu e minha família temos vivido”, revela.

Os cursos nas áreas de pedreiro, carpinteiro, armador de ferro e costureiro industrial são fruto de um convênio entre SENAI e Secretaria de Justiça e Cidadania do Governo do Estado do Ceará. “Hoje é um dia muito importante, pois o Sistema FIEC está dando sua contribuição para a sociedade ao acreditar que as pessoas podem ser diferentes quando têm uma oportunidade. Esse já é o segundo convênio que firmamos pelo movimento do Ceará Pacífico”, afirmou o diretor regional do SENAI Paulo André Holanda.

Para os que tombaram no caminho do crime, “esperar” é verbo de conjugação simples, mas que é uma sentença difícil de reduzir. Antônio Francisco passou 12 anos esperando o dia em que sairia do Sistema Penitenciário para iniciar uma vida nova. Agora, já há algum tempo do lado de cá das grades, a espera de Francisco parece apenas ter mudado de lugar: “Tenho tentado arrumar emprego faz tempo, mas as portas se fecham... Eu vou deixar meus documentos, mandam eu aguardar, eu aguardo. É uma espera. Infelizmente, quando a resposta vem, vem dizendo que aquela vaga não era para mim”, conta ele, mas sem perder a esperança em dias melhores. “A gente erra, fica arrependido, quer melhorar. Agora que estou fazendo esse curso, junto com outro que já finalizei, torço para que o fim dessa espera, na próxima vez, me traga um resultado positivo”, torce.

*Alguns nomes foram mudados por solicitação dos entrevistados

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