Grupo de idosos visita o Museu da Indústria

No dicionário da língua portuguesa, a palavra memória é definida como a faculdade pela qual o espírito conserva ideias ou imagens. E foi justamente esta a palavra evocada pelo aposentado Freitas da Silva, de 70 anos, para falar de um tempo que não volta mais: “Ando por essas salas e consigo ver exatamente como cada coisa era antes. Vejo aqui uma foto da fachada do prédio, mas como ele era por dentro só tenho nas minhas memórias!”. O retorno ao edifício centenário que hoje abriga o Museu da Indústria foi, para Sr. Freitas, um passeio nostálgico pelas lembranças dos 22 anos em que trabalhou na Companhia Nordeste de Eletrificação de Fortaleza – Conefor, empresa cuja sede ali funcionava. O aposentado é capaz de descrever em detalhes o dia 15 de outubro de 1970, seu primeiro dia no emprego. “Eu seria capaz de lhe dizer até a minha matrícula na empresa. Desse lado ficavam os computadores, ali do outro era a cantina, e em cima a sala da diretoria. Foi meu primeiro emprego. Esse lugar guarda a minha história, é uma grande recordação”.

Sr. Freitas era um dos integrantes do grupo que visitou ontem (24/08) o Museu da Indústria. Eles fazem parte do projeto "Um olhar histórico sobre Fortaleza", do SESC, que desde abril proporciona a 22 idosos a oportunidade de visitar pontos históricos da capital, para relembrar e reviver histórias pessoais que se confundem com a memória social e afetiva de Fortaleza. Patrícia Xavier, coordenadora pedagógica do museu, explica o porquê de visitas como essa serem especiais: “Quando recebemos um grupo de pessoas mais velhas, as explicações sobre o museu viram quase uma conversa, porque a história da indústria é a história do cotidiano, então falamos aqui de coisas que têm uma forte relação com a vida de cada um deles”.

Durante o percurso pela exposição que conta a história fabril cearense, D. Zilda Maria, de 73 anos, abriu um sorriso largo ao se aproximar da área dedicada ao setor têxtil. Através do vidro, era possível observar um antigo modelo de uma máquina de costura Singer. “Tenho uma quase igual na minha casa, que ganhei há 55 anos da minha mãe. Gosto da minha máquina tanto quanto gosto do meu filho, porque foi com ela que garanti o sustento dele no início da vida, fazendo bordados para grandes empresas”, conta, em um misto de brincadeira e emoção.

Ao observar a cacimba d'água presente no final do percurso, D. Maria de Jesus, de 65 anos, foi levada pelas lembranças dos anos iniciais de seu primeiro casamento. “Quando casei, eu fui morar no bairro Henrique Jorge e tinha um cacimbão. Eu tive três filhos, um atrás do outro, e eles achavam o máximo aquilo de puxar água da terra. Hoje estão todos casados, mas parece que foi um dia desses”, lembra. Sobre o correr apressado do tempo, Dona de Jesus completa: “Sou feliz! Tenho 65 anos. Tirei minha carteira depois de fazer 62, casei pela segunda vez depois de 65. Depois dos 60, ninguém segura a gente!”.

Serviço
Museu da Indústria
Horário de atendimento:
de terça a sexta-feira, das 09h às 18h; aos sábados, das 09h às 17h; e aos domingos, das 09h às 13h.
Endereço: Rua Dr. João Moreira, 143 – Centro – Fortaleza – Ceará – CEP: 60030-000
Telefone: (85) 3201.3901 

(85) 3421.5916 / Av. Barão de Studart, 1980, Aldeota - Fortaleza-CE
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