Projeto "Sou Capaz" do SENAI/CE é destaque em artigo no O Povo
Em artigo publicado hoje (28/8), no jornal O Povo, o advogado e professor universitário, Leandro Vasques, fala sobre o projeto do SENAI "Sou Capaz" na capacitação de detentos. Confira:
Capacitação de detentos e o exemplo da Fiec
Com episódios frequentes de massacres, fugas em massa e rebeliões, os presídios estaduais, apesar de alguns esforços governamentais, padecem de uma crise permanente. As penitenciárias, que têm servido como verdadeiros depósitos humanos, cumprem o papel de isolar os indivíduos perigosos, mas não os recuperam. O ócio improdutivo dos internos representa, assim, pernicioso fator complicador. Sendo pouco estimulados, os presos afundam-se ainda mais no pântano da criminalidade e acabam recrutados por facções. Destaque-se que de cada 100 detentos que deixam o cárcere (pois cedo ou tarde de lá eles regressam ao convívio social), quase 80 voltam a delinquir.
É preciso estimular o sentimento de "utilidade social" dos detentos que, uma vez preenchedores dos requisitos legais, poderão ter uma oportunidade de trabalho e buscar o resgate da dignidade humana, afinal, como proclamava Gonzaguinha: "sem o seu trabalho o homem não tem honra e, sem a sua honra, se morre, se mata".
As empresas e o mercado em geral só aproveitarão a força de trabalho dos egressos se estes estiverem qualificados e imbuídos da vontade de (re)inserir-se no cenário laboral. Ora, se até alguém de retilínea biografia já encontra dificuldades para encontrar um ofício, aqueles oriundos do sistema prisional enfrentam uma situação ainda mais complexa.
Nesse contexto, a Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), no crepúsculo da exitosa gestão do dínamo Beto Studart, tem deixado importante legado para a sociedade. Por meio do Senai, capitaneada regionalmente pelo também operoso Paulo André Holanda, até o fim deste ano serão capacitados profissionalmente quatro mil detentos do sistema prisional cearense.
Trata-se do projeto "Sou Capaz", promovido juntamente com a Coordenadoria de Inclusão Social do Preso e do Egresso (Cispe), o qual atende áreas como informática, construção civil, tecnologia, mecânica, costura e marcenaria.
Não se trata de privilegiar aqueles que causaram mal à sociedade, mas sim de buscar fraturar o círculo vicioso da reincidência e encontrar uma solução para o panorama apocalíptico que nos aflige, pois, como escreveu Carnelluti: "A pena, se não mesmo sempre, nove vezes em dez não termina nunca. Quem em pecado está perdido, Cristo perdoa, mas os homens não".