[REVISTA DA FIEC] Retrato da inovação no Brasil

                                                                                                                                                                                             

Inovação é palavra de ordem para o desenvolvimento das empresas e do país, mas como realmente estamos? Em que podemos evoluir? Para responder essas perguntas, a Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC) criou, em uma iniciativa pioneira, o Índice FIEC de Inovação dos Estados, apresentando com riqueza de detalhes como cada estado brasileiro se posiciona em diferentes aspectos do processo inovador.

O objetivo desse raio-x é identificar lacunas e servir de base para a elaboração de políticas que possam favorecer a massificação da inovação no Brasil. O Índice foi elaborado pela equipe do Observatório da Indústria da FIEC e terá periodicidade anual. Está dividido em duas áreas – Capacidades e Resultados – e cada uma delas avalia tanto o ecossistema de inovação quanto a inovação em si.

Índice FIEC de Inovação dos Estados mensura aspectos multidimensionais e traça ranking nacional. O conjunto de indicadores que formam o Índice representam os aspectos e as capacidades essenciais para o desenvolvimento dos estados brasileiros, de modo que, quando postos em conjunto, constroem a base para o crescimento da competitividade e da produtividade estadual.

O Índice de Capacidades mede quatro aspectos: Capital Humano, Infraestrutura de Telecomunicações, Investimento Público em Ciência e Tecnologia e a Inserção de Mestres e Doutores na Indústria. Já o Índice de Resultados é formado por quatro indicadores: Propriedade Intelectual, Produção Científica, Competitividade Global em Setores Tecnológicos e Intensidade Tecnológica da Estrutura Produtiva.

Na primeira edição, o Índice FIEC de Inovação dos Estados traz São Paulo como o estado mais inovador do Brasil. Além da liderança no ranking geral, São Paulo ocupa a primeira posição no Índice de Capacidades e a segunda colocação no Índice de Resultados, consolidando o seu papel como estado mais dinâmico da economia brasileira.

São Paulo é líder em Investimento Público em Ciência e Tecnologia e Competitividade Global nos Setores Tecnológicos. Mais ainda, o estado está entre os quatro primeiros colocados em todos os indicadores analisados. Em segundo e terceiro lugar, estão posicionados Paraná e Distrito Federal, respectivamente.

Paraná é o segundo lugar em Investimento Público em Ciência e Tecnologia e segundo em Propriedade Intelectual da Indústria, além de quarto em Infraestrutura de Telecomunicações. O Distrito Federal, por sua vez, é o primeiro em Publicação Científica e primeiro em Infraestrutura de Telecomunicações.

“O indicador de Propriedade Intelectual é medido pelo número de patentes por milhão de habitantes. O Paraná aparece com um total de 67,2 patentes por milhão, atrás apenas de Santa Catarina, o líder nacional, com 85 patentes por milhão”, destaca o economista do Observatório da Indústria da FIEC, Antônio Martins.

Rio de Janeiro, quarto colocado no ranking geral, é o líder nacional em Qualidade da Pós-Graduação e Inserção de Mestres e Doutores na Indústria. São 430 mestres e doutores para cada 100 mil trabalhadores na Indústria e em Serviços de Alta Tecnologia. A qualidade da pós-graduação do Estado também se reflete no indicador de Publicação Científica, no qual o Estado aparece em segundo lugar, atrás apenas do Distrito Federal.

No entanto, o Rio de Janeiro é o último colocado em Investimento Público em Ciência e Tecnologia. A recente crise fiscal do estado reduziu drasticamente a parcela do orçamento público estadual dedicada à essa área. “Esse baixo investimento pode afetar os demais indicadores nos próximos anos, principalmente indicadores como publicação científica, qualidade da pós-graduação e propriedade intelectual na indústria”, observa o economista.

Santa Catarina, sexto colocado no ranking, é também o primeiro colocado em Propriedade Intelectual na Indústria. Amazonas, por sua vez, aparece em nono lugar no ranking geral, primeiro na região Norte e primeiro do Brasil no indicador de Intensidade Tecnológica da Estrutura Produtiva, medido pela participação do emprego em setores de alta intensidade tecnológica no total do emprego. Isso se deve, em boa medida, à Zona Franca de Manaus, cujo impacto sobre o setor industrial do estado é alto.

“Essa estrutura produtiva concentrada em setores de alta tecnologia também impacta o indicador de Competitividade Global em Setores Tecnológicos, no qual o estado aparece na terceira posição, resultado das exportações de motocicletas, máquinas e aparelhos de escritório, entre outros. Por outro lado, o estado é o 25º colocado no indicador de Infraestrutura de Telecomunicações, em grande medida devido à grande parcela da população em áreas rurais”, observa Antônio. 

DESEMPENHO CEARENSE
O Ceará aparece em posição intermediária. É o 16º estado mais inovador do Brasil e o quinto do Nordeste. Apresenta uma melhor posição no Índice de Capacidades (11º) quando comparado ao Índice de Resultados (17º), o que indica que o Ceará não é capaz de aproveitar a totalidade das suas competências. Se por um lado, o estado vai bem em Infraestrutura de Telecomunicações (12º) e em Qualidade da Pós-Graduação (11º), ele é apenas o 17º em Competitividade Global em Setores Tecnológicos e 15º em Produção Científica.

“O indicador de Infraestrutura de Telecomunicações é medido pelo acesso à telefonia móvel e banda larga de alta qualidade. O Ceará aparece como líder no Nordeste nesse indicador. Por outro lado, tem como principais gargalos: a Competitividade Global em Setores Tecnológicos, ou seja, as suas exportações estão concentradas em produtos de
baixo valor agregado; e o Investimento Público em Ciência e Tecnologia e Produção Científica”, constata.

Logo acima do Ceará estão outros quatro estados do Nordeste, que são Pernambuco, Paraíba, Sergipe e Rio Grande do Norte. Pernambuco é o oitavo colocado no ranking nacional e o primeiro do Nordeste, ocupando também a nona posição no Índice de Capacidades e a oitava posição no Índice de Resultados. Além de ser também o segundo colocado na Competitividade Global em Setores Tecnológicos.

Isso se deve, principalmente, pela grande parcela de produtos de alta intensidade tecnológica nas suas exportações, como automóveis e acessórios de veículos automotivos. Outro destaque é o Investimento Público em Ciência e Tecnologia, onde ele aparece em quarta colocação no ranking geral.

                                                                                                                                                                                             

Por outro lado, Pernambuco aparece apenas na 15ª posição no indicador de Inserção de Mestres e Doutores na Indústria, com aproximadamente 76 mestres e doutores para cada 100 mil trabalhadores na Indústria e em Serviços de Alta Tecnologia. Paraíba é o 12º no ranking nacional e o segundo do Nordeste, com destaque para a oitava posição no indicador de Qualidade da Pós-Graduação e sexta no indicador de Propriedade Intelectual na Indústria, com mais de 50 patentes por milhão de habitantes.

Apesar desses resultados, a Paraíba aparece em posição inferior em outros importantes indicadores, como Intensidade Tecnológica da Estrutura Produtiva (21ª posição) e Competitividade Global em Setores Tecnológicos (26ª posição), o que indica que a indústria está concentrada em setores de baixo nível tecnológico.

Sergipe, por sua vez, se destaca positivamente pelo Índice de Resultados (10º), porém é apenas o 17º no Índice de Capacidades. Rio Grande do Norte é o 12º no Índice de Capacidades e 14º no Índice de Resultados, destacando-se na quinta posição na Inserção de Mestres e Doutores na Indústria. Bahia, por outro lado, apresenta uma maior variabilidade entre seus indicadores. Ao mesmo tempo que se posiciona em 21º em Infraestrutura de Telecomunicações e 20º como Propriedade Intelectual na Indústria, a Bahia é também o sexto em Investimento Público em Ciência e Tecnologia e Competitividade Global em Setores Tecnológicos.

Em último lugar no ranking está o Maranhão, ocupando também a última colocação nos indicadores de Infraestrutura de Telecomunicações, Qualidade da Pós-Graduação, Competitividade Global em Setores Tecnológicos e Produção Científica.

REGIÕES
A região Sul aparece como a região mais inovadora do Brasil, com os três estados da região aparecendo entre os seis primeiros colocados do ranking geral. A região Norte aparece como a região menos inovadora, estando Roraima e Rondônia em 25º colocado e 26º colocado, respectivamente.

A região Sudeste, apesar de ter São Paulo como o líder, aparece em segundo lugar. Isso se deve principalmente aos resultados do Espírito Santo (11º no ranking). A última posição do Rio de Janeiro no indicador de Investimento Público em Ciência e Tecnologia também explica a segunda posição da região Sudeste.

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