ARTIGO: O impacto da estrutura setorial na produtividade da indústria cearense

Ao analisar a composição setorial da indústria de transformação cearense, observa-se que o Ceará apresenta baixa produtividade. Isso se deve, entre ouras razões, à composição majoritária em setores intensivos em trabalho. Isso porque, em geral, setores intensivos em capital e tecnologia apresentam índices superiores de produtividade quando comparados aos setores intensivos em mão de obra.

A título de exemplos, os setores intensivos em trabalho de Vestuário, Couros e Calçados e Têxtil correspondem a 49,1% da indústria de transformação do Ceará e apresentam uma produtividade média de 56 pontos. Por outro lado, setores que são mais intensivos em capital e tecnologia, como de bebidas e químicos, obtiveram uma produtividade média de 168,5 pontos.

Gráfico 01: Produtividade do trabalho dos setores industriais do Ceará em 2016


 

Fonte: Pesquisa Industrial Anual – IBGE (2016)

Em 2016, um trabalhador da indústria de transformação do Ceará produziu, em média, R$ 73.319,15. Este valor corresponde a 53,3% da produtividade nacional, a qual registrou o valor de R$ 137.569,88. Ou seja, é necessário aproximadamente o dobro de trabalhadores na indústria cearense para realizar a mesma produção da indústria brasileira.

A fim de verificar o impacto da natureza da estrutura setorial no índice de produtividade, utilizam-se os cálculos de Efeito Composição e Ambiente por meio da comparação entre os parques fabris de diferentes regiões. Levando em consideração o Efeito Ambiente, caso a produtividade da indústria do Ceará fosse semelhante à do Brasil, a produtividade do trabalho cearense aumentaria para R$ 86.150,00 - crescimento de 17,5 pontos percentuais.

Por outro lado, caso o Ceará possuísse a mesma composição setorial da indústria do Brasil, o cálculo do Efeito Composição revela que a produtividade do estado aumentaria de 53,3% para 81,9%, o que corresponde a um acréscimo expressivo de 28,6 pontos percentuais de competitividade e a um crescimento superior ao do Efeito Ambiente.

Assim, a partir do Efeito Composição, percebe-se a importância da estruturação do parque industrial em setores mais intensivos em capital e tecnologia devido aos efeitos de transbordamento dos acréscimos de produtividade e dos avanços tecnológicos para os outros setores da indústria e da economia.

Gráfico 02: Efeito Composição e Ambiente

Fonte: Pesquisa Industrial Anual – IBGE (2016)

Conclui-se que, a fim de aumentar a produtividade do Ceará em relação ao do Brasil, faz-se necessário incentivar uma composição do parque industrial cearense em direção a setores mais dinâmicos em termos de inovação e tecnologia. Para tal, são essenciais estímulos às atividades inovativas por meio de uma maior qualificação do capital humano, da articulação entre sistema técnico-científico e o setor produtivo e, por fim, de maior acesso às políticas de financiamento às inovações tecnológicas.

Artigo de  Melissa Marques Pinheiro, graduanda em Economia na Universidade Federal do Ceará (UFC) e estagiária do Núcleo de Economia e Estratégia da FIEC.

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