Crise política: persistente pedra no caminho de nossa recuperação econômica

Do ponto de vista da mecânica do crescimento, a moderna teoria econômica nos ensina que a elevação do produto se dá por quantidades adicionais dos fatores de produção e pelo crescimento da produtividade, o qual ocorre via desenvolvimento tecnológico. Como as pessoas são submetidas a incentivos e restrições, o resultado de uma economia depende do conjunto de regras impostas aos agentes econômicos. Podemos dizer assim que a qualidade das instituições políticas determinam a qualidade das instituições econômicas.

Observando a trajetória recente da economia brasileira, vê-se a instabilidade política como um dos motivos para a gravidade de nossa crise, bem como para a lentidão do processo de retomada do crescimento. Nessa direção, nota-se esta semana tomada pelo novo capítulo da crise política, dessa vez envolvendo acusações de ingerência e tráfico de influência no governo.

Segundos dados do IBGE, no 3º trimestre deste ano tivemos queda de 0,99% em comparação com o 2º trimestre. Com isso, chegamos ao sétimo trimestre consecutivo de PIB negativo. As preocupações são ainda maiores em relação aos investimentos, que tiveram queda expressiva de 11%, na comparação do 3º trimestre deste ano, com igual período de 2015. Esse fato é parcialmente explicado pelo endividamento de famílias e empresas e pela taxa de juros elevada. Juros menores estimulariam o consumo e melhorariam as condições de renegociação das dívidas, impulsionando os investimentos. Para que isso se concretize, é necessário levar a inflação para a meta de 4,5% em 2017, pois é imprescindível que se tenha estabilidade econômica.

Há vários dias existe expectativa do mercado de que o COPOM efetue corte de até 0,5 ponto percentual na taxa básica de juros, a SELIC. Com a melhor compreensão sobre quão profunda é a crise fiscal de estados e municípios, a eleição de Donald Trump para presidência dos EUA – e os possíveis efeitos de suas medidas sobre o câmbio – e a nossa instabilidade política, analistas esperam redução de apenas 0,25 ponto percentual, em reunião do COPOM que será realizada na próxima semana.

Caso isso se confirme, infelizmente, seguiremos com juros muito mais altos do que o desejado, e assistindo às instituições econômicas sofrendo pela má qualidade dos nossos arranjos políticos institucionais.

Confira as edições anteriores da Análise Econômica Semanal:

18/4 - Crise é mais profunda do que se imaginava

11/4 - Endividamento: freio à retomada do crescimento

4/11 - O risco Trump

28/10 - Conter gastos públicos é necessário para a retomada econômica

21/10 - Por que os juros não caíram mais?

14/10 - Repatriação e investimentos: reforços no caixa

7/10 - PEC dos gastos e as reformas necessárias

30/09 - O Brasil e o ranking de competitividade econômica

23/09 - Avanços e riscos de um novo modelo de ensino médio

16/09 - O primeiro pacote de concessões

09/09 - O IDEB e os impactos na economia

19/08 - Dívida dos Estados e a necessidade de superar as ineficiências institucionais

05/08 - A queda da inflação e a revisão dos juros

29/07 - Déficit nas contas públicas: solução passa por investimentos e exportações

22/07 - Mudança na SELIC terá que vir acompanhada de medidas fiscais

15/07 - Precisamos aproveitar o cenário favorável

08/07 - Respeito às restrições do orçamento é imprescindível para alcançar meta fiscal

01/07 - O elemento central para a retomada da econonomia

24/06 - O "Brexit" como mais um desafio para a agenda internacional brasileira

17/06 - Sinais de confiança na retomada da economia

10/06 - Foco no cumprimento da meta de inflação

03/06 - No Caminho da austeridade

27/05 - Primeiras medidas evitam agravamento do quadro fiscal

20/05 -  Controle das contas públicas e a eficiente gestão do gasto

13/05 - Competitividade, chave para retomada do crescimento

06/05 -  A premissa da eficiência do gasto público

29/04 - O equilíbrio que se faz necessário nesse momento

22/04 - Os desafios do pós-Dilma

15/04 - Próximos dias darão o tom sobre as incertezas

08/04 - Um governo novo ou um "novo governo?

01/04 - FUTURO: Uma construção coletiva

24/03 - Não há saída sem a recuperação da confiança

18/03 - Destaques econômicos em segundo plano

11/03 - Os humores da política

04/03 - Efeitos da Lava Jato na economia

26/02 - Até que enfim, um sopro de positividade

19/02 - Programação Orçamentária e Financeira para 2016: cortes de gastos de R$ 24 bilhões

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