[Discurso] José Flávio Leite Costa Lima

DISCURSO PROFERIDO PELO PRESIDENTE DA FIEC, DR. JOSÉ FLÁVIO COSTA LIMA, NA SOLENIDADE REALIZADA PELA CIBRESME POR OCASIÃO I ENCONTRO SIDERÚRGICO DO NORTE/NORDESTE E I ENCONTRO DE ESTRUTURAS METÁLICAS DO NORTE/NORDESTE, NO QUAL OS EMPRESÁRIOS EDSON QUEIROZ E PLÍNIO OSVALDO ASSMANN RECEBERAM A “MEDALHA DO MÉRITO ANGELO FIGUEIREDO”.

Fortaleza, 09 de janeiro de 1981.

 

Mais do que uma homenagem à capacidade de dois homens vitoriosos, que comprovaram a viabilidade econômica da região, há neste ato um simbolismo muito significativo, como reconhecimento dos méritos de quantos, nesta área do país, se dispõem a levar avante o processo de industrialização, como alternativa para vencer o seu subdesenvolvimento.

A esta altura, torna-se difícil a louvação, se a Edson Queiroz e Plínio Osvaldo Assmann – o presente materializado em vários e importantes empreendimentos industriais, ou se à figura fisicamente ausente, mas dominando toda a nossa memória, de Ângelo Figueiredo, cujo nome à comenda que o jornal “Tribuna do Ceará” institui, representa realmente o símbolo do espírito criativo, da audácia, da vontade indômita do homem nordestino, diante de tantas e tamanhas dificuldades para plantar, no Nordeste, os caminhos opcionais da indústria metalúrgica, como forma de produção de riqueza.

Se hoje uma iniciativa como esta se depara, até com certo embaraço, na escolha dos homenageados, tantas são os que, como Edson Queiroz e Plínio Osvaldo Assmann, possuem qualidades para merecer a honraria, é porque existe uma realidade que alguém começou a construir. Esta realidade é a indústria metalúrgica do norte/nordeste, ora reunida em oportunos encontros em nossa cidade.

E numa ocasião assim, afloraria indiscutivelmente o nome de Ângelo Figueiredo, mesmo não houvesse sido ele lembrado, como o foi tão boa hora, pela “Tribuna do Ceará”. A “Medalha do Mérito Ângelo Figueiredo”, como acentuei de início, é o reconhecimento ao pioneirismo dos que um dia, já bem distante, acreditaram ser possível criar, na antes e ainda esquecida região nordestina, um processo industrial a partir da transformação de metais leves.

Nascido no Crato, Miguel Ângelo de Figueiredo, na sua juventude, se fez ourives, e desde então, por certo, nasceu-lhe, a vocação de trabalhar os metais, o que só muito mais à frente viria a tornar realidade, antes, seu currículo apresenta muitas outras atividades, evidenciando, acima de tudo, que ele foi primordialmente um homem devotado ao trabalho, o casamento, em 1924, com Dona Gesumira Guedes Figueiredo, deu-lhe à vida rumos que talvez não esperasse.

Tornou-se funcionário público, sendo coletor federal de Várzea Alegre até o começo da década de 30. O sogro o convidou, então para ser seu sócio numa firma comercial em Limoeiro do Norte, cidade que adotaria como sua. Em Limoeiro, Ângelo Figueiredo, a princípio associado ao sogro, depois sozinho e posteriormente em companhia dos filhos, pode demonstrar a sua capacidade como negociante e empresário. Logo sua empresa expandiu-se por todo o Vale do Jaguaribe, avançando para o extremo sul do estado e pelo vizinho estado do Rio Grande do Norte. Sucessivamente, por força da expansão, a firma foi ganhando novas denominações, a partir de Raimundo Gurgel Guedes & Cia, que se transformou em Armazém Santo Antônio, após o falecimento do sogro; depois, Ângelo Figueiredo & Filho, já então na companhia do filho Djanir e posteriormente Ângelo Figueiredo & Filhos. Com o ingresso de dois outros filhos, Djalma e João Batista.

Sua visão empresarial, contudo, não poderia restringir sua firma aos limites familiares. Assim, em 1956, convidava dois fiéis colaboradores, Francisco Máximo Saraiva e Amadeu Cavalcante de Menezes, para seus sócios, tornando-se então a firma Ângelo Figueiredo & Cia.

Mas seria no ano seguinte, em 1957, que ele Ângelo Figueiredo, apoiado pelos filhos concebeu e concretizou o seu ideal de fundar uma indústria metalúrgica, surgindo assim a Fábrica de Móveis de Aço Confiança, atualmente a próspera Móveis de Aço Ângelo Figueiredo S/A . Nesse mesmo ano, em razão do volume de negócios, transferiu a sede das empresas e sua própria residência para Fortaleza.

Hoje, o Grupo Ângelo Figueiredo, na diversificação de suas atividades, e, particularmente, na sua produção industrial, com uma linha de artigos que conquistou todo o país e se lança vitoriosamente no mercado externo, é o testemunho da força realizadora de seu fundador, cujo nome neste instante recordamos na Medalha do Mérito conferida a Edson Queiroz e Plínio Osvaldo Assmann.

Fortaleza está em vias de ser, de fato, um polo metal-mecânico, induzido pela implantação de uma siderúrgica estatal para atender ao mercado do Ceará e da Região.

Pois, essa decisão de ordem política obedeceu ao imperativos racionais e objetivos da desconcentração siderúrgica, num país de dimensões continentais como o nosso, cujo mercado específico se espraia por suas diversas regiões.

A opção por Fortaleza, dentro da racionalidade do processo, teria de ser função, portanto, do nosso próprio mercado, condicionado pela ação desses verdadeiros capitães de indústria, pioneiros e seguidores – metalúrgicos, metalgráficos, fundidores, estruturas e perfis, que assim se credenciam ao respeito e aplauso de todo o Ceará.

Eis porque, ao ganharmos a sede de um polo metal-mecânico da Nação, não podemos deixar de invocar o trabalho dos nossos pioneiros. Este, portanto, em dentre muitos outros motivos da justeza deste tributo prestado à memória de Ângelo Figueiredo, pela oportuna e louvável iniciativa da Tribuna do Ceará, cujos primeiros homenageados são, realmente, dois homens, altamente merecedores do nosso respeito e reconhecimento por tudo o que estão realizando para fazer do Ceará e do Nordeste uma região próspera.

Como Presidente da Federação das Indústrias do Ceará, quero encerrar estas palavras com um voto de fé nos destinos do Nordeste, que haverá de superar o subdesenvolvimento e o pauperismo, pela valentia de seus filhos e pela consciência de que deve ampliar sua luta em defesa dos seus direitos.

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