[Discurso] Luiz Esteves Neto

Discurso do Presidente da FIEC, Dr. Luiz Esteves Neto, por ocasião da Solenidade de Inauguração da Casa da Indústria.
Fortaleza, Setembro de 1989.

O repassar das páginas da história nos mostra, como uma de suas épocas mais fascinantes, a dos conquistadores e desbravadores.

Tocado pelo insopitável desejo do novo e sempre atraído pelo desconhecido e pelas interrogações, o homem navegou oceanos e mares, galgou montanhas e cordilheiras, varou desertos, embrenhou-se nas florestas, atravessou planícies e savanas, enfim entrego-se à aventura e ao destemor para se assenhorear de um pedaço de terra ou de um continente, e, para afirmar a posse do tesouro duramente conquistado, erigiu a bandeira como símbolo da propriedade, bandeira hasteada num mastro fincado na terra como um sinete de identificação plena.

Apesar de nascidas do desejo de romper o horizonte e de prescutar o poço sem fundo do futuro, essas conquistas quase sempre trazem a marca da ambição, mesmo quando feitas em nome de terceiros.

Daí é que nasceram os reinados e os impérios berço das tiranias e das ditaduras dos desmandos e do arbítrio, mas a esses percalços sempre resistiu aos desgastes do tempo a fibra dos que desempenharam a tarefa inerente de alargar cada vez mais as primícias do mundo até transforma-lo na aldeia eletrônica do presente.
ILUSTRES AUTORIDADES, SENHORAS E SENHORES

Em determinado instante de sua existência a federação das indústrias do estado do ceará sentiu o desejo e a necessidade de crescer e partir para a renovação.

A expansão de suas atividades pedia mais espaço e melhores condições de trabalho.

Lançou-se então a aventura da conquista de novas fronteiras materiais à empreitada desta construção hoje se inaugurando.

Aqui ela esta há mais de um ano.

Com todos os seus departamentos implantados, com seus serviços funcionando, exercitando e aperfeiçoando cada vez mais sua atua cão junto aos industriais cearenses.

Nas suas salas e auditórios já se realizaram reuniões, seminários, mesas redondas, congressos, debates, negociações, cursos e eleições.

No seu pátio já foi anteriormente, celebrada cerimônia religiosa:

Nos seus anais estão registradas as visitas honrosíssimas, do Presidente da República, e por muitas vezes, do nosso governador – empresário - industrial. sua agenda já acolheu o nome de ministros, secretários de estado, políticos de todas as esferas e tendências, parlamentares, reitores, militares, industriais deprol, técnicos de nomeada, expoentes do saber, enfim todas as autoridades e figuras do maior relevo nas atividades federais, estaduais e municipais.

Diante disso é justo indagar: como e porque inaugurar hoje, o que já está de fato inaugurado? o que mais fazer se a atividade febricitante da FIEC na realidade já desatou por tantas vezes o laço da fita simbólica de inauguração?

Sim, tudo aparentemente foi feito.

Mas, propositadamente, reservamos a solenidade maior, inédita, para assinalar este momento.

Aqui chegamos, aqui conquistamos, aqui já estamos trabalhando incessantemente, esperando o minuto de marcar solene é protocolarmente essa conquista.

Ele chegou: pela primeira vez, nesta casa, se hasteou a bandeira nacional e foram entoados os acordes do hino nacional.

Como fizeram os admiráveis conquistadores e desbravadores, somente hoje fincamos a marca da propriedade.

Ela não vem porém eivada pela ambição, nem pelo egoísmo.

As cores verde-amarela que panejam, pela vez primeira, no alto do mastro principal da federação das indústrias do estado, dizem que o industrial cearense ergueu a sua bandeira, luta, trabalha e se aplica desprendidamente na certeza de que esta construindo a pátria soberana e pujante do futuro.

A terra melhor e mais dadivosa para seus filhos, e a riqueza mais justa e mais equânime para seu país e seu povo.

Com este ato consagramos esta instituição de serviço, de estudo, de progresso e de desenvolvimento ao nosso estado e ao nosso pais, bem conscientes da responsabilidade que assumimos.

Pode parecer estranho que com tal disposição aqui estejamos praticando o continuismo repetindo a posse de mesmos dirigentes numa época em que mudar é moda.

Mas proclamamos que nos reelegemos - dentro dos limites de nossos estatutos - não como uma afirmação de apego ao poder mas com a intenção de permitir que um trabalho incompleto tenha  curso e seja ultimado.

Mudar, simplesmente, não significa melhorar, nem vencer.

Mudar sempre mudaram os regimes que já governaram o nosso país.

Já fomos capitanias hereditárias, colônia, reinado, império, república velha e nova, ditadura de todos os nomes, estado novo, administrações rotuladas de esquerda, democracia de todos os matizes e hoje de novo estamos a procura de uma receita para os sintomas que sempre sabemos quais são mas cuja origem sempre evitamos apontar franca, aberta e lealmente.

Por isso ë que diante dos sucessivos fracassos não nos restou outra solução senão a de olhar ao redor e encontrar um culpado. E julga do seu dever pedir a reflexão da nossa comunidade para esses fatos.

Aqui na Federação das Indústrias do estado do Ceará estamos tentando assim agir e se pouco o fizemos até aqui, mais o faremos daqui por diante.

Porque sabemos que ao problema do brasil teremos, quer queiramos ou não, de aduzir o problema do Nordeste.

Continuaremos a clamar pelo auxilio dos mais aquinhoados, continuaremos a reivindicar a aliança com os mais poderosos. e aos que nos perguntarem o que temos para dar em troca, lhes mostrarmos o inacreditável da nossa sobrevivência, mais ainda, do. Nosso crescimento inexplicável acima dos índices do brasil mesmo se aceitarmos as teses muitas delas extremadas inverídicas e obtusas de que tais resultados foram obtidos a exploração do homem pelo homem.

Reconhecemos que nossos problemas crónicos ainda pedem solução. resolvê-los é nossa responsabilidade.

Sem a ajuda dessa valorosa diretoria que hoje se empossa, sem o patrocínio da CNI por seu presidente Albano Franco, sem o entendimento e a colaboração de todos os caríssimos presidentes de todas federações, sem a vigilância e a critica da imprensa, sem o trabalho absolutamente indispensável dos companheiros empresários de todos os setores, sem a convivência cordial e operosa com as autoridades, sem o indispensável e generoso trabalho dos nossos funcionários, certamente teríamos que procurar ao fim do mandato que hoje se inicia um culpado ou culpados para o nosso insucesso.

Isso não acontecerá.

E o dizemos com absoluta convicção.

Estamos no limiar da era brasileira do entendimento, da compreensão, do diálogo, da busca penosa mas inadiável de um equilíbrio social que pede de cada cidadão sua adesão.

O industrial cearense aqui está oferecendo sua determinação de não ser omisso ou indiferente.

Ele encontra, no passado e no presente, exemplos magníficos nos presidentes da CNI:

EUVALDO LODI -    sem sombras de dúvidas, uma das maiores expressões das lideranças empresariais brasileiras. com sua largueza de visão e de atitudes nos diversos encargos que lhe foram confiados sempre ressaltando a importância da industrialização no processo de desenvolvimento do país.

AUGUSTO VIANA RIBEIRO DOS SANTOS - operoso e inteligente, exerceu destacadas funções no estado da Bahia, antes de, ter sido guindado à presidência da CNI.

LÍDIO LUNARDI - empresário mineiro, que lutou, denotadamente, para que o governo dispensasse tratamento igualitário aos capitais estrangeiros e nacionais, alem de frisar a importância do capital privado no combate ao subdesenvolvimento.

HAROLDO CORREIA CAVALCANTI - político alagoano, assumiu a presidência da CNI, sucedendo ao primeiro mandato de domício VELLOSO DA SILVEIRA. permaneceu no cargo até a eclosão do movi mento militar.

EDMUNDO DE MACEDO SOARES E SILVA – nome de grande expressão no contexto industrial do país, com larga experiência no setor siderúrgico, para o qual contribuiu de forma decisiva e atuante além da sua passagem por importantes cargos públicos, como o ministério de viação e obras públicas, governo do estado do Rio de Janeiro e ministério da indústria e comércio.

THOMAS POMPEU DE SOUZA BRASIL NETTO - na sua gestão sempre encarou a descentralização industrial como uma necessidade ao apoio da política de substituição de importações,. Realizando em vários estados encontros de investidores, para que os empresários do centro-sul conhecessem os setores mais atrativos de cada estado, assim como os incentivos para viai3ilizá-los, privilegiou, acentuadamente, as atividades assistências e recreativas.

DOMÍCIO VELLOSO DA SILVEIRA - no seu segundo mandato à frente da CNI, estabeleceu uma série de metas, destacando-se; a retomada da livre iniciativa do mercado; o fortalecimento e estímulo à indústria nacional privada, o desenvolvimento tecnológico nacional e simultâneo à formação e treinamento de técnicos de nível médio e a criação do instituto nacional de desenvolvimento industrial para dar assistência técnica e gerencial as pequenas e médias empresas.

SENADOR ALBANO DO PRADO PIMENTEL FRANCO - que tem caracterizado a sua gestão por uma defesa firme dos interesses do industrial brasileiro, sem, no entanto, postular sob a intransigência que, em outras épocas, marcou a relação entre trabalhadores e empresários vem, de há muito, defendendo um movimento de entendimento nacional, envolvendo governantes, empresários e trabalhadores, a fim de que as soluções para a crise brasileira não continue penalizando, de forma mais intensa, o segmento assalariado em detrimento dos demais, sua formação democrática, leva-o a ser receptivo a novas ideias e estimulador de divergências respeitosas, como maneira de absorver sugestões, análises e avaliações que traduzem uma contribuição ao esforço para o crescimento da economia brasileira, em oposição aos riscos de uma provável recessão.

Todos esses ilustres paradigmas compondo com os ex-presidentes da Federação das Indústrias do estado do Ceará;  WALDIR DIOGO DE SIQUEIRA, THOMÁS POMPEU DE SOUZA BRASIL NETTO, JOSÉ RAIMUNDO GONDIM, FRANCISCO JOSÉ ANDRADE SILVEIRA E JOSÉ FLÁVIO LEITE COSTA LIMA, a galeria de honra que agora inauguramos.
Hoje o industrial cearense bebe inspiração na postura de vanguarda e na visão ampla do atual colegiado da CNI, traduzindo sua inquietação e disposição para acompanhar os novos tempos no documento ”CNI - anos 90” bússola para a nossa modernização.

Já não precisaremos, de agora por diante, declarar a posse da nossa liça.

A hora é de trabalho e decisão.

O futuro deve nos pertencer como resultado da construção de uma sociedade justa onde devem se aplainar as desigualdades sociais e ser banida, ou pelo menos combatida sem trégua a miséria.

Meus senhores, minhas senhoras:

Hasteamos pela primeira vez, hoje, a bandeira brasileira nesta federação.

Envolta pelas suas cores lá está escrito nosso lema: ordem que não existe sem disciplina - progresso - que só se constrói com trabalho.

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