PRONUNCIAMENTO DO PRESIDENTE DA FIEC, DR. JOSÉ FLÁVIO COSTA LIMA, EM REUNIÃO DOS PRESIDENTES DAS FEDERAÇÕES DAS INDÚSTRIAS DE TODOS OS ESTADOS BRASILEIROS
Natal/RN, 12 de outubro de 1982.
Qual a terapêutica coerente para os problemas que aí estão, puxados pelo carro inflacionário que o despreparo da classe dirigente não soube conter?
Sabemos não existir medida mágica ou genial a ser aplicada, pois, por sua complexidade e abrangência, o problema reclama a ação disciplinada do governo e, ao mesmo tempo a solidariedade e a participação de todas as classes sociais da nação.
Entretanto, quer o industrial nordestino deixar claro diante do quadro de carências regionais, que não será permitida a descontinuidade dos incentivos fiscais do nordeste, sob o pretexto do combate à inflação, inflação que, por dependentes, não provocamos e, por economia reflexa que somos, importamos.
Por coincidência, aproximam-se as eleições.
O país começa a adentrar-se na democracia representativa, que suscita o posicionamento virtual de todas as classes em torno do projeto nacional, que se quer pluralista e socialmente justo.
Tão prioritário quanto a defesa da economia de mercado e da empresa nacional, é o estabelecimento de normas sociais que se tornem obrigatórias, a partir de um perfil ético compatível com o estado de direito que vise ao aprimoramento democrático e à renovação estrutural da sociedade.
Importa ressaltar, também, que a parte capital de qualquer reformulação teria de principiar pela incondicional observância da lei, principalmente contra os abusos do poder, tanto político quanto econômico.
Pois, tão nociva como a subversão das ideologias sectárias é a frustração do espírito associativo e comunitário, como resultado da impunidade dos que fraudam a lei, já no setor da administração, já no setor da economia e da finança, desviando incentivos e enriquecendo à custa da boa fé do mercado.
Isso requer, entendo eu, um ativismo político que não aceita o individualismo e o comodismo em que vivem grandes contingentes das classes dominantes.
“DEMOCRACIA NÃO É REGIME NEGATIVO, FEITO DE APATIA, DE TRANSIGÊNCIA, DE OMISSÕES, É, SIM, REGIME POSITIVO DE AÇÃO, QUE TEM DE SE PRESERVAR A SI PRÓPRIO E À ESCALA DE VALORES QUE O INTEGRA, NÃO PERMITINDO QUE SUAS PRÓPRIAS FRANQUIAS O LEVEM À DESTRUIÇÃO”.
O momento nacional torna atual, e vale revigorar, essa profissão de fé das classes produtoras nacionais, proclamada em reunião plenária no Rio de Janeiro, em 1961.
Não nos iludamos. A marcha será longa e reclama idoneidade política, entendida esta como função do bem comum.
A história das nações mostra que essa idoneidade resulta da vigilância implícita no conceito, digo melhor, nos deveres da cidadania.
ESTEJAMOS, POIS, À ALTURA DAS NOSSAS RESPONSABILIDADES.