Observatório da Indústria Ceará mapeia polos de inovação do Estado em artigo selecionado para o IX Encontro Nacional de Economia Industrial
O Observatório da Indústria Ceará apresentou, nesta quinta-feira (22/05), durante o IX Encontro Nacional de Economia Industrial (ENEI), um artigo inédito que revelou os principais polos de inovação do Estado a partir da análise de dados espaciais. Intitulado “Empresas Inovadoras e Habitats de Inovação: uma análise espacial dos clusters inovadores do Ceará”, o estudo busca compreender como a inovação se distribui geograficamente no território cearense e qual o papel dos habitats de inovação nesse processo.
O artigo de autoria do Observatório da Indústria foi um dos selecionados para a programação científica desta edição do ENEI, evento realizado pela Associação Brasileira de Economia de Economia Industrial e Inovação (ABEIN) para debater oportunidades e desafios para o desenvolvimento da indústria e da tecnologia.
Utilizando a metodologia de Análise Exploratória de Dados Espaciais (AEDE), o estudo encontrou padrões de concentração, polarização e transbordamento da inovação no território. Com isso, foram identificados três principais polos inovadores no Ceará - situados na Região Metropolitana de Fortaleza, em Sobral e na Região Metropolitana do Cariri - e seus efeitos em áreas vizinhas.
“Os resultados revelam padrões espaciais distintos entre as regiões metropolitanas do Estado”, afirma David Guimarães, Especialista em Inteligência Competitiva e um dos autores da pesquisa, apontando a assimetria do ecossistema inovador cearense.
Segundo ele, a Região Metropolitana de Fortaleza apresenta efeitos claros de transbordamento, especialmente nos municípios de Eusébio e Maracanaú. Já Sobral e a Região Metropolitana do Cariri (formada pelos municípios de Crato, Juazeiro do Norte e Barbalha) permanecem como polos isolados ou com baixa articulação regional.
Fortalecimento de redes de colaboração
Mesmo com um número expressivo de habitats de inovação no Estado, o impacto limitado em municípios vizinhos aponta para a necessidade de uma atuação mais estratégica dos ambientes de governança, destaca a Pesquisadora de Inteligência Competitiva do Observatório e coautora do estudo, Aline Mota.
“A descentralização da inovação no Ceará exige mais do que a instalação de habitats”, reforça Aline, ressaltando o papel essencial da articulação entre universidades, empresas e políticas públicas. “Essa lacuna entre infraestrutura e atração de empresas inovadoras é particularmente relevante para regiões do interior que possuem vocação produtiva, mas carecem de mecanismos eficazes de conexão com os centros de conhecimento”, completa.
Pesquisador do Observatório e também coautor do artigo, Anderson Medeiros reitera a importância de fortalecer as redes de colaboração entre os diferentes atores do ecossistema inovador. “Recomenda-se a criação de redes de colaboração e mecanismos que integrem os ambientes inovadores às necessidades do setor produtivo local”, diz.
Laís Veloso, Gerente de Inteligência Competitiva do Observatório da Indústria Ceará, explica que a pesquisa surgiu de um trabalho realizado pela instituição para entender como a inovação se distribui espacialmente em um estado da Região Norte, avaliando a correlação entre a presença de habitats de inovação e empresas inovadoras.
Para Laís, a proposta do trabalho dialoga diretamente com a agenda da Nova Indústria Brasil e do Plano Regional de Desenvolvimento do Nordeste, ambos voltados para a reindustrialização e descentralização produtiva.
“Ao revelar como o conhecimento científico pode embasar políticas públicas e orientar investimentos, o trabalho reafirma a ciência como instrumento de transformação territorial. A análise do caso cearense oferece subsídios valiosos para outras regiões do país que buscam promover inovação de forma equitativa e conectada ao desenvolvimento regional sustentável”, pontua a Gerente.
Debate sobre desenvolvimento industrial
Além da participação na programação científica do IX ENEI, a Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC) e o Observatório da Indústria do Ceará estiveram presentes na solenidade que marcou o início do evento, na sede do Banco do Nordeste, em Fortaleza.
Representando o Presidente da FIEC, Ricardo Cavalcante, Laís Veloso integrou a mesa de abertura do encontro, ao lado do Presidente da ABEIN, Renato de Castro Garcia; do Presidente do Banco do Nordeste, Paulo Câmara; do Presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Ricardo Cappelli; e do Superintendente de política industrial da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Fabrício Silveira.
“Eventos como este são fundamentais para o nosso país. Falar sobre os desafios e as oportunidades para o desenvolvimento industrial e tecnológico, especialmente aqui no Nordeste, é uma maneira de construir caminhos mais sólidos e sustentáveis para o nosso futuro”, afirmou a Gerente de Inteligência Competitiva.