Segundo encontro do COINTEC em 2025 reúne, na FIEC, atores estratégicos para avançar a agenda de inovação da indústria cearense
O segundo encontro de 2025 do Conselho Temático de Inovação e Tecnologia (COINTEC), da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC), reafirmou o papel do colegiado como espaço de articulação estratégica entre indústria, academia e setor público. Realizado nesta sexta-feira (4), na Casa da Indústria, o encontro teve como foco temas decisivos para o futuro da economia cearense: transformação digital, financiamento à inovação e o avanço do estado no cenário global do hidrogênio verde.
Mais do que discutir tendências, o COINTEC tem a missão de aconselhar a alta direção da FIEC sobre temas estruturantes para o desenvolvimento industrial. Reúne representantes de empresas, sindicatos, universidades, centros de pesquisa e instituições governamentais, em torno de uma agenda integrada de inovação.
“Todos esses assuntos são transversais para os 39 sindicatos que compõem a Federação”, destacou Marcos Soares, presidente do conselho. “O COINTEC é um espaço para identificar oportunidades reais de inovação e aproximar os atores que podem transformar essas oportunidades em resultados concretos”, complementou.
Universidade como ponte: o papel do UFC TechHub
A programação foi aberta com a apresentação do UFC TechHub, iniciativa lançada em maio pela Universidade Federal do Ceará (UFC), em parceria com a Neo Ventures. O projeto foi criado para conectar startups, laboratórios e pesquisadores da universidade às demandas reais do mercado.
“O UFC TechHub é uma ponte entre os problemas da sociedade e as soluções que a universidade, junto com startups e empresas, pode oferecer”, explicou o professor José Barros Neto, pró-reitor de Inovação e Relações Interinstitucionais da UFC.
Segundo ele, o hub funciona como uma engrenagem para identificar desafios da indústria e desenvolver soluções colaborativas com potencial de escala e impacto socioambiental. “Estamos construindo uma metodologia para transformar conhecimento em inovação aplicada, com apoio da infraestrutura da universidade e da experiência de mercado da Neo Ventures.”
O projeto está atualmente na fase de captação de empresas com potencial de parceria. “Queremos que os sindicatos industriais enxerguem o TechHub como um espaço acessível para buscar soluções concretas para seus desafios”, reforçou Barros Neto.
Fomento à inovação: FINEP amplia linhas e mira o Nordeste
A segunda apresentação ficou a cargo de Ossi Ferreira, gerente da FINEP Nordeste, que destacou o novo ciclo de investimentos da agência vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. O foco está em linhas de apoio mais atrativas para as empresas, especialmente em um cenário de juros elevados.
“As taxas da FINEP não são atreladas à Selic nem sofrem incidência de IOF. Isso torna nossas linhas de crédito muito mais acessíveis para a indústria”, explicou Ferreira. Ele apresentou duas novidades para o ecossistema regional: o "FIP Capital Semente", voltado a startups inovadoras, e a "Chamada Nordeste", que dispõe de R$ 10 bilhões para apoiar projetos de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) em empresas maduras.
“Encontramos na FIEC um ambiente saudável para articular essas soluções. É um parceiro essencial para fazer com que nossos instrumentos cheguem efetivamente ao setor produtivo”, destacou.
Hidrogênio verde: Ceará se posiciona como player global
Encerrando a rodada de exposições, o economista-chefe da FIEC e gerente do Observatório da Indústria, Guilherme Muchale, apresentou a Plataforma do Hidrogênio Verde do Ceará, desenvolvida em parceria com o Observatório.
A ferramenta mapeia e monitora os projetos em andamento no estado, fortalecendo a articulação entre governo, universidades e empresas. “A plataforma é o braço de promoção comercial do masterplan do hidrogênio verde do Ceará. Trabalhamos para consolidar o estado como uma referência internacional nessa nova economia energética”, explicou Muchale.
Segundo ele, mais do que atrair investimentos, a estratégia da FIEC busca impulsionar toda a cadeia produtiva associada ao hidrogênio — de fornecedores de equipamentos à indústria química, metal mecânica e da construção civil. “Queremos mostrar ao investidor que o Ceará tem soluções robustas, capacidade técnica e ambiente institucional para liderar essa transição energética”, afirmou.
Integração para gerar impacto real
Além das apresentações, o encontro foi um exercício de construção coletiva. “A ideia foi justamente reunir três atores estratégicos: a academia, com a UFC; o governo federal, com a FINEP; e a FIEC, com sua agenda de inovação e sustentabilidade”, explicou Marcos Soares.
Para ele, é essencial que os industriais enxerguem essas iniciativas não como promessas futuras, mas como realidades em curso. “O Observatório da Indústria, por exemplo, já funciona como uma porta aberta para o empresário que quer inovar com base em inteligência competitiva. O que estamos construindo aqui são pontes sólidas para o futuro da indústria cearense".
Sobre o COINTEC
O COINTEC é um órgão consultivo e propositivo da FIEC, responsável por propor estratégias e apoiar iniciativas que promovam a inovação e o desenvolvimento tecnológico da indústria cearense. Atua como fórum de articulação entre representantes da indústria, da academia, do setor público e do terceiro setor.