36° Energia em Pauta discute desafios, oportunidades e consumo de energia na Era da IA

Os desafios, as novas oportunidades de mercado e o consumo de energia na Era da IA foram debatidos durante a 36ª edição do Energia em Pauta, programa do Sindienergia-CE, promovido em parceria com a FIEC, o Sebrae e o patrocínio do Banco do Nordeste, realizado na noite desta quarta-feira (30/07), na Casa da Indústria.

A discussão, que teve como fio condutor a transformação digital, contou com a participação de Daniel da Silva Monteiro, CTO da Digital College Brasil, e Felipe Caezar, CEO e fundador da HubLocal, a maior plataforma de tecnologia e dados para negócios locais do Brasil. Já a moderação ficou por conta de Alan Batista, diretor de Inovação do Sindienergia-CE, engenheiro e sócio da Mareal Engenharia e da armX Technology & Consulting.

Batista abriu o programa destacando que o consumo global de eletricidade dos data centers, em 2024, chegou a 415 TWh, e alertou que, para 2030, a projeção é que esse consumo aumente mais que o dobro, chegando a 945 TWh em apenas 6 anos. Além disso, ele reforçou que, hoje, os data centers respondem por 1,5% no consumo global de eletricidade.

“Para se ter uma ideia, em 2024, 532 TWh foi o consumo total de eletricidade no Brasil. E a gente vê esse consumo dos data centers cada vez maior, mas ainda se percebe que tudo ainda está muito no início. A grande parte dos negócios ainda não despertou para essa realidade”, enfatizou.

Alan lembrou que o Ceará dispõe de nove data centers, sendo seis em operação e três em construção, e ressaltou que, entre os principais desafios contemporâneos, do Estado e do País como um todo, estão justamente as demandas energética e hídrica crescentes, a necessidade de investimentos em transmissão e capacitação da mão de obra.

Já Daniel Monteiro alertou que existe um exagero na informação de que os data centers sempre consomem muita energia e água para o resfriamento das máquinas. “Apesar de serem grandes consumidores de energia e geradores de calor, isso não ocorre como está sendo vendido. Esse consumo é muito maior no chamado treinamento dos grandes modelos de IA. Uma vez que o modelo foi treinado, se as pessoas utilizam esses modelos, o consumo de energia reduz muito”, explicou.

Ao destacar as vantagens geográficas e climáticas do Ceará, que favorecem o Estado no desenvolvimento tecnológico e na produção de energia limpa e renovável, além da alta qualificação, Daniel apregoou menos “terrorismo” na discussão sobre novos empreendimentos. “Se tem um lugar no mundo que está pronto para receber tudo isso (novos data centers), somos nós. É no Ceará. E eu gosto sempre de destacar isso porque está se criando um monstro quando o assunto é esse”, completou.

Por sua vez, Felipe Caezar enfatizou que, ao contrário do senso comum, estudos de mercado mostram que os empregos não irão sumir por conta dos avanços da Inteligência Artificial, pelo contrário. “Existe, obviamente, o medo de se perder alguns empregos que já existem hoje. Da mesma forma como aconteceu no passado, com o surgimento da internet. Mas, o que aconteceu foi o surgimento de novos empregos”, justificou.

A discussão abordou ainda os temas de aplicação da IA em diferentes áreas e atividades, os avanços na interação do cidadão comum com a tecnologia, bem como a revolução nos processos, incluindo a área do comércio, a partir do uso de ferramentas tecnológicas. Todo o debate está disponível no canal do sindicato no Youtube (@sindienergiace).