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Em missão técnica promovida por IEL Ceará, Sebrae e Sindroupas, moda cearense busca inspiração em polos inovadores do Brasil

05/05/2025 - 16h05

O Instituto Euvaldo Lodi (IEL Ceará), em parceria com o Sebrae e o Sindroupas, promoveu de 27 de abril a 3 de maio uma missão técnica estratégica a cidades do Rio de Janeiro e de Pernambuco com o objetivo de prospectar ecossistemas, tecnologias e experiências bem-sucedidas capazes de contribuir diretamente para a construção de um ambiente de inovação da moda cearense. A iniciativa é mais uma ação do projeto Moda Avante e teve a participação de 13 representantes de empresas de pequeno porte do setor, além do diretor de negócios da Agência de Desenvolvimento do Ceará (Adece), Rafael Branco, da gerente de desenvolvimento regional e municipal da Adece, Darcyla Lima, do especialista em inovação do IEL Ceará, Fábio Braga, do head do HUB de Inovação do IEL Ceará, Moésio Bastos, e do  gerente da unidade de negócios do SENAI Ceará, Enzo Rissi.   

A ideia da missão era conectar empresários cearenses, representantes da ADECE e do poder público com ambientes de referência em inovação, tecnologia e desenvolvimento produtivo nos polos do Rio de Janeiro e Pernambuco para buscar inspirações e modelos práticos que ajudem a fortalecer a indústria da moda no Ceará, criando novas oportunidades para parcerias estratégicas e transferência de boas práticas.

Com uma programação intensa voltada para a vivência em inovação, benchmarking e  desenvolvimento estratégico do setor, a missão foi dividida em duas etapas. A primeira, no Rio de Janeiro, começou com a participação das empresas no Web Summit Rio, um dos maiores eventos de tecnologia e inovação do mundo, que buscou refletir sobre os principais dilemas e tendências globais de tecnologia e negócios. O ponto alto do Web Summit Rio foi a conexão direta com soluções inovadoras, especialmente no estande do ambiente suíço de inovação. “Além disso, tivemos participação ativa das empresas em jornadas sobre marketing digital, o que contribuiu muito para a ampliação de repertório dos participantes. O evento ampliou os horizontes e conexão nacional e internacional para inovação”, relatou Fábio Braga. 

A empresária Bárbara Albuquerque, uma das participantes, destacou a experiência como um ponto de virada para sua visão sobre o setor de confecção. Ao participar do Web Summit, ela se surpreendeu com a ousadia da iniciativa promovida pelo Moda Avante de levar empresários da moda para um ambiente predominantemente voltado à tecnologia e startups. Para Bárbara, a ação foi uma provocação necessária para tirar a indústria da confecção da “caixinha” tradicional e mostrar que inovação e moda precisam caminhar juntas, principalmente diante de um cenário em constante transformação. “A experiência para mim foi extremamente enriquecedora”, opinou.  

Para o presidente do Sindroupas, Paulo Rabelo, o Web Summit Rio proporcionou contato direto com tendências globais em tecnologia e inovação digital, ampliando a visão estratégica dos empresários cearenses para adotarem práticas modernas de mercado. “As soluções vistas durante o evento podem ser diretamente aplicadas ao setor de moda cearense, impulsionando competitividade e eficiência produtiva”, destacou.

Além do evento, o grupo visitou a Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (FIRJAN) e o SENAI CETIQT, referência nacional em formação e desenvolvimento para a cadeia têxtil. O analista do SENAI CETIQT, Rafael Rocha, conduziu a visita e apresentou os laboratórios e projetos desenvolvidos pela instituição, que vão desde a produção de novas fibras até a aplicação de tecnologias de ponta. De acordo com ele, o encontro foi extremamente produtivo. "Ficou muito claro que o setor têxtil, de confecção e moda, incluindo o estado do Ceará, tem força e está buscando soluções cada vez mais inovadoras e sustentáveis para toda a cadeia", afirmou.

Rafael também destacou a relevância do Ceará para o setor e a importância de fortalecer as conexões entre as instituições do Sistema S. "Nós sabemos a importância do Ceará e de todo o Nordeste para o nosso segmento. Trabalhar em rede é fundamental para avançarmos, e estamos muito animados com essa parceria", declarou. Segundo ele, a união entre indústria, governo e sindicatos é essencial para impulsionar o desenvolvimento do setor.

"Em nome da Firjan, fica o nosso muito obrigado. Estamos prontos para seguir juntos nessa jornada", finalizou.
Na opinião do presidente do Sindroupas, o que mais impressionou na visita à FIRJAN foi a variedade e a qualidade das soluções tecnológicas e inovadoras específicas para o setor têxtil e de moda apresentadas. “Vimos tecnologias que poderiam ser rapidamente aplicadas às empresas cearenses por meio de parcerias institucionais”, refletiu.

Já a empresária Bárbara Albuquerque enfatizou que, na visita, ela pôde ver a sustentabilidade aplicada de forma concreta e viável na indústria. Bárbara ressaltou que, diferentemente dos discursos abstratos, ali foi possível compreender como práticas sustentáveis podem ser escaláveis e economicamente viáveis, gerando impacto real e duradouro. Ela ficou particularmente impressionada com o uso de fibras tecnológicas e recicladas e com a integração entre diferentes setores industriais para promover uma economia circular, que beneficie tanto o mercado quanto o meio ambiente.

De volta ao Ceará, a empresária contou que já começou a aplicar imediatamente os aprendizados da missão de forma prática, desenvolvendo planos voltados para o uso de inteligência artificial e fibras sustentáveis em sua confecção. Para ela, disseminar esse conhecimento entre outros empresários também faz parte do compromisso com o fortalecimento da indústria local.

“Quando recebi o convite do sindicato para participar da missão me senti muito lisonjeada por ser uma jovem empresária. Quando a Federação, o sindicato e o IEL passam a cuidar do jovem empresário ou então do sucessor, eles cuidam do futuro da indústria, cuidam do futuro do nosso empresariado. Eu sou sucessora de uma empresa familiar, mas eu também estou paralelamente criando, dentro da própria empresa, um novo segmento de negócio. Então, foi sensacional quando eu percebi o cuidado de selecionar uma pessoa mais jovem para participar da missão e adentrar nesse novo mundo”, ressaltou.

Ainda na capital fluminense, os empresários visitaram a sede do grupo Soma, um dos maiores grupos de moda do Brasil que se destaca nacionalmente por suas práticas inovadoras, sendo responsável por diversas marcas de moda feminina, masculina e infantil, como Animale, FARM, Hering, entre outras. De acordo com Paulo Rabelo, chamou a atenção como marcas de grande porte estruturam sua criação, gestão de produtos e desenvolvimento, oferecendo um excelente modelo organizacional para ser adaptado por empresas locais. "Essa visita nos deu clareza de como a inovação não é apenas tecnologia, mas também modelo de negócio", afirmou.

Pernambuco

A segunda etapa da missão teve como foco os polos produtivos de Caruaru, Toritama e Santa Cruz do Capibaribe, em Pernambuco — regiões conhecidas nacionalmente pela expressividade na produção de confecção. A agenda incluiu visitas técnicas a fábricas nas duas cidades para conhecer processos e networking, além do Festival do Jeans de Toritama, um grande evento que reúne desfiles, shows, exposições e negócios.

Segundo o presidente do Sindroupas, o grupo pode observar, na prática, como a união do poder público com o setor privado gera impactos positivos, acelerando o desenvolvimento econômico. “A interação entre os empresários locais e as autoridades garante eficiência, agilidade produtiva e um ambiente favorável ao crescimento das empresas. Também aprendemos sobre a dinâmica operacional do Moda Center, em Santa Cruz do Capibaribe, um dos maiores centros atacadistas de confecção do Brasil, com insights relevantes para aplicar no Ceará”, frisou.

Um dos pontos altos da missão em Pernambuco foi a visita ao Armazém da Criatividade, em Caruaru, espaço do Porto Digital que conecta startups, indústria e economia criativa. O empreendimento é uma vitrine de como o empreendedorismo aliado à inovação gera empregos, renda e desenvolvimento regional.

“O Armazém da Criatividade demonstrou claramente como uma estrutura pública de apoio ao empreendedorismo pode impulsionar o setor produtivo local. O apoio direto às startups, marcas emergentes e empreendedores individuais na moda chamou muito a atenção, destacando a importância de uma instituição semelhante para potencializar o mercado cearense”, disse Paulo.

A missão também promoveu um encontro com o ex-prefeito de Toritama, Edilson Tavares,, que compartilhou as estratégias de políticas públicas que transformaram a cidade em um case nacional. “A política pública mostrou-se fundamental para o crescimento do polo produtivo de Toritama. Ficou evidente a relevância de medidas concretas como investimentos em infraestrutura, capacitação profissional e apoio direto ao empreendedorismo. Essa experiência inspira o Ceará a implementar ações semelhantes para alavancar o desenvolvimento da moda em nosso estado”, pontuou o presidente do Sindroupas.

O diretor de suporte a negócios da Adece, Rafael Branco, que também estava na comitiva, avalia que a forma e o volume de produção de Toritama chamou atenção pela grandiosidade. “Acredito que podemos tomar como inspiração a forma como se dá a organização dos diversos agentes da região envolvidos na produção de jeans. No entanto, também vimos que a informalidade é um dos principais desafios enfrentados durante o processo. Entendemos que, a partir dessa experiência já vivenciada por eles, podemos pensar em alternativas de produção para o Ceará que envolvam, além do setor produtivo, estado, municípios, iniciativa privada e academia. Acreditamos que essa transversalidade pode nos ajudar a desenvolver alternativas que favoreçam todos os lados envolvidos no processo de produção, incluindo os pequenos negócios e a mão de obra informal”, declarou.

Para o diretor afirmou ainda que, a partir das visitas realizadas, a Adece já articula a implantação de projetos-piloto em três municípios cearenses com vocação produtiva voltada ao segmento. A proposta é fomentar uma cultura organizacional colaborativa, baseada em tecnologia, inovação, pesquisa e capacitação.

“Já estamos trabalhando na perspectiva de desenvolver trabalhos pilotos com três municípios cearenses voltados para o setor do jeans”, adiantou Rafael Branco. “Queremos fomentar uma cultura organizacional compartilhada entre os produtores, baseada em tecnologia, inovação, pesquisa e capacitação.” Segundo ele, o cenário atual ainda é de desarticulação. “O que percebemos são vários municípios com potencial produtivo para os setores têxtil e de confecção trabalhando de forma isolada, sem o estabelecimento de uma cadeia vocacional e agindo de forma desorganizada.”

A missão, conforme destacou Rafael, é resultado de discussões estratégicas conduzidas no âmbito da Câmara Setorial da Moda, vinculada à Adece. Ele também anunciou uma parceria com o IEL Ceará, por meio de um contrato de gestão que irá viabilizar ações de mapeamento e fortalecimento do setor. “Temos o objetivo de realizar um mapeamento com identificação desses potenciais no estado para trabalharmos o fortalecimento da produção e fomentar a comercialização dos produtos”, explicou. Para isso, a agência pretende articular uma atuação em rede. “Queremos unir forças com academia, sindicatos, municípios e setor produtivo para organizar e fortalecer o setor no estado”, frisou.

Futuro do setor

O presidente do Sindroupas, Paulo Rabelo, complementa que diversas iniciativas concretas podem ser implementadas no Ceará a partir dos insights obtidos durante a missão. “Pensamos em implementar um centro de inovação no estilo do Armazém da Criatividade, focado na moda cearense, além da replicação do modelo bem-sucedido do Moda Center, com as devidas adaptações locais”, afirmou Rabelo. Ele também destacou o potencial de parcerias tecnológicas com a FIRJAN, voltadas à transferência de soluções inovadoras vistas durante a visita ao Rio, e o incentivo à criação de políticas públicas inspiradas na experiência de Toritama, em Pernambuco, que se destaca pela forte articulação entre setor privado e governo.

O Sindroupas já iniciou ações para transformar os aprendizados em resultados concretos. “Pretendemos realizar encontros contínuos para acompanhar a implementação prática dos conhecimentos adquiridos, fortalecendo parcerias estratégicas com a Adece, o IEL, o SENAI e prefeituras locais”, disse Rabelo. Segundo ele, uma agenda de articulação já está em curso. “Inclusive já marcamos um encontro com a Santana Têxtil nesta quarta-feira para dar andamento à construção do projeto, além de uma reunião na Câmara Setorial da Moda no dia 8 de maio, às 14h, para alinhamento das próximas etapas”, antecipou.

Moda Avante

Segundo o especialista em inovação do IEL Ceará, Fábio Braga, a missão foi um divisor de águas para os empresários participantes. Com os olhos voltados para o futuro, a moda cearense ganha mais fôlego e inspiração para trilhar seu próprio caminho de inovação e crescimento sustentável. “Eles voltam com novos horizontes, ideias aplicáveis e um senso de urgência para transformar suas empresas. O IEL Ceará vai seguir acompanhando essa trajetória, com capacitações, projetos de inovação e conexões estratégicas que transformem esse aprendizado em ação concreta”, assegura.

O Moda Avante é um programa inovador lançado pelo IEL Ceará em parceria com o Sebrae/CE, Sindroupas e Sindconfecções, com o objetivo de impulsionar a moda cearense por meio da inovação e da sustentabilidade. A iniciativa visa preparar as empresas do setor para um mercado mais competitivo, promovendo qualificação, troca de experiências e desenvolvimento de soluções estratégicas.

Com uma abordagem focada na criação de uma cultura de inovação, o programa propõe um roadmap setorial e um modelo de inovação aberta para fortalecer toda a cadeia produtiva. As ações incluem workshops, consultorias e eventos de benchmarking, capacitando empresários a renovarem suas práticas de gestão e consolidarem suas marcas.

O projeto foi lançado em novembro de 2024 e segue ao longo de 2025 com um grupo piloto de 14 empresas, que servirão de modelo para a transformação do setor. A expectativa é que, ao final do ciclo, as marcas participantes estejam mais preparadas para os desafios do mercado global, garantindo crescimento sustentável e inovação contínua.

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