Especialistas abordam oportunidades e legislação específica para o mercado de carbono no 28° Energia em Pauta

O mercado do carbono, seu funcionamento, aplicação e oportunidades foram detalhadas durante o 28° Energia em Pauta, que ocorreu na tarde desta quinta-feira (25), no Salão Aberto, na Cobertura da FIEC. Na ocasião, também foram discutidas as previsões do PL 2148/15, que cria o Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SBCE). A proposta, aprovada pela Câmara dos Deputados e em análise pelo Senado, pretende regulamentar este mercado no Brasil, estabelecendo tetos para emissões e normatizando a venda de títulos.

O debate contou com a participação de Fabiano Machado, diretor e responsável pelo desenvolvimento de novos negócios da Apsis Carbon, do gerente ESG da Soluções Geológicas e Ambientais (Seteg), Matheus Haddad, e do consultor de Energia da FIEC, Jurandir Picanço. Já a moderação ficou a cargo da diretora de Meio Ambiente do Sindienergia e CEO da HL Soluções Ambientais, Laiz Hérida.

Fabiano Machado fez um apanhado sobre a evolução dos conceitos do mercado de carbono, apontando que o segmento é apenas parte de um mecanismo maior, que tem por objetivo neutralizar a emissão de gases nocivos à atmosfera. Ele destacou ainda as metodologias existentes no mercado e detalhou o funcionamento do sistema de comércio de emissões.

“No Brasil, temos espaço para que o mercado regulado e voluntário caminhem juntos. A matriz energética ainda é algo importante para nós. É uma forma de termos vantagem competitiva. Então, esse é um momento muito importante para trabalharmos, desenvolvermos, gerarmos e compartilharmos valor a partir de uma economia de baixo carbono”, afirmou.

Por sua vez, Matheus Haddad pontuou o protagonismo do Nordeste brasileiro como pólo inovador e de modificação da matriz energética brasileira, tanto pela atuação de grandes empresas, como de pequenos e microgeradores. Por este motivo, ele enfatizou que a discussão sobre o mercado de carbono passa também pelo processo de transição energética atual e pelo impacto comercial que a mudança trará, visto que o mercado de carbono é, acima de tudo, um mercado econômico.

“A transição energética, por si só, é valiosa para o setor industrial e, consequentemente, o crédito dessa transição é também muito valioso. Isso faz com que seja  extremamente importante, hoje em dia, que essas empresas comecem a fazer seus planos de descarbonização, trazendo todo esse investimento para dentro do setor industrial, incluindo os geradores de energia que estão ligados à rede ou fazendo a implementação dentro de suas próprias unidades de engenharia”, pontuou.

Matheus ressaltou ainda as potencialidades da preservação da vegetação da caatinga para a geração de créditos no mercado de carbono, capacidade esta que esbarra no desconhecimento das pessoas sobre o bioma nordestino. Por este motivo, ele defendeu o desenvolvimento de estudos e a disseminação de informações sobre a preservação do bioma também com esta finalidade.

Já Jurandir Picanço pontuou que vivemos um momento de grandes transformações, em diferentes vieses, incluindo os processos de transição energética, da produção do hidrogênio verde e da descarbonização. Ele criticou, no entanto, que essa dinâmica esteja ocorrendo de forma “espontânea”, sem uma coordenação bem definida. “É um risco enorme que deixemos de aproveitar essa oportunidade para o Brasil, dentro do cenário atual”, ressaltou.

Moderadora, Laiz Hérida enfatizou as oportunidades postas para o setor energético de maneira geral. “É importante conhecermos esse mercado para que essas oportunidades sejam aplicadas às nossas empresas ou até mesmo para que sejam criados novos modelos de negócios”, arrematou. O debate foi encerrado pelo presidente do Sindienergia-CE, Luis Carlos Queiroz, que agradeceu aos participantes e reiterou o papel de protagonismo do Ceará e do Nordeste brasileiro na transição energética.

O presidente antecipou ainda que o tema da 29ª edição do Energia em Pauta discutirá os leilões das linhas de transmissão no Brasil, que tiveram a Eletrobrás como vencedora em parte dos lotes leiloados. “Abordaremos o tema e suas oportunidades para o mercado de energia no Brasil”, concluiu. Realizado pelo Sindienergia, em parceria com a FIEC e o Sebrae, o programa está disponível na íntegra no canal do sindicato no Youtube.

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