[Gestão] Thomás Pompeu de Souza Brasil Netto

Uma visão do futuro

Em 1962, o sucessor na presidência da Federação das Indústrias do Estado do Ceará seria, naturalmente, o Engenheiro Thomás Pompeu de Souza Brasil Netto, não tanto por ter exercido, nos dois períodos anteriores, a Vice-Presidência da entidade, como por ser o vulto mais respeitável da atividade industrial cearense, pela tradição familiar e presença marcante em toda a vida associativa relacionada com a economia local.
O Senador Thomás Pompeu de Souza Brasil Netto, apesar de chefe do Partido Liberal, de parlamentar e de cientista, iniciara a família em atividades industriais, mantendo a tipografia do jornal "O Cearense", e fora um dos maiores acionistas da Estrada de Ferro de Baturité, revelando uma capacidade empreendedora que transmitiu aos filhos, entre os quais o homônimo, que, com os irmãos Antônio e Hildebrando Pompeu de Sousa Brasil, pôs em funcionamento a primeira fábrica de tecidos do Ceará.
Afastando-se, posteriormente, da firma com os irmãos, já então sob o controle do Dr. Antônio Pinto Nogueira Acióli, seu cunhado e Presidente do Estado, com quem evitava indispor-se, o segundo Thomás Pompeu fundara, em 1904, a Fábrica Progresso, aproveitando o intenso comércio de exportação de redes de dormir, tecidas com fios de algodão, para o Extremo-Norte (Amazônia), desempenhando, também, a presidência do Banco do Ceará e a diretoria da Faculdade Livre de Direito, aberta, um ano antes, em Fortaleza.
Embora graduado em Medicina, o Dr. Thomás Pompeu de Souza Brasil Filho foi chamado a colaborar com o pai na administração daquela fábrica, à frente da qual continuou, como titular da firma Thomás Pompeu de Souza Brasil Sucessores, Limitada, após o falecimento do fundador, ocorrido em 6 de abril de 1929.
O Dr. Thomás Pompeu Filho, tendo casado com dona Noemi Coelho Pompeu, de ilustre família do sul do país, quando ainda residia no Rio de Janeiro, após formado em 1904, nasceram desse casamento quatro filhos (além de uma filha), o primeiro deles o futuro presidente da Federação das Indústrias do Estado do Ceará, cujo nascimento ocorreu, no entanto, na antiga Capital Federal, precisamente no primeiro dia do ano de 1908.
Teve uma sólida formação desde a infância, nele exercendo grande influência sua veneranda avó paterna, dona Ângela Teixeira de Castro Pompeu, filha de José Teixeira de Castro, a maior fortuna do Aracati no seu tempo, acumulada em muitos anos no balcão de uma farmácia, ou botica, da qual fora aprendiz e, depois, proprietário.
Os estudos primários realizou, porém, no Rio de Janeiro, no Colégio São José, mantido pelos Irmãos da Congregação do Venerável Marcelino Champagnat (Maristas), habilitando-se, com êxito, ao ingresso no Colégio Militar do Ceará, que preparava os jovens para, em seguida, cursarem a Escola Militar de Realengo, no Rio de Janeiro, de formação dos oficiais do Exército, com a opção, porém, de se profissionalizarem como agrimensores.
Preferiu concluir o curso então dito de humanidades, no Liceu do Ceará, com a intenção de matricular-se, em seguida, em um curso de Engenharia, por entender que seria o preferível, para poder colaborar no desenvolvimento da Fábrica Progresso, junto ao seu pai, que dividia o tempo com várias atividades e necessitava contar com pessoas de absoluta confiança.
Efetivamente, transferiu-se para o Rio de Janeiro, a fim de matricular-se na tradicional Escola Politécnica, cujo curso de engenharia concluiu, mas formou-se também em arquitetura, na Escola Nacional de Belas Artes, por sentir vocação para essa atividade, que oferecia maiores oportunidades naquela cidade, em São Paulo, em Salvador e no Recife, tendo regressado, contudo, para Fortaleza, onde a Fábrica Progresso logo centralizaria as suas preocupações, voltadas, inicialmente, para a modernização dos equipamentos, de modo a acompanhar o nível tecnológico introduzido pela Fábrica de Tecidos São José, também da capital cearense.
Revelou-se, desde logo, um empresário consciente da necessidade das classes se organizarem, para superar os problemas interpostos ao desenvolvimento das atividades respectivas, aparecendo nas reuniões da Federação das Associações do Comércio e Indústria do Ceará - FACIC, a defender, com inteligência e elegância, os interesses da economia cearense, embora se dedicasse, com maior afinco, à tecnologia específica do ramo da tecelagem.
Era muito acatada a opinião por ele expressa quando se tratava das perspectivas da economia, relacionadas com a situação internacional, pelos sólidos conhecimentos em que se baseava, adquiridos no curso de Engenheiro Geógrafo, concluído na mencionada Escola Politécnica juntamente com o de Engenheiro Civil.
Finda a Segunda Guerra Mundial e restaurada a democracia no Brasil, o que significava o retorno às atividades normais, sua atuação foi reclamada em todos os movimentos empresariais, vinculando-se mais, de início, aos sindicatos das classes patronais por ele integradas: o dos Engenheiros, o da Construção Civil e, notadamente, o da Indústria de Fiação e Tecelagem, do qual foi o principal organizador e presidente desde a fundação até 1964, quando não mais se candidatou à reeleição por estar na presidência da Federação das Indústrias.
Desta, foi dos fundadores, igualmente, integrando a diretoria do período de organização (1950-1952), no cargo de 1º Secretário, identificado em tudo com o presidente, Engenheiro Waldyr Diogo de Siqueira, pela estima e consideração recíprocas, empenho comum em resolver os problemas industriais e em servir à causa do progresso do Ceará, e conduta séria e honesta de ambos.
Da diretoria seguinte não fez parte, por pretender dedicar-se inteiramente à Organização do Desenvolvimento Econômico do Ceará, constituída em 1952, por iniciativa sua e dos empresários Diogo Vital de Siqueira, Franklin Monteiro Gondim, Pedro Carlos Braga e Antônio Gomes Guimarães, com a finalidade precípua "... de fomentar o aproveitamento das forças potenciais da nossa economia, procurando aplicá-las, de maneira útil e prática, no fortalecimento do Estado, na melhoria das condições de vida, na recuperação do homem, no soerguimento moral coletivo."
Após, exerceu, no biênio 1955-1956, a presidência da tradicional Associação Comercial do Ceará, entidade de que o segundo Thomás Pompeu (seu avô) fora o reorganizador e presidente, e sua participação se justificava por ser a Fábrica Progresso também uma empresa comercial, exportando algodão semi-beneficiado, em grande quantidade, para a indústria de São Paulo e de outros Estados.
Entretanto, voltara a integrar a diretoria da Federação das Indústrias no cargo de 1º Secretário, do qual passou para o de 1º Vice-presidente, em 1958, e, finalmente, para o de presidente, em 1962, depois de haver sido um dos principais colaboradores do Engenheiro Waldyr Diogo de Siqueira, por conseguinte, estando apto a corresponder à confiança nele depositada, para continuar, sem esmorecimento, a trajetória da entidade, em defesa dos interesses de todas as empresas industriais e, também, de melhoria das condições de vida em geral dos operários cearenses, através do SESI e do SENAI, cuja direção lhe coube, com aquele cargo.
Suas diretrizes à frente da Federação foram bem mais diversificadas que as do seu antecessor, sem prejuízo dessas, objetivando tornar a entidade um órgão proeminente do desenvolvimento do Ceará atento a uma linha de convergência para esse objetivo em relação com as outras associações empresariais - Associação Comercial, Federação das Associações do Comércio e Indústria do Ceará e União das Classes Produtoras - esta fundada em 2 de dezembro de 1952 -, principalmente, e, por igual, com as operárias (sindicatos, círculos operários, etc), com os órgãos governamentais (Banco do Nordeste do Brasil, SUDENE, administração estadual) e com a Universidade.
De acordo com esta orientação, foi criado o Departamento Econômico, inicialmente a cargo do Economista e Professor, Geraldo da Silva Nobre, que integrava o quadro de servidores do Departamento Regional do SESI, na chefia do Serviço de Divulgação, Intercâmbio e Pesquisa, e foi então deslocado, temporariamente, para a Federação, até à contratação de José Hamílton Gondim e José Itamar Pereira de Matos, recém-formados em Economia.
Junto à, Confederação Nacional da Indústria, conseguiu o Engenheiro Thomás Pompeu Netto colaboração técnica para a instalação, igualmente, de um Núcleo de Produtividade Industrial, para a realização de treinamentos com industriais e técnicos das empresas cearenses, iniciativa essa que, não obstante alguns cursos e palestras por especialistas do sul do país, teve pouco desenvolvimento, pelo alto custo. Apesar disso, foi ampliado o pequeno auditório de que dispunha a Federação no próprio Edifício Jangada onde continuava a funcionar, agora com as instalações ampliadas, mediante a aquisição de salas antes ocupadas pelo Banco Central da República, e tornaram-se freqüentes as reuniões mais concorridas, em torno dos assuntos de maior atualidade, notadamente os relativos à situação política, econômica e financeira do Brasil, que crescia de gravidade naquele inicio do decênio 1961-1970.
Como a Federação fosse um órgão sindical, sujeito à intervenção da Delegacia Regional do Trabalho se exorbitasse de suas finalidades, prescritas na Consolidação das Leis do Trabalho, o Engenheiro Thomás Pompeu Netto decidiu reativar o Centro Industrial do Ceará, que, integrado na FACIC, passara a funcionar precariamente e, depois, cessara praticamente as suas atividades. O próprio Presidente da Federação foi eleito para a referida agremiação, que instalou no andar superior do Edifício Jangada, e ali realizaram-se, nos fins de semana, reuniões muito concorridas, nas quais os empresários cearenses tomaram posições firmes contra a política do então Governo da República, em face dos fortes indícios da implantação de um socialismo extremado, pronto a sufocar a iniciativa particular o a própria democracia liberal.
Ofereceu condições para que todos os sindicatos patronais da indústria de Fortaleza se instalassem nas dependências do Edifício Jangada adquiridas pela Federação, para um contato permanente, de maneira a facilitar o encaminhamento dos assuntos dos interesses deles e da economia cearense, de modo a definir, mediante reuniões freqüentes de estudos, um pensamento comum e, assim, ter peso nas decisões governamentais.
Reivindicou a participação dos industriais em vários órgãos colegiados, particularmente nos da Justiça do Trabalho, em que, até então, os representantes das categorias econômicas eram comerciantes, reeleitos sucessivamente, conquanto as principais causas consistissem nos dissídios coletivos e greves de trabalhadores em serviços e empresas do setor secundário da economia.
Instituiu um órgão de divulgação - o Boletim da FIEC, com a impressão a cargo da oficina do curso de artes gráficas do SENAI (1961), depois Boletim FIEC-CIC (1963), transformado, em 1968, na revista Indústria Cearense, e destinado não somente a divulgar as realizações de referidas entidades e estudos por elas feitos, como a publicar matéria de interesse dos industriais do Estado.
Em breve, a Federação do Ceará era considerada, justamente, uma das mais ativas dentre todas as então existentes no país, e seu presidente adquiria projeção nacional, para tanto concorrendo a sua participação como delegado-representante junto à Confederação Nacional da Indústria, iniciada, aliás, em 1950, pelo que, na presidência da Federação, desfrutava de grande consideração de parte dos demais dirigentes, tendo ocupado vários cargos da diretoria da entidade máxima, sempre com eficiência notória.
A causa principal daquela projeção foi, no entanto, o desempenho à frente do Departamento Regional do SESI, no qual manteve, igualmente, as diretrizes adotadas pelo Engenheiro Waldyr Diogo de Siqueira e, com raras exceções, os auxiliares de imediata confiança, promovendo, entretanto, a intensificação de todas as atividades, em especial as que pudessem concorrer para a valorização do salário. Autorizou ele a instituição do chamado Posto Móvel de Abastecimento, inaugurado em 11 de março de 1963 em um vagão de trem para fornecer bens essenciais de consumo por preços de custo tanto aos ferroviários como aos industriários das localidades situadas à margem da estrada de ferro da Rede de Viação Cearense, iniciativa pioneira recebida com grandes mostras de satisfação pelos beneficiários. Também especialidades farmacêuticas para os casos de doenças mais comuns tiveram a venda consideravelmente aumentada nos Reembolsáveis de Medicamentos, e, além disso, realizaram-se estudos visando à instalação de cozinhas e refeitórios nas principais fábricas de Fortaleza, para proporcionar alimentação de boa qualidade no próprio local de trabalho, idéia não concretizada em função dos altos custos e da resistência dos trabalhadores à modificação dos seus hábitos alimentares, dificilmente ajustáveis a uma programação de cardápios semanais de acordo com os princípios da ciência da nutrição, estando ainda na lembrança de todos o fracasso do SAPS - Serviço de Alimentação da Previdência Social.
Deu grande impulso à higiene e à segurança do trabalho, mediante a realização anual das Semanas de Prevenção de Acidentes em quase todos os estabelecimentos industriais da Capital cearense, de mais de cinqüenta operários, e agindo em comum com a Delegacia Regional do Ministério do Trabalho e os órgãos previdenciários.
O ensino fundamental e o profissional, as atividades artísticas e as esportivas receberam, igualmente, a sua atenção, multiplicando-se, pelo que a estrutura do Departamento Regional do SESI teve de ser modificada, com a instituição das Divisões de Administração e de Serviços Sociais e Assistenciais, além da designação de um Diretor-Substituto, ou Administrador, escolhido dentre os integrantes da Diretoria da Federação.
Mostrou-se partidário de uma política de salários justos, antecipando-se a qualquer reivindicação, e, portanto, assegurou ao SESI e ao SENAI quadros de servidores não apenas dedicados como competentes, até mesmo porque a admissão obedecia a critérios impessoais, como prova o fato de haver contratado, para a seleção de novos empregados e aproveitamento dos antigos em novas funções, um especialista, cuja técnica era a fisionomonia.
Fez-se nota a linha de ação do SESI também pelo empenho em cooperar com órgãos congêneres e afins, públicos e privados, promovendo periodicamente reuniões com as entidades colaboradoras e prestigiando o Fichário Central de Obras Sociais, cuja presidência reservou, nos estatutos respectivos, à esposa do Governador do Estado (Primeira Dama).
Se mais numerosas e importantes deixaram de ser as realizações deveu-se â precariedade dos recursos, sabido que o SESI do Ceará contava com uma arrecadação insuficiente, dependendo da suplementação pelo Conselho Nacional da entidade à conta do excesso arrecadado por alguns Departamentos, da qual o Engenheiro Thomás Pompeu Netto, argumentando com o trabalho desenvolvido, obteve parcelas significativas para o Regional sob sua direção.
Encontrava-se ele na 1ª vice-presidência da Confederação Nacional da Indústria quando o General Edmundo de Macedo Soares e Silva, que presidia a entidade, aceitou convite para integrar o Ministério do novo Chefe da Nação, Marechal Artur da Costa e Silva, empossado em 15 de março de 1967, cabendo-lhe, por conseguinte, a substituição, no restante do mandato, e a ida para o Rio de Janeiro, sem renunciar, no entanto, ao seu cargo na Federação.
Por eleições sucessivas, desempenhou a presidência da entidade sindical de grau superior da classe patronal da indústria em vários mandatos, somando mais de um decênio de exercício), com uma atuação sobre a qual, já em 1971, o autor dos dados biográficos.constantes da orelha do livro Brasil e Iniciativa Privada, dele Thomás Pompeu Netto, dissera:

        Integrante do Conselho de Representantes da CNI, a partir de 1950, exerceu, nessa entidade, diversas funções, até tornar-se o seu Presidente, quando veio a integrar ou participar das seguintes reuniões: Missão de Intercâmbio Comercial entre o Brasil e a Itália; 51ª Reunião da OIT, em Genebra; II Reunião de Ministros da ALALC, em Assunção; Exposição Internacional da Indústria Têxtil, em Basiléia; reunião da Junta Empresarial da OEA, em Washington; Comissão Econômica Mista Brasil-Japão; II Conferência Interamericana de Arbitragem Comercial, no México.

        Funções que exerce, atualmente, além da Presidência da Confederação Nacional da Indústria e da Federação das Indústrias do Ceará: Diretor do Departamento Nacional do SESI e Presidente do Conselho Nacional do SENAI,- Vice-Presidente do Conselho Interamericano de Comércio e Produção (CICYP), Seção Brasileira; membro do Conselho Deliberativo do Centro Brasileiro de Arbitragem, da Fundação do Centro Nacional de Segurança, Higiene e Medicina do Trabalho, do Conselho para a América Latina e da Junta Empresarial de Assessoramento da OEA; Presidente do Comitê de Contatos Franco-Brasileiros, do Centro Empresarial Luso-Brasileiro e do Comitê Anglo-Brasileiro de Cooperação Econômica.

        Thomás Pompeu de Souza Brasil Netto, autor deste livro importante sob tantos aspectos, mas sobretudo como um panorama da realidade econômica, social e humana do Brasil, recebeu recentemente a Medalha de Mérito do Trabalho do Ministério do Trabalho e Previdência Social, em grau de Comendador, e a Medalha Comemorativa do 50º Aniversário da OIT. Possui, também, as condecorações de Comendador do Mérito Naval, da Ordem dos Veleiros, do Mérito Aeronáutico e Oficial do Mérito Nacional da França.


Constata-se a projeção que, em poucos anos, ele obteve, pelo desempenho eficiente do importante cargo que estava exercendo, e correspondia à liderança da indústria brasileira, responsável por diretrizes tendentes a colocar o Brasil entre os países desenvolvidos, e, por conseguinte, pela continuidade da ação e do pensamento de Euvaldo Lodi, dos quais se mostrou agente e intérprete à altura, pela inteligência e, sobretudo, pela visão antropocêntrica, ou humanística, do processo de industrialização.
Mais do que os seus antecessores, imprimiu à, C.N.I. a marca da modernidade, aparelhando-a para o papel importante, que lhe devia caber, em todas as atividades tendentes a proporcionar as condições adequadas ao referido processo, conforme está documentado nas páginas das edições sucessivas de Indústria & Produtividade, órgão cuja publicação foi um de seus primeiros empreendimentos à frente da entidade, de modo a redimensionar, em maior escala, proporcionada aos demais objetivos, o trabalho de informação e divulgação, consubstanciado, até então (maio de 1968), em periódicos de feição deveras insatisfatória e pouco representativa dos interesses da indústria nacional.
Os discursos e conferências que reuniu em Brasil e Iniciativa Privada oferecem subsídios insuficientes para o julgamento imparcial de sua atuação naquele importante cargo, melhor atestada pelo arrojo dos empreendimentos no SESI e no SENAI, quer no tocante ao aspecto material, quer no da compreensão do imenso potencial de valores humanos para a integração do operário brasileiro em todas as formas sob as quais o progresso torna-se realidade social.
O Ceará muito se beneficiou dessa ousada visão antropocêntrica, mediante o magnífico Centro Social Thomás Pompeu de Souza Brasil, edificado na zona industrial ao poente de Fortaleza, e em outros, de menores proporções, como o de Crato, no sul do Estado, porém dotados, todos eles, de instalações e demais condições para proporcionar ao industriário e à sua família não apenas o ensino fundamental, o atendimento médico e demais serviços assistenciais, porque também o lazer rico de experiências reveladoras de atributos e de vocações, para os desportos e as artes. As manifestações folclóricas, típicas do Ceará e do Nordeste, o canto coral, a música de orquestra e, até mesmo, o balé clássico, foram realizações audaciosas, impulsionadas pela convicção do Engenheiro Thomás Pompeu Netto de que o desenvolvimento (econômico) depende fundamentalmente do progresso (cultural), por conseguinte das potencialidades de cada ser humano, independentemente de profissão, de classe ou de qualquer outra diferença superficial, ou circunstancial.
Alguns de seus auxiliares imediatos foram cearenses, o que acabaria por provocar críticas de maledicentes, deveras acabrunhadoras, ao ponto de, juntamente com o excesso de trabalho, exigido para manter uma atividade intensa, minarem-lhe a saúde, não obstante o que pretendeu aceitar o sacrifício de mais um mandato, concorrendo à eleição de 1977, porém, enfrentando forte oposição, fracassou em seu intento e passou o cargo ao seu sucessor, em 14 de outubro daquele ano.
De volta ao Ceará, dedicou-se, ainda, à atividade empresarial, presidindo o Conselho Diretor da firma Thomás Pompeu de Souza Brasil Fiação e Tecelagem, até 1979, quando se aposentou, e, a partir daí, se confinou na vida privada, com a leitura como principal distração, até falecer, de um ataque cardíaco, em 10 de setembro de 1985, sem jamais haver recebido o reconhecimento público devido por sua esclarecida e dinâmica atuação à frente de importantes entidades empresariais e de movimentos classistas.
Por ocasião do seu falecimento, em declarações ao jornal O Povo, de Fortaleza, o industrial José Pompeu de Sousa Brasil disse ter sido ele, Engenheiro Thomás Pompeu, "... um empresário mais voltado para os interesses do trabalhador do que de sua classe...", e ressaltou o fato de muitos bailarinos, iniciados na escola do SESI de Fortaleza, estarem integrando corpos de baile famosos, como os dos Teatros Municipais do Rio de Janeiro e de São Paulo e o Balé Stagium, não obstante filhos de industriários cearenses. O então presidente da Federação das Indústrias do Estado do Ceará Dr. José Flávio Costa lima, por sua vez prestou àquele jornal as declarações seguintes:

        A área empresarial, tanto no Ceará como no País, perdeu um de seus integrantes que exerceu de maneira preponderável o papel de liderança. O SESI e o SENAI muito devem a Thomás Pompeu. Todos nós reverenciamos sua memória e a guardamos como um exemplo de dedicação ao trabalhador, prestada por um empresário que tinha a consciência das responsabilidades sociais do capitalismo.

Além do referido industrial José Pompeu de Sousa Brasil Junior, que lhe sucedeu na direção da antiga Fábrica Progresso na função de diretor superintendente, deixou, do primeiro casamento com D. Birthe Lerche Pompeu, austríaca de nascimento, os filhos Thomás Pompeu de Souza Brasil (bisneto) e D. Alba e Ângela; e, do segundo casamento, com D. Santinha Alves de Araújo Pompeu, sua antiga auxiliar naquele estabelecimento fabril, os de nomes Marcos e Ricardo. Da descendência daqueles primeiros, contava com dezesseis netos, residindo alguns desses familiares no sul do Pais, notadamente D. Ângela Pompeu Serrán, chefe do Centro de Informações Tecnológicas do Instituto Nacional de Tecnologia, órgão com o qual a CNI, através do Centro Nacional de Produtividade Industrial, manteve colaboração constante em sua Presidência.

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